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Biden visita família de afro-americano ferido por policiais

4 de setembro de 2020

Em Kenosha, candidato democrata conversou por telefone com a vítima, que está hospitalizada após ser baleada sete vezes nas costas. Trump esteve na cidade, mas declarou apoio à polícia e não visitou parentes da vítima.

De máscara, Joe Biden fala diante de moradores de Kenosha em igreja
Biden conversou com membros da comunidade negra de Kenosha nesta quinta-feiraFoto: AFP/J. Watson

O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, visitou nesta quinta-feira (03/09) a família de Jacob Blake, homem negro alvejado com sete tiros por policiais brancos em Kenosha, no estado de Wisconsin. Ele também falou por telefone com a vítima, que está hospitalizada.

A viagem de Biden a Kenosha, palco de intensos protestos antirracismo desde o episódio de brutalidade policial contra Blake em 23 de agosto, ocorreu apenas dois dias após a passagem do presidente Donald Trump, candidato à reeleição, pela mesma cidade.

As duas visitas, porém, tiveram tons totalmente diferentes.

Biden e sua esposa, Jill, passaram uma hora e meia numa reunião privada com o pai, as irmãs e o irmão de Blake no aeroporto de Milwaukee. Ele ainda telefonou por cerca de 15 minutos com o rapaz de 29 anos, que ficou paralisado da cintura para baixo após ser baleado com sete tiros nas costas.

Segundo o advogado de direitos civis Ben Crump, que participou do telefonema, Black falou a Biden, a partir de sua cama no hospital, sobre a "dor que está suportando".

"A família ficou muito impressionada que os Biden estejam tão comprometidos e dispostos a ouvir", disse Crump. "Ficou muito óbvio que o ex-vice-presidente Biden se importa, ao estender a Jacob Jr. um senso de humanidade, tratando-o como uma pessoa digna de consideração e oração."

A visita de Trump na terça-feira, por outro lado, serviu para transmitir apoio à polícia. O líder republicano não conversou com Blake nem visitou seus familiares, e ainda aproveitou a ocasião para condenar os atos antirracismo na cidade, acusando os manifestantes de "terrorismo doméstico" e de serem "antiamericanos".

Nesta quinta-feira, Biden esteve em uma igreja em Kenosha, onde ouviu depoimentos de autoridades locais, donos de negócios e membros e ex-membros das forças de segurança, que lhe contaram histórias de uma comunidade resiliente arrasada por divisões raciais e agitação civil.

Porsche Bennett, um organizador dos atos do movimento Black Lives Matter, afirmou que os moradores negros de Kenosha estão cansados de falsas promessas de reformas policiais. "Ainda não vimos ação. E sempre fui criado para buscar ação, não palavras", disse ele a Biden.

Barb DeBerge, proprietária de uma pequena empresa, contou ao democrata que seu negócio corre riscos em meio aos protestos violentos, embora tenha sido poupado de grandes danos.

Usando uma máscara no rosto devido à pandemia de coronavírus, Biden condenou a destruição de propriedades. "Independentemente de quão furioso você esteja, se você saqueia ou incendeia você deve ser responsabilizado", afirmou. "Ponto final. Simplesmente não pode ser tolerado."

Mas ele também elogiou o movimento Black Lives Matter, afirmando que Trump não foi bem-sucedido em influenciar a opinião pública contra os protestos.

Na terça-feira, o presidente americano visitou uma loja de móveis em Kenosha que foi destruída durante os tumultos, e afirmou que democratas como Biden toleram a violência.

Mas Trump se recusou a condenar atos violentos por parte de seus apoiadores, alguns dos quais foram vistos fortemente armados pelas ruas de Kenosha.

O presidente chegou a defender o rapaz branco de 17 anos armado com um fuzil semiautomático que matou duas pessoas na cidade. Depois de ser preso pela polícia, o atirador alegou que agiu para proteger algumas lojas de serem saqueadas. Ele enfrenta seis acusações na Justiça.

A visita de Biden a Kenosha marca uma mudança nas táticas de campanha do democrata, que tem evitado viajar para longe de seu estado, Delaware, argumentando que a crise do coronavírus exige cautela. O encontro com a comunidade na igreja luterana nesta quinta-feira marcou o maior grupo de pessoas ao qual ele se dirigiu pessoalmente em meses.

Os protestos que eclodiram em todo o país após a morte do afro-americano George Floyd por policiais brancos em maio colocaram o democrata em posição difícil algumas vezes. Ao lado de sua candidata a vice, Kamala Harris, Biden tem saudado o Black Lives Matter, mas nunca se comprometeu com suas exigências de cortar os recursos da polícia.

Wisconsin é um campo de batalha crítico na disputa pela presidência dos Estados Unidos. Trump venceu a democrata Hillary Clinton no estado quatro anos atrás e, embora pesquisas de opinião coloquem Biden na liderança em Wisconsin, a campanha republicana elencou a vitória ali como uma de suas prioridades. A eleição está marcada para 3 de novembro.

EK/ap/dpa/rtr/ots

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