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Biden diz que morte de líder do Hamas favorece cessar-fogo

18 de outubro de 2024

Em visita a Berlim, presidente americano saudou o ataque israelense que matou Yahya Sinwar e afirmou estar "mais esperançoso" sobre um fim do conflito. Ao lado de Olaf Scholz, reiterou que manterá apoio à Ucrânia.

Joe Biden e Olaf Scholz dão um aperto de mão com fotógrafos ao fundo
Joe Biden e Olaf Scholz durante encontro nesta sexta, em BerlimFoto: Markus Schreiber/AP/picture alliance

A três meses do fim de seu mandato, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está na Alemanha para o que pode ser considerada sua visita de despedida.

Ao lado do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, Biden afirmou nesta sexta-feira (18/10) que a Alemanha é um dos aliados mais importantes dos EUA e que a estabilidade da Europa e de todo o mundo depende dessa "relação estreita" entre os dois países.

Em discurso na chancelaria alemã, o líder americano afirmou que espera manter o apoio à Ucrânia contra os ataques russos e que vê uma chance para negociar um cessar-fogo de longa duração na Faixa de Gaza e no Líbano após a morte, pelas forças militares israelenses de Yahya Sinwar, líder do grupo extremista islâmico Hamas e mentor do ataque de 7 de outubro.

"É uma oportunidade para buscar um caminho de paz, um futuro melhor em Gaza, sem o Hamas", afirmou.

Scholz, por sua vez, disse que a guerra da Rússia na Ucrânia abalou os alicerces da ordem europeia. Ele reiterou que Berlim vai permanecer ao lado de Kiev "pelo tempo que for necessário".

É "graças à sua liderança que os planos de [Vladimir] Putin fracassaram", disse Scholz a Biden.

O presidente americano frisou que a Alemanha é o segundo maior apoiador militar da Ucrânia – atrás apenas dos Estados Unidos –, ao fornecer equipamentos e armas ao país. 

Biden mencionou que, pela primeira vez em décadas, os gastos da Alemanha com defesa equivalem a 2% do PIB do país. "Continue assim", aconselhou Biden. 

Segundo dados do governo alemão, só em 2024, o país direcionou cerca de 7,1 bilhões de euros (aproximadamente R$ 43,5 bilhões) em assistência militar à Ucrânia.

Enquanto a Ucrânia se prepara para um terceiro inverno sob ataques russos, com perdas no campo de batalha no leste, Kiev e seus aliados temem que um possível retorno de Donald Trump à Casa Branca signifique uma redução do apoio militar dos EUA.

Negociações sobre Gaza

O avião presidencial americano Air Force One pousou em Berlim no final da noite de quinta. Ao falar à imprensa em sua chegada, Biden parabenizou o premiê israelense Benjamin Netanyahu pela morte, horas antes, de Yahya Sinwar.

Ele pediu ao primeiro-ministro de Israel que "siga em frente" e avance em direção a um cessar-fogo em Gaza e disse que se sentia "mais esperançoso" em relação às perspectivas de um cessar-fogo. Ele anunciou que enviará o secretário de Estado americano, Antony Blinken, a Israel nos próximos dias para mais negociações.

Na mesma linha, Scholz disse, durante pronunciamento conjunto à imprensa, que a morte de Yahya Sinwar abre caminhos para um cessar-fogo em Gaza. 

EUA e Alemanha têm pontos de vista semelhantes com relação ao seu apoio a Israel e têm feito esforços diplomáticos para negociar um cessar-fogo de longo prazo.

Um ponto de discórdia entre Washington e Berlim pode ser o aumento da presença militar dos EUA na Alemanha. Atualmente, a Alemanha abriga mais de 35 mil militares americanos em serviço ativo, mais do que todo o restante do contingente na União Europeia.

A partir de 2026, os Estados Unidos querem instalar armas de longo alcance na Alemanha pela primeira vez desde a década de 1990. Essas armas não protegeriam apenas a Alemanha, mas também outros vizinhos do Leste Europeu que compõem a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como Polônia e os países Bálticos. O acordo foi feito sem debate parlamentar e foi recebido com críticas da esquerda e da direita, incluindo de membros da coalizão do governo.

Joe Biden recebe a mais alta distinção alemã do presidente Frank-Walter SteinmeierFoto: Matthias Schrader/AP/picture alliance

A visita

A visita de Biden foi originalmente planejada para a semana passada, mas foi cancelada em função do furação Milton, que provocou tornados, enchentes, destruição e ao menos 17 mortes na Flórida.

Ele esteve em outras ocasiões na Alemanha como chefe de Estado, para encontros como do G7.

Esta foi, contudo, a primeira viagem solo de Biden ao país, para uma agenda bilateral entre Estados Unidos e Alemanha.

Da agenda inicial, foram mantidas as conversas com o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, o chanceler Olaf Scholz, assim como com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron.

Após uma reunião individual entre Biden e Scholz, os líderes dos quatro países mais importantes da Otan discutem o "plano de vitória" do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que esteve em Berlim na semana passada.

Na manhã desta sexta, Biden foi condecorado com a mais alta honraria alemã para um chefe de Estado – o nível especial da Grã-Cruz da Ordem do Mérito da República Federal. Em seu discurso, o presidente americano homenageou o falecido ex-chanceler Helmut Schmidt e a sobrevivente do Holocausto Margot Friedländer, presente no evento.

sf/md (AFP, DPA, ots)