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Biden chega à Europa visando reaver entusiasmo de aliados

28 de outubro de 2021

Em sua segunda viagem internacional como presidente, democrata quer recuperar confiança abalada após um período de tensões pela crise dos submarinos com a França e a retirada caótica do Afeganistão.

Presidente Joe Biden se despede antes de entrar em avião
Esta é a segunda turnê internacional de Biden desde que assumiu o cargo em janeiroFoto: Gemunu Amarasinghe/AP/picture alliance

Em meio à turbulência na política doméstica, o presidente dos EUA, Joe Biden, decolou nesta quinta-feira (28/10) de Washington para uma viagem de vários dias à Europa na qual ele tentará recuperar o entusiasmo dos seus aliados após um período de tensões pela crise dos submarinos com a França e a retirada caótica do Afeganistão.

Nesta sexta-feira, Biden tem uma audiência com o papa Francisco no Vaticano e depois conversa com representantes do governo italiano. A partir deste sábado, o democrata deve participar em Roma na cúpula de dois dias do G20, o grupo das maiores economias industrializadas e emergentes. A partir de segunda-feira ele é esperado em Glasgow, Escócia para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CP26).

Esta é apenas a segunda viagem internacional de Biden desde que assumiu o cargo em janeiro.

À margem do G20, Biden também quer manter negociações bilaterais. Está agendada, entre outras, uma reunião com o presidente da França, Emmanuel Macron nesta sexta-feira.

Disputa sobre plano de gastos

Pouco antes de embarcar rumo à Europa, Biden deu mais um passo para realizar um de seus principais projetos políticos a nível doméstico de sua gestão. Ele apresentou um projeto de lei – sensivelmente reduzido, devido à pressão de seu próprio partido – para investimentos em assuntos sociais e climáticos.

Ele espera que depois de meses de disputa política partidária interna, possa obter maioria parlamentar para aprovar o pacote, após reduzir a meta de gastos pela metade, para 1,75 trilhão de dólares, dos 3,5 trilhões de dólares estipulados originalmente. O projeto inclui, entre outras coisas, 555 bilhões de dólares para o combate à crise climática, incluindo investimentos em energias renováveis ​​e incentivos fiscais para a compra de carros elétricos.

Antes de partir, o presidente visitou o Congresso para promover o plano; na tentativa de obter uma prova concreta, antes da COP26, de que os Estados Unidos podem liderar esforços globais na questão do clima.

"Trata-se de liderar o mundo ou (pelo contrário) permitir que o mundo nos deixe para trás", alertou o presidente americano, que, no entanto, teve que ir a Roma sem uma garantia clara de que o Congresso dos EUA aprovará sua proposta.

Viagem delicada

Esta segunda viagem internacional de Biden como presidente promete ser mais delicada do que a que ele fez em junho a Reino Unido, Bélgica e Suíça; que foi basicamente uma celebração do retorno dos EUA às suas alianças tradicionais após as tensões que marcaram a gestão de Donald Trump.

"Quatro meses e meio depois (daquela primeira turnê), passamos de 'os Estados Unidos estão de volta' para 'os Estados Unidos apunhalou a França pelas costas", disse Heather Conley, especialista em Europa do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), em entrevista coletiva por telefone nesta semana.

Decisões como o acordo de submarinos nucleares com o Reino Unido e a Austrália – que fez com que a França perdesse um lucrativo contrato em setembro – ou a execução caótica da retirada do Afeganistão em agosto mudaram o clima entre os parceiros dos EUA na União Europeia, que agora estão mais "decepcionados", segundo Conley.

O sinal mais claro sobre se essa confiança pode ser restaurada deve vir da reunião que Biden tem nesta sexta-feira com Macron, com quem já falou por telefone duas vezes desde o início da disputa do submarino, que levou Paris ao extremo de retirar temporariamente seu embaixador em Washington.

O assessor de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan, disse nesta quinta-feira que esta reunião será "construtiva" e anunciou que terminará com uma declaração conjunta, na qual Biden e Macron falarão sobre sua cooperação em questões como energia, tecnologia, o Indo-Pacífico e a luta contra o terrorismo.

Energia e tributação global

As prioridades de Biden no G20 incluirão atuar para reduzir os preços da energia e resolver os problemas da cadeia de abastecimento, e o presidente fará "anúncios" concretos sobre o que os Estados Unidos planejam fazer para resolver o último assunto, segundo Sullivan.

A outra prioridade de Biden será fazer com que os líderes do G20 "apoiem totalmente" o imposto corporativo mínimo de pelo menos 15% globalmente, e ele também espera fazer progressos em finanças climáticas e preparação para futuras pandemias, conforme o assessor.

No sábado, Biden também participa de uma reunião a quatro com Macron, a chanceler federal alemã, Angela Merkel; e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson; na qual, de acordo com Sullivan, o foco deve ser os esforços para retomar as negociações sobre o acordo nuclear com o Irã.

O presidente americano também planeja se encontrar em Glasgow com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, após as recentes tensões pelas quais Ancara esteve prestes a expulsar embaixadores dos Estados Unidos e de outros países ocidentais.

A Casa Branca deixou espaço na agenda para outras reuniões bilaterais que ainda serão confirmadas em Roma ou Glasgow, onde Biden chegará na segunda-feira para participar da COP26.

Na cúpula climática, os EUA e a UE querem chegar a um acordo para reduzir as emissões de metano em um terço em todo o mundo até 2030, mas ainda precisam convencer países relutantes, como a Rússia.
Biden esperava poder dar o exemplo se o Congresso dos EUA incluísse um imposto sobre as emissões de metano em seu plano de gastos sociais, mas por enquanto não há garantias de que essa medida estará no acordo final.

Apesar das lacunas remanescentes internamente e com seus aliados, Biden espera se beneficiar do comparecimento às cúpulas de Roma e Glasgow pessoalmente, enquanto seus dois grandes rivais geopolíticos, o chinês Xi Jinping e o russo Vladimir Putin, seguirão apenas alguns dos atos por teleconferência.

md (EFE, DPA)

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