Em primeira ação militar sob o novo presidente, caças dos EUA lançam bombas contra milícias pró-iranianas no leste sírio. Ação é uma resposta a ataques contra americanos no Iraque.
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Os EUA executaram um ataque aéreo no leste da Síria contra supostas instalações usadas por milícias apoiadas pelo Irã. O bombardeio ocorreu na quinta-feira (25/02) e foi a primeira ação militar ordenada pelo presidente Joe Biden desde que assumiu o cargo.
"Sob instruções do presidente Biden, as forças militares americanas realizaram nesta noite ataques aéreos contra a infraestrutura utilizada por grupos militantes apoiados pelo Irã no leste da Síria", declarou o Pentágono em comunicado.
Os EUA afirmaram que os ataques aéreos destruíram várias instalações localizadas num posto de controle fronteiriço próximo ao Iraque e utilizado pelo Kata'ib Hisbolá e outras milícias pró-iranianas.
As autoridades americanas não revelaram se houve vítimas. No entanto, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos relatou que 22 radicais foram mortos no bombardeio.
Rami Abdel Rahmane, diretor da organização não governamental com sede no Reino Unido, afirmou que "os ataques destruíram três caminhões com munições". O bombardeio também teria destruído um carregamento de armas que tinha acabado de cruzar a fronteira da Síria com o Iraque na província síria de Deir Zor.
Segundo o Pentágono, a ação representa uma resposta aos recentes ataques contra tropas americanas e instalações diplomáticas no Iraque. Os EUA comunicaram ainda ter consultado os parceiros da coalizão militar ativa na região antes de executar o ataque.
"Esta operação envia uma mensagem inequívoca: o presidente Biden agirá para proteger o pessoal americano e da coalizão", frisou o Departamento de Defesa dos EUA. "Agimos de maneira deliberada com o objetivo de atenuar a situação em geral tanto no leste da Síria quanto no Iraque".
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Aumento de ataques depois de morte de general iraniano
Em meados de fevereiro, mais de dez foguetes foram disparados contra uma base militar americana localizada no Aeroporto Internacional de Irbil, na região curda no norte do Iraque.
O ataque matou um civil estrangeiro contratado pelas Forças Armadas americanas e feriu um militar americano e alguns soldados da coalizão.
Na última segunda-feira, um outro ataque com foguetes teve como alvo a altamente fortificada Zona Verde na capital iraquiana de Bagdá, que abriga a Embaixada dos EUA e outras missões diplomáticas estrangeiras.
Embora o Kait'ib Hisbolá não tenha assumido a responsabilidade pelos ataques com foguetes, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que Washington "está confiante" de que a organização pró-iraniana está por trás deles.
Os ataques contra instalações americanas no Iraque aumentaram desde que os EUA mataram em janeiro de 2020 general iraniano Qassim Soleimani, que era líder da poderosa Força Quds, e um comandante iraquiano de milícias pró-iranianas num ataque aéreo no aeroporto de Bagdá.
pv/rpr (efe, lusa, rtr, ap, afp, dpa)
"Estado Islâmico": de militância sunita a califado
Origens do grupo jihadista remontam à invasão do Iraque, em 2003. Nascido como oposição ao domínio xiita e inicialmente um braço da Al Qaeda, EI passou por mudanças e virou uma ameaça internacional.
Foto: picture-alliance/AP Photo
A origem do "Estado Islâmico"
A trajetória do "Estado Islâmico" (EI) começou em 2003, com a derrubada do ditador iraquiano Saddam Hussein pelos EUA. O grupo sunita surgiu a partir da união de diversas organizações extremistas, leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra a ascensão dos xiitas ao governo iraquiano.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Braço da Al Qaeda
A insurreição se tornou cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, fundador da Al Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se voltaram contra eles e se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como "Despertar Sunita".
Foto: AP
Aparente contenção
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea e ele foi sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Bagdadi. A AQI mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). No ano seguinte, Washington intensificou sua presença militar no país. Masri e Bagdadi foram mortos em 2010.
Foto: AP
Volta dos jihadistas
Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a se reagrupar, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Foto: picture alliance/dpa
Ruptura com Al Qaeda
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o EIIL atravessou a fronteira para participar da luta contra o presidente Bashar al-Assad. Os jihadistas tentaram se fundir com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EIIL e a central da Al Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
Foto: dapd
Ascensão do "Estado Islâmico"
Apesar do racha com a Al Qaeda, o EIIL fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando sua segunda maior cidade, Mossul, em 10 de junho de 2014. Nesse momento o grupo já havia sido novamente rebatizado, desta vez como "Estado Islâmico".
Foto: picture alliance / AP Photo
Importância de Mossul
A tomada da metrópole iraquiana Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico. Ela é uma importante rota de exportação de petróleo e ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Mas a conquista da cidade é vista como apenas uma etapa para os extremistas, que pretenderiam avançar a partir dela.
Foto: Getty Images
Atual abrangência do EI
Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho, a organização declarou um "Estado Islâmico" que atravessa a fronteira sírio-iraquiana e tem Abu Bakr al-Bagdadi como "califa".
Foto: Reuters
As leis do "califado"
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da charia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do "califado" após serem colocados diante da opção: converter-se ao islã sunita, pagar um imposto ou serem executados. Os xiitas também eram alvo de perseguição.
Foto: Reuters
Guerra contra o patrimônio histórico
O EI destruiu tesouros arqueológicos milenares em cidades como Palmira (foto), na Síria, ou Mossul, Hatra e Nínive, no Iraque. Eles diziam que esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do Islã. Especialistas afirmam, porém, que o grupo faturou alto no mercado internacional com a venda ilegal de estátuas menores, enquanto as maiores eram destruídas.
Foto: Fotolia/bbbar
Ameaça terrorista
Durante suas ofensivas armadas, o "Estado Islâmico" saqueou centenas de milhões de dólares em dinheiro e ocupou diversos campos petrolíferos no Iraque e na Síria. Seus militantes também se apossaram do armamento militar de fabricação americana das forças governamentais iraquianas, obtendo, assim, poder de fogo adicional.