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Biden autoriza Kiev a usar mísseis contra território russo

17 de novembro de 2024

Decisão de final de mandato foi tomada em resposta ao envio de soldados norte-coreanos para a frente de guerra, e teria o objetivo de ajudar Ucrânia a manter controle sobre território russo ocupado na região de Kursk.

Um míssil sendo disparado de um caminhão lançador
Um míssil ATACMs sendo disparado na Ucrânia Foto: DW

O presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance fornecidos pelos americanos para atacar alvos mais longes no interior da Rússia, segundo relatos da mídia americana e de agências de notícias.

A decisão foi divulgada pelo jornal The New York Times e agências de notícia como a Associated Press e a Reuters, que ouviram sob anonimato pessoas familiarizadas com o assunto.

A medida permite que a Ucrânia use o Sistema de Mísseis Táticos do Exército, ou ATACMs, que têm um alcance de até 306 quilômetros, para ataques mais profundos na Rússia. Ela ocorre no momento em que milhares de soldados norte-coreanos foram enviados para ajudar a Rússia a retomar território ocupado em agosto pelos ucranianos na região de Kursk. E também pouco mais de uma semana após a vitória nas eleições americanas de Donald Trump, que disse que daria um fim rápido à guerra e questionou o apoio contínuo dos Estados Unidos a Kiev.

Pressão de ucranianos e envolvimento da Coreia do Norte

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e muitos de seus apoiadores vêm pressionando Biden há meses para permitir que a Ucrânia atinja alvos militares mais profundos dentro da Rússia com mísseis fornecidos pelo Ocidente, dizendo que as restrições impostas pelos EUA tornaram impossível para a Ucrânia tentar impedir os ataques russos contra suas cidades e redes elétricas.

Alguns defensores argumentaram que essa e outras restrições dos EUA poderiam custar à Ucrânia a derrota na guerra, e o debate tornou-se uma fonte de discordância entre os aliados da Otan. Biden permaneceu contra, determinado a manter uma linha contra escaladas que, segundo ele, poderiam levar os EUA e outros membros da Otan a um conflito direto com a Rússia.

Mas a Coreia do Norte enviou milhares de soldados para a Rússia para ajudar Moscou a tentar recuperar território na região da fronteira de Kursk que a Ucrânia tomou este ano. A introdução de militares norte-coreanos no conflito ocorre em um momento em que Moscou tem visto uma mudança favorável a si na dinâmica da guerra.

Cerca de 12 mil soldados norte-coreanos foram enviados à Rússia, de acordo com avaliações dos EUA, da Coreia do Sul e da Ucrânia. Autoridades de inteligência dos EUA e da Coreia do Sul dizem que a Coreia do Norte também forneceu à Rússia quantidades significativas de munições para reabastecer seus estoques de armas cada vez menores.

O apoio dos ATACMS, segundo especialistas, não deve alterar o curso da guerra, mas pode ajudar Kiev a estar numa melhor posição de força quando e se as negociações de um cessar-fogo ocorrerem. A Casa Branca já havia concordado em permitir que a Ucrânia usasse o ATACMS para ataques limitados próximos da fronteira com a Rússia.

Trump sinalizou que reduziria apoio à Ucrânia e forçaria acordo

Trump, que assumirá o cargo em janeiro, falou diversas vezes como candidato sobre o desejo de que a guerra da Rússia na Ucrânia terminasse, mas, na maioria das vezes, esquivou-se de perguntas sobre se queria que a Ucrânia, aliada dos EUA, vencesse. Ele também sinalizou que poderia pressionar a Ucrânia a concordar em ceder algum território ocupado pela Rússia para encerrar o conflito.

O presidente eleito também criticou repetidamente o governo Biden por dar a Kiev dezenas de bilhões de dólares em ajuda. Sua vitória eleitoral deixou os apoiadores internacionais da Ucrânia preocupados com o fato de que qualquer acordo apressado beneficiaria principalmente Putin.

Os Estados Unidos são o aliado mais valioso da Ucrânia na guerra, e forneceram mais de US$ 56,2 bilhões em assistência de segurança desde que as forças russas invadiram o país em fevereiro de 2022.

Preocupado com a reação da Rússia, no entanto, o governo Biden adiou repetidamente o fornecimento de algumas armas avançadas específicas solicitadas pela Ucrânia, concordando mais tarde apenas sob pressão da Ucrânia e em consulta com aliados. Isso inclui a recusa inicial dos pedidos de Zelenski por tanques avançados, sistemas de defesa aérea Patriot e jatos de combate F-16, entre outros sistemas.

bl (ots)