Biden: "Invasão do Capitólio não deve ser esquecida"
6 de janeiro de 2025
Em artigo no "Washington Post", presidente dos EUA diz que não se deve minimizar os atos de 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores de Donald Trump invadiram e atacaram a sede do Congresso americano.
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou o que chamou de um "esforço implacável" para minimizar a invasão do Capitólio em Washington, em 6 de janeiro de 2021, quando uma multidão atacou a sede do Congresso americano na tentativa de impedir a certificação do resultado da eleição presidencial de 2020.
À época, o agora presidente eleito dos EUA, Donald Trump, havia perdido a eleição para Biden e se recusado a reconhecer a derrota, o que levou seus apoiadores a atacarem o Capitólio durante a sessão parlamentar que confirmaria a vitória do democrata.
Em artigo de opinião publicado neste domingo (05/01) no jornal The Washington Post, Biden procurou contrastar o caos daquele 6 de janeiro com a transição ordeira e pacífica de poder que deverá marcar o início do segundo mandato de Trump na Casa Branca.
No artigo, Biden lembrou que "insurrecionistas violentos atacaram o Capitólio" e ressaltou que os americanos devem "estar orgulhosos de que nossa democracia resistiu a esse ataque". "Devemos estar felizes por não ver um ataque tão vergonhoso novamente este ano."
"Devemos nos lembrar da sabedoria do ditado que diz que qualquer nação que esquece seu passado está fadada a repeti-lo", escreveu. "Não podemos aceitar uma repetição do que ocorreu há quatro anos."
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"Democracia colocada à prova"
Trump, que até hoje nega ter sido derrotado por Biden em 2020, prometeu conceder perdão presidencial a algumas das mais de 1.250 pessoas que se declararam culpadas ou foram condenadas por crimes cometidos durante a invasão do Capitólio.
O Congresso americano vai se reunir em Washington nesta segunda-feira para certificar a vitória do republicano numa sessão presidida pela vice-presidente Kamala Harris – a candidata democrata derrotada por Trump em novembro passado. Desta vez, não é esperado nenhum ato de violência ou objeções processuais.
Sem mencionar Trump, Biden afirmou que um "esforço implacável está em andamento para reescrever, até mesmo apagar, a história daquele dia".
"Para nos dizer que não vimos o que todos nós vimos com nossos próprios olhos", escreveu. "Não podemos permitir que a verdade seja perdida." O democrata prometeu que as recentes eleições serão certificadas pacificamente.
"Convidei o presidente eleito para a Casa Branca na manhã de 20 de janeiro e estarei presente na sua posse naquela tarde", garantiu. Em 2021, Trump se recusou a comparecer à cerimônia de posse de Biden, rompendo com uma longeva tradição americana.
"Mas, no dia de hoje, não podemos esquecer", acrescentou. "Devemos nos comprometer a lembrar de 6 de janeiro de 2021, todos os anos. Para lembrá-lo como um dia em que nossa democracia foi colocada à prova e prevaleceu. Para lembrar que a democracia, mesmo na América, nunca está garantida."
Retorno à "normalidade"
Neste domingo, Biden repetiu a jornalistas na Casa Branca que a história do que ocorreu em 6 de janeiro de 2021 não deve ser reescrita ou esquecida.
Assim como fez em seu artigo de opinião, o presidente enfatizou aos repórteres que seu governo está promovendo uma transferência pacífica de poder, ao contrário da anterior. "Eu lhes estendi a mão para garantir uma transição tranquila", disse Biden sobre o novo governo de Trump. "Temos que retomar a transferência básica e normal de poder."
Em 2024, Biden alertou diversas vezes os eleitores americanos de que Trump representava uma grave ameaça à democracia do país. Ao ser questionado se ele ainda via seu futuro sucessor dessa forma, Biden respondeu: "Acho que o que ele fez foi uma ameaça genuína à democracia. Estou esperançoso de que já tenhamos superado isso."
rc/as (Reuters, AP)
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