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Biólogos acham plástico em estômago de peixes

15 de janeiro de 2016

Cientistas alemães encontraram resíduos do material em espécies marinhas consumidas pelo homem. Entretanto, não há indícios de haver risco para saúde das pessoas que se alimentam desses animais.

Foto: picture-alliance/Evolve/Photoshot

Os resíduos de plástico encontrados no mar se decompõem lentamente em partículas minúsculas. Muitos são mais leves do que a água e flutuam na superfície do mar. A luz solar e as ondas quebram os pedaços em partículas ainda menores. No final, as partículas minúsculas acabam dentro dos animais – dos microrganismos, a aves marinhas, mamíferos marinhos e peixes.

Biólogos do Instituto Alfred Wegener (AWI, na sigla em alemão) fizeram uma pesquisa sobre a quantidade de partículas de plástico presentes nos estômagos de peixes. O resultado surpreendente é que essa quantidade depende das espécies: algumas apresentam bastante, outras praticamente não possuem vestígios do material no organismo.

Os cientistas estudaram o conteúdo do estômago e do trato digestivo de 290 peixes, de diversas espécies, pescados no Mar no Norte e no Báltico e que costumam ser consumidos pela população.

Eles, então, descobriram que o peixe cavala, por exemplo, engole quantidades de plástico maiores do que peixes que vivem mais perto do fundo do mar, como o linguado. Dependendo da área de pesca, os pesquisadores foram capazes de encontrar plástico no estômago de entre 13% e 30% dos linguados.

Já os arenques aparentemente não ingerem resíduos de plástico em determinadas épocas do ano. "A razão para isso provavelmente está nos hábitos alimentares dos peixes", explica o biólogo do AWI Gunnar Gerdts, diretor da pesquisa.

Aparência confunde peixes

Aparentemente, cavalas confundem restos de plástico na superfície da água com a presa. Elas gostam de comer cavalos-marinhos recém-nascidos, que também costumam flutuar na superfície da água. Isso também explica por que foram encontrados nos estômagos dos peixes sobretudo fibras, que se assemelham à forma de pequenos cavalos-marinhos.

Os pesquisadores não encontraram evidência de que os peixes ficaram doentes pela ingestão das partículas de plástico. O estudo também não forneceu indícios de um possível risco para os seres humanos que comem esses peixes.

Pesca do arenque no Mar BálticoFoto: picture-alliance/dpa

"Muitas partículas são encontradas nos órgãos digestivos", diz o especialista do AWI Lars Gutow. Mas as partículas não vão para o prato, explica ele, em geral retira-se as vísceras dos peixes antes do consumo. Entretanto, ainda permanece a questão sobre se os produtos da degradação dos plásticos entram na corrente sanguínea do peixe e, consequentemente, na comida das pessoas.

Em outro estudo, o biólogo Lars Gutow descobriu que invertebrados herbívoros ingerem partículas de plástico. Para isso, observou caramujos de praia Littorina littorea em laboratório.

Partículas são expelidas

As partículas de plástico aderem bem às folhas pegajosas de algas – um prato favorito dos caracóis. Para rastrear o caminho de partículas microscópicas de plástico, os pesquisadores usaram partículas de plástico fluorescentes, que realmente foram comidas pelo caracol. No entanto, o plástico não ficou muito tempo no caracol, sendo expelido novamente após a digestão de partes biológicas da refeição.

A Comissão Europeia tem como meta reduzir o consumo europeu per capita de sacolas plásticas nos próximos dez anos para 40 sacos por ano. Na Alemanha, a média atual é de 71 sacolas. A Associação de Varejistas Alemães (HDE) chegou a apresentar uma proposta de tornar obrigatória a cobrança por sacolas plásticas para todo o comércio, mas ainda não colocou a medida em prática.

MD/dpa/awi

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