Berlusconi relança Força Itália e divide centro-direita do país
26 de outubro de 2013O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi decidiu ressuscitar o Força Itália, partido pelo qual se lançou na política há quase 20 anos, numa tentativa de reforçar o poder da direita extremista dentro da atual legenda Povo da Liberdade (PdL). A jogada, porém, acabou provocando um racha na centro-direita italiana.
O anúncio da troca do nome do Povo da Liberdade para Força Itália foi feito nesta sexta-feira (25/10), quando líderes do PdL aprovaram a mudança. O encontro foi boicotado pelo secretário do PdL, Angelino Alfano, e outros quatro ministros do governo de centro-direita.
Para observadores, a volta do Força Itália é uma tentativa de enfraquecer Alfano e outros moderados da legenda, dando mais peso à linha dura, mais radical à direita. Mas Berlusconi, que recentemente vem enfrentando várias derrotas políticas, afirmou que o Força Itália deverá manter o apoio à coalizão que forma o governo do premiê Enrico Letta, assim como vinha fazendo o PdL.
Apesar de, na prática, a volta do Força Itália significar a dissolução do PdL, no comunicado emitido logo após o encontro os líderes afirmaram tratar-se apenas de uma "suspensão" do Povo da Liberdade. Especialistas, no entanto, veem na manobra uma tentativa de impedir eventuais dissidentes de continuarem usando o velho nome, caso se chegue a uma divisão na legenda.
Em reunião marcada para 8 de dezembro, os cerca de 800 membros do Conselho Nacional do PdL deverão ratificar o fim do partido e o renascimento do Força Itália – criada em 1994 para lançar o milionário empresário Berlusconi na política.
Desentendimentos com Letta
Nos últimos tempos, o partido do "Cavaliere" tem vivido momentos tensos. No início do mês, ministros do PdL no governo de Letta frustraram a tentativa de Berlusconi de desestabilizar a coalizão de apoio ao primeiro-ministro, e afirmaram que se manteriam no governo. A tensão entre moderados, que defendem o apoio a Letta, e radicais, que querem deixar a coalizão, passou então a aumentar.
Agora, a disputa na centro-direita poderá ter consequências em Roma, que, além de equilibrar questões políticas internas, ainda precisa implementar reformas em sua abalada economia, a terceira maior da zona do euro, e que enfrenta uma recessão já há dois anos.
Em algumas semanas, o plenário do Senado italiano deverá votar a expulsão de Berlusconi do Parlamento, por ter sido considerado culpado por fraude fiscal. O político ainda responde a outros processos criminais na Justiça, que ele considera "acusações com motivação política".
Caso o Partido Democrático (PD) de Letta defenda a expulsão de Berlusconi, o que fará com que ele perca a imunidade parlamentar, as relações do ex-primeiro-ministro, de seu partido e o atual governo se tornarão "mais difíceis".
MSB/rtr/dpa/afp