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Biden autoriza Ucrânia a atacar solo russo, dizem agências

Publicado 30 de maio de 2024Última atualização 31 de maio de 2024

Relatos são de que presidente americano cedeu a apelos de Zelenski, permitindo uso de armas fornecidas pelos EUA contra território russo para defender Kharkiv. Alemanha sugere que também pode concordar.

Um caminhão militar com um cano em cima dispara fogo
Forças ucranianas disparam artilharia contra tropas russas na região de Kharkiv: Kiev tem pressionado aliados para que entreguem armas de longo alcance, capazes de atingir alvos na RússiaFoto: ANATOLII STEPANOV/AFP

O presidente americano Joe Biden autorizou a Ucrânia a usar armas fornecidas pelos Estados Unidos em ataques ao território russo, informaram nesta quinta-feira (30/05) agências de notícias, citando fontes anônimas da Casa Branca.

A permissão seria restrita a ações voltadas à defesa de Kharkiv, cidade no nordeste ucraniano a poucos quilômetros da fronteira com a Rússia.

A informação vem em meio aos apelos cada vez mais insistentes de Kiev para que aliados entreguem armas de longo alcance, capazes de atingir alvos em solo russo.

"O presidente recentemente orientou sua equipe a garantir que a Ucrânia possa usar armas fornecidas pelos EUA para fins de contra-ataque na região de Kharkiv, para que a Ucrânia possa revidar contra as forças russas que as estão atacando ou se preparando para atacá-las", disse um alto funcionário da Casa Branca à agência de notícias AFP, sob condição de anonimato.

"Nossa política de proibir o uso de ATACMS [sistema de mísseis táticos do Exército] ou ataques de longo alcance dentro da Rússia não mudou", disse a autoridade, referindo-se aos mísseis de longo alcance recentemente enviados por Washington a Kiev.

O ATACMS é capaz de atingir alvos a 300 km de distância e já havia chegado à Ucrânia este mês por ordem do presidente, segundo o Pentágono.

Países como Grã-Bretanha, Holanda e França dizem que Kiev tem o direito de usar as armas que eles fornecem para atacar alvos militares na Rússia.

Mais cedo nesta quinta, a Rússia advertiu contra ataques em seu território usando armas ocidentais. "Isso será, em última análise, muito prejudicial aos interesses daqueles países que escolheram o caminho de escalar as tensões", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Alemanha promete mais € 500 milhões em armas à Ucrânia

Também nesta quinta, o ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, anunciou nesta quinta-feira (30/05) um novo pacote de armas para a Ucrânia no valor de 500 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões).

O comunicado foi feito por Pistorius ao lado de seu homólogo, o ucraniano Rustem Umerov, durante visita não anunciada à cidade portuária de Odessa. Segundo ele, parte do material já está para ser entregue.

O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius (de azul), visita uma trincheira ao lado do seu colega ucraniano, Rustem UmerovFoto: Jörg Blank/dpa/picture alliance

O pacote de ajuda militar inclui munição para o sistema de defesa aérea de médio alcance IRIS-T SLM – capaz de repelir mísseis a até 20 quilômetros de altitude e 40 quilômetros de distância –, além de mísseis de curto alcance SLS.

Também serão fornecidas peças de reposição e canos de substituição para os sistemas de artilharia, bem como um milhão de munições para armas pequenas.

Esta é a terceira ida dele ao país desde o início da invasão russa, em 2022. A viagem ocorre em meio a uma nova ofensiva de Moscou no nordeste da Ucrânia, combinada com pesados ataques aéreos.

"Continuaremos a apoiá-los nesta campanha defensiva", disse Pistorius durante reunião com Umerov. Este, por sua vez, voltou a reforçar os pedidos de Zelenski: "Nossos parceiros devem nos fornecer armas para que possamos empurrar o inimigo para trás das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia", afirmou Umerov.

Pistorius sobre uso das armas: "Não se pode discutir tudo em público"

Em entrevista à TV alemã ARD, Pistorius evitou confirmar se as armas enviadas pelo Ocidente podem ser usadas pela Ucrânia para atingir alvos na Rússia – uma tecla na qual Kiev vem batendo.

À ARD, Pistorius argumentou que o Direito Internacional permite o uso dessas armas, mas que nem tudo pode ser discutido em público: "No fim das contas, a Ucrânia decide em comum acordo com seus parceiros o que vai ou não fazer."

A questão está sendo debatida por países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que se reuniram nesta quinta-feira em Praga, e o secretário-geral da entidade Jens Stoltenberg, assim como a França, apoiam a medida; Estados Unidos e Alemanha – os dois maiores aliados de Kiev –, porém, têm até agora evitado declarações claras nesse sentido.

As tropas ucranianas na linha de frente continuam a sofrer com a escassez de munição após a demora de mais de seis meses do Congresso americano em aprovar um pacote de ajuda crucial no valor de 61 bilhões de dólares (R$ 317,46 bilhões, o equivalente a mais de 5% do Orçamento brasileiro para o ano de 2024).

O dinheiro acabou sendo liberado em abril, mas armas e munições ainda não chegaram em grande número às linhas de frente ucranianas.

A Alemanha é o segundo maior fornecedor de armas a Kiev, atrás apenas dos Estados Unidos.

ra (AFP, dpa, ots)

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