Biden ordena vacinação de milhões de trabalhadores nos EUA
10 de setembro de 2021
Para conter novo aumento de infecções, presidente americano torna obrigatória a imunização de trabalhadores de grandes empresas, funcionários federais, entre outros. Medida deve afetar cerca de 100 milhões de americanos.
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenou a vacinação obrigatória – ou a apresentação de testes semanais de covid-19 – aos trabalhadores de empresas privadas com mais de 100 funcionários, num esforço para conter o aumento de infecções causadas pela variante delta do coronavírus.
O plano de ação também inclui a vacinação obrigatória de funcionários federais, contratados que fazem negócios com o governo e trabalhadores de estabelecimentos de saúde que recebem subsídios federais dos programas Medicare ou Medicaid. Ao todo, a medida deverá afetar cerca de 100 milhões de americanos, dois terços da mão de obra do país.
Ao anunciar o plano na Casa Branca na quinta-feira (09/09), Biden afirmou que "a paciência está se esgotando" com os cerca de 80 milhões de americanos que ainda não se vacinaram contra a covid-19, apesar da disponibilidade de imunizantes.
"Temos sido pacientes, mas a nossa paciência está se esgotando, e sua recusa [em aderir à vacinação] tem causado custos para todos", frisou. Ele disse que a minoria não vacinada "pode causar muitos danos, e já está causando".
O presidente recordou que grandes empresas do país já exigem a vacinação de seus empregados – como a companhia aérea United – ou tomaram medidas semelhantes, como a Disney, as redes Walmart e McDonald's e a emissora Fox News.
A exigência de vacinação ou testagem em empresas com mais de 100 trabalhadores afetaria cerca de 80 milhões de americanos e, segundo um funcionário da administração federal, as companhias poderão ser multadas em 14 mil dólares (cerca de 73 mil reais) se violarem a regra.
Além disso, a nova regra afeta cerca de 17 milhões de trabalhadores de estabelecimentos de saúde que recebem os subsídios federais dos programas Medicare e Medicaid.
O presidente americano prevê também a vacinação dos funcionários do Poder Executivo e de empresas que fazem negócios com o governo federal, sem a opção de testagem semanal. A medida abrangeria vários milhões de trabalhadores a mais.
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Reações à medida
Os líderes do Partido Republicano e alguns chefes de sindicatos disseram que Biden foi longe demais ao exigir a vacinação de trabalhadores de empresas privadas, um sinal de que desafios legais podem estar por vir.
O governador Henry McMaster, da Carolina do Sul, afirmou numa declaração que "Biden e os democratas radicais não têm se preocupado com a Constituição". Já o presidente da Federação Americana de Empregados Governamentais, Everett Kelley, disse que "mudanças como essas devem ser negociadas" antes.
Por outro lado, Biden recebeu elogios da Associação Médica Americana, da Associação Nacional de Fabricantes e da Business Roundtable, uma associação de diretores executivos das principais empresas americanas.
"Estamos numa fase difícil"
Há apenas dois meses, Biden declarou prematuramente a "independência" americana em relação à covid-19. Agora, apesar de mais de 208 milhões de pessoas no país já terem recebido a primeira dose da vacina, os EUA registram, em comparação com a mesma época do ano passado, cerca de 300% mais infecções diárias, cerca de duas vezes e meia mais hospitalizações e quase o dobro do número de mortes.
Após meses de incentivos à vacinação, o presidente americano culpa os negacionistas pelo aumento de casos e pelas mais de mil mortes diárias, além da frágil recuperação da economia americana. "Estamos numa fase difícil e isso pode durar um pouco", afirmou Biden.
No plano de ação, o governo também dobrou o valor das multas federais para passageiros de companhias aéreas que se recusam a usar máscaras de proteção durante os voos ou para pessoas que não querem usar a proteção em estabelecimentos federais.
fc/ek (Reuters, Lusa, AFP)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine