Biden diz estar disposto a discutir fim da guerra com Putin
2 de dezembro de 2022
Presidente americano sinaliza abertura para negociação, ressaltando importância da retirada de tropas russas da Ucrânia. Kremlin diz que não aceitará diálogo sem reconhecimento da anexação de territórios ucranianos.
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O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira (01/12) estar pronto para conversar com o presidente russo, Vladimir Putin, se ele indicar que está disposto a buscar uma maneira de encerrar a guerra na Ucrânia.
Biden frisou que esse eventual diálogo seria precedido de consulta aos países da Otan, e que Putin não deu sinais de que deseja colocar um fim à invasão do seu país vizinho.
"Não tenho nenhum plano imediato para entrar em contato com Putin. (...) Estou preparado para conversar com Putin, se de fato houver um interesse dele em decidir que busca uma forma de acabar com a guerra. Ele não fez isso até o momento", afirmou Biden.
"Há um caminho para esta guerra acabar, o caminho racional. Em primeiro lugar, Putin poderia se retirar da Ucrânia. Aparentemente, ele não fará isso. Ele está pagando um preço muito alto por não fazer isso", disse o presidente americano.
Os EUA são os grandes financiadores da guerra da Ucrânia, e já destinaram quase 20 bilhões de dólares (R$ 104 bilhões) ao país em ajuda militar direta desde o início do conflito. A fala de Biden indica abertura para uma solução negociada para o fim da guerra.
A declaração foi dada após uma reunião de Biden com o presidente da França, Emmanuel Macron, na Casa Branca. Em uma entrevista coletiva, Macron anunciou que a França aumentaria seu apoio militar à Ucrânia e que nunca pressionaria os ucranianos a assumir um acordo que não fosse considerado aceitável por eles.
Kiev é contra a negociação de um cessar-fogo neste momento, que poderia significar a perda de parte de seu território para Moscou.
Autoridades francesas afirmaram ao jornal New York Times que, durante a reunião bilateral entre os dois presidentes, ambos teriam concordado que mais vitórias ucranianas no campo de batalha seriam úteis para fortalecer a posição de Kiev em uma eventual negociação com Moscou.
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Rússia rejeita termos do diálogo
O Kremlin reagiu na sexta-feira à fala de Biden e rejeitou os termos colocados pelo presidente americano para dialogar com Putin.
"O que o presidente Biden disse de fato? Ele disse que as negociações só são possíveis depois de Putin deixar a Ucrânia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a jornalistas, enfatizando que Moscou "certamente" não aceitará essa condições.
"Os Estados Unidos não reconhecem os novos territórios como parte da Federação Russa", disse Peskov, referindo-se a áreas da Ucrânia que o Kremlin reivindica ter anexado.
Em setembro, Moscou realizou pseudorreferendos em quatro regiões da Ucrânia – Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporíjia – e disse que a maioria de seus moradores teria votado a favor da anexação. A ONU condenou a "tentativa de anexação ilegal" de território ucraniano.
"A operação militar especial [como a Rússia se refere à guerra na Ucrânia] continua", afirmou Peskov.
bl/lf (Reuters, AFP, ots)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."