Biden proíbe EUA de importarem petróleo e gás russo
Darko Janjevic
8 de março de 2022
Presidente americano deseja punir Moscou pela guerra na Ucrânia. Importações da Rússia representam menos de 10% das compras americanas desses produtos. União Europeia, mais dependente, descarta adotar medida semelhante.
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As sanções internacionais aos principais produtos de exportação da Rússia foram ampliadas nesta terça-feira (08/03), com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que seu país não importará mais petróleo e gás russo.
"Não faremos parte do ato de subsidiar a guerra de Putin", disse, descrevendo as exportações de energia como "a principal artéria da economia russa".
O presidente americano também advertiu as empresas petrolíferas e seus parceiros contra "aumentos excessivos de preços", na medida em que a guerra na Ucrânia e os receios de mais proibições elevam os preços da energia no mercado global. "A agressão da Rússia está nos custando a todos e não é hora de lucrar ou de manipular preços", afirmou.
A Casa Branca disse que as medidas de Biden servem para "continuar a responsabilizar a Rússia por sua guerra não provocada e injustificada contra a Ucrânia".
Qual é a posição da União Europeia?
Biden disse que os EUA decidiram sobre a proibição "em consultas estreitas com nossos parceiros e nossos aliados ao redor do mundo, particularmente na Europa", embora muitos deles possam não aderir ao boicote.
A União Europeia tem se recusado a proibir a importação de energia da Rússia, e o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, disse na segunda-feira que elas eram "essenciais" para a vida cotidiana na Europa.
Nesta terça, a Comissão Europeia publicou planos para reduzir em dois terços a dependência da União Europeia do gás russo neste ano, e acabar com sua dependência de combustível russo "bem antes de 2030".
Pouco antes do anúncio de Biden, o Reino Unido disse que iria eliminar gradualmente as importações de petróleo russo até o final de 2022.
Os Estados Unidos são muito menos dependentes da energia da Rússia do que a União Europeia. O petróleo e produtos petrolíferos da Rússia representam menos de 10% das importações americanas nesse setor. No entanto, a proibição foi anunciada enquanto o preço da gasolina americana atinge níveis recordes, como também ocorre em grande parte da Europa, com o petróleo bruto neste momento em seu maior preço desde 2008.
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O que mais Biden disse?
Biden reconheceu que a proibição faria com que os preços dos combustíveis subissem ainda mais, mas se comprometeu a fazer todo o possível para "minimizar a alta dos preços de Putin" nos Estados Unidos.
Ele também instou os americanos a abraçarem a transição para a energia limpa, dizendo que isso tiraria o poder de "tiranos como Putin para usar combustíveis fósseis como armas contra outras nações".
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, já havia pedido aos líderes ocidentais que incluíssem as exportações de energia da Rússia, uma fonte essencial de renda para o Kremlin, no pacote de sanções contra Moscou.
Ao anunciar a proibição, Biden prometeu continuar apoiando a Ucrânia e disse que "a guerra de Putin contra a Ucrânia deixaria a Rússia mais fraca e o resto do mundo mais forte".
Ele também disse que os Estados Unidos "dividiriam a responsabilidade e o custo de cuidar dos refugiados", já que o número de pessoas que fogem da Ucrânia supera os 2 milhões.
Sanções do Ocidente atingem círculo íntimo de Putin
Em reação à invasão da Ucrânia, UE, EUA e outros países ocidentais impuseram sanções severas à economia russa e aos associados do presidente Vladimir Putin. Quem são os bilionários atingidos?
Foto: Christian Charisius/dpa/picture alliance
Igor Sechin
Sechin é ex-primeiro-ministro da Rússia e diretor executivo da estatal petroleira Rosneft. No documento da União Europeia relativo às sanções, ele é descrito como "um dos assessores mais próximos e amigo pessoal" de Vladimir Putin. Além disso, apoia a consolidação da anexação ilegal da Crimeia à Rússia, sobretudo com o envolvimento da Rosneft no fornecimento de combustível à península.
Foto: Alexei Nikolsky/Russian Presidential Press and Information Office/TASS/picture alliance
Alisher Usmanov
Nascido no Uzbesquistão, Usmanov é magnata de metais e telecomunicação. A UE o cita como um dos oligarcas favoritos de Putin, tendo pago milhões a um de seus principais assessores, hospedado o presidente russo em sua luxuosa residência pessoal, além de atuar em sua "linha de frente" e "resolver seus problemas de negócios". Os EUA e o Reino Unido também o acrescentaram a suas listas negras.
Foto: Alexei Nikolsky/Kremlin/Sputnik/REUTERS
Mikhail Fridman e Petr Aven
A UE descreveu Fridman (c.) como "importante financiador e facilitador do círculo íntimo de Putin". Ele e seu parceiro de longa data Aven (dir.) lucraram bilhões de dólares com petróleo, transações bancárias e comércio de varejo, segundo a agência de notícias Reuters. A UE acrescenta que Aven é um dos homens de negócios russos ricos que se reúnem regularmente com Putin no Kremlin.
Foto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/imago
Negando conexões com Putin e o Kremlin
Numa coletiva de imprensa após o anúncio pela UE, tanto Fridman quanto Aven (dir.) negaram ter qualquer "relação financeira ou política com o presidente ou o Kremlin" e prometeram combater as punições, supostamente sem base, "com todos os meios à disposição". Nascido no oeste da Ucrânia, Fridman é um dos poucos russos submetidos a sanções que se pronunciou publicamente contra a guerra.
Foto: Alexander Nenenov, Pool/AP/picture alliance
Boris e Igor Rotenberg
A família Rotenberg é notória por seus laços estreitos com Putin. Boris é coproprietário do SMP Bank, associado à petroleira Gazprom. Seu irmão Arkady, já sob sanções da UE e dos EUA, praticava judô com Putin desde adolescente. Igor, filho de Arkady, controla a campanha de perfuração Gazprom Bureniye. Após a invasão russa, Boris e Igor entraram para as listas britânica e americana de sancionados.
Foto: Sergey Dolzhenko/epa/dpa/picture-alliance
Gennady Timchenko
Timchenko é um importante acionista do Rossiya Bank – definido no documento da UE como o banco pessoal das autoridades russas, investindo nas emissoras de televisão que apoiam ativamente as medidas do governo russo para desestabilizar a Ucrânia. Além disso, o Rossiya teria aberto sucursais na Crimeia, apoiando sua anexação ilegal.
Foto: Sergei Karpukhin/AFP/Getty Images
Alexei Mordashov
Mordashov investiu seriamente no National Media Group, o maior holding particular de mídia da Rússia, que apoia as medidas estatais de desestabilização da Ucrânia, afirma a UE. Em comunicado, o bilionário asseverou que não tem "nada a ver com a emergência da atual tensão geopolítica" e definiu essa guerra como uma "tragédia de dois povos fraternos".
Foto: Tass Zhukov/TASS/dpa/picture-alliance
Iates confiscados
As novas sanções incluem o congelamento de bens e restrições a viagens. Desde sua imposição, diversos iates de luxo pertencentes à elite russa foram confiscados na Itália, França e Reino Unido. Entre seus proprietários estão Sechin, Usmanov e Timchenko.