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Carros e mobilidade

Bicicletas de aluguel: incômodo ou solução?

9 de abril de 2018

Enquanto ativistas dizem que bicicletas públicas são melhores que carros nas ruas, cidades da Alemanha querem limitar número de bicicletas compartilháveis estacionadas de forma desordenada em parques e calçadas.

Bicicleta de aluguel
Muitos reclamam de bicicletas compartilhadas que podem ser deixadas "em qualquer lugar"Foto: Imago/Lindenthaler

Apesar da presença excessiva de carros nas ruas da Alemanha, cidades do país vêm agindo contra bicicletas de aluguel à medida que mais e mais pessoas reclamam de bikes sem estacionamento fixo obstruindo calçadas.

Até mesmo a Associação Alemã de Ciclismo (ADFC, na sigla em alemão) admitiu que a "excelente ideia" de largar bicicletas em qualquer lugar não foi bem aceita.

"Quando bicicletas de aluguel bloqueiam calçadas ou quando são abandonadas em parques, elas se tornam simplesmente um estorvo", afirmou a porta-voz da ADFC Stephanie Krone à agência de notícias alemã DPA.

Segundo Krone, isso foi o que aconteceu em Munique, onde a introdução de cerca de 6,8 mil bicicletas em poucas semanas, a partir de agosto passado, acabou sendo "um veneno para a imagem das bicicletas de aluguel".

Recentemente, várias grandes empresas de locação pipocaram em toda a Alemanha – mais notavelmente as de rodas laranjas da Mobike: uma empresa chinesa que em novembro fez de Berlim a 200ª cidade a hospedar suas bicicletas.

Outras companhias também estão se acotovelando por espaço. Algumas estão prestando serviços antes mesmo de fecharem contratos com as autoridades municipais, para desagrado das empresas que se deram ao trabalho de fazer acordos formais com o Estado.

Excesso de oferta?

Receios de um excesso de oferta provavelmente vão continuar. "Cuidado, queridas cidades e municípios", tuítou na semana passada a associações de fabricantes de bicicletas ZIV, juntamente com um link para um artigo em inglês sobre "bicicletas apreendidas, abandonadas e quebradas" que se acumulam na China. "Não queremos condições assim na Alemanha."

"Nem todas as cidades foram preparadas de forma ideal para novos provedores de bicicletas", disse o porta-voz da ZIV, David Eisenberger, defendendo que os fornecedores sejam punidos por bicicletas estacionadas de maneira inadequada.

Após o lançamento em massa de bicicletas de aluguel em 2017, várias cidades começaram a reagir. Autoridades de transporte em Munique e Frankfurt introduziram um "catálogo" de restrições, incluindo um número máximo de bicicletas a serem deixadas em locais públicos específicos, e em Colônia foram introduzidas zonas designadas para bicicletas compartilháveis (com apenas cinco permitidas por área).

Jürgen Möllers, comissário de ciclismo de Colônia, disse que a cidade "se entendeu bem" com as empresas e ainda consegue lidar com as bicicletas, mesmo que nem todos os moradores estejam felizes com elas.

"Repassamos quaisquer reclamações aos provedores, e eles as deslocam", disse. "Estamos falando de cerca de 5 mil bicicletas neste ano, e consideramos esse número dentro das nossas capacidades – essa onda que foi prevista há um ano, portanto, não aconteceu."

Em uma declaração por e-mail, Jimmy Cliff, gerente geral da Mobike da Alemanha, disse à DW que sua empresa adota uma "abordagem proativa" de ensinar seus clientes a serem responsáveis, inclusive por meio de "vídeos e mensagens no aplicativo". Ele disse que os usuários também podem reportar casos de bicicletas deixadas em locais inadequados.

"Estamos constantemente tentando nos tornar parceiros ativos da cidade", afirmou. "A introdução de zonas de estacionamento para bicicletas de aluguel é uma das muitas possibilidades que poderíamos considerar para melhorar o uso comum de bicicletas nas cidades."

Um problema maior

Heinrich Strössenreuther, porta-voz da iniciativa alemã Clever Cities, que faz campanha por novas soluções para o congestionamento urbano, disse à DW que as reclamações sobre algumas bikes a mais estão perdendo de vista o essencial.

"É verdade que as cidades não se deram conta disso rápido o suficiente, mas, por outro lado, o problema tem sido impulsionado de forma maciça pela mídia no momento", disse Strössenreuther.

"Em todas as cidades da Alemanha, temos visto um aumento de 1% ao ano no número de carros – em Berlim, são 20 mil carros –, e ninguém se incomoda com isso. Mas 3 mil ou 4 mil bicicletas a mais e isso de repente vira um assunto na mídia. Eu não entendo."

Diversas campanhas locais clamam por uma melhor infraestrutura ciclística nas cidades alemãs. Strössenreuther afirma que os problemas criados pelas empresas de compartilhamento poderiam ser facilmente minimizados com a retirada de algumas vagas de estacionamento para carros.

Segundo Möllers, ainda não há planos nesse sentido em Colônia. "Não queremos estações fixas de bicicletas, e portanto, não queremos deslocar vagas de estacionamento para carros", disse ele.

Strössenreuther afirma que um grande problema é que, em muitos casos, as empresas não conseguem fornecer serviços para toda a cidade e, ao contrário, concentram-se em áreas centrais que já possuem vasta cobertura.

"O que realmente falta são esquemas de compartilhamento de bicicletas nas periferias das cidades, para que as pessoas possam viajar para as estações ferroviárias", avaliou. "Ainda estamos muito longe disso."

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