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Biergarten: ponto de encontro para todos, sem distinção

Karina Gomes
16 de junho de 2018

Os "jardins da cerveja" alemães são pontos populares de reuniões casuais e de socialização, principalmente na época mais quente do ano. O calor humano dos longos bancos de madeira dissipam qualquer solidão.

Foto: picture-alliance/dpa/T. Hase

O barulho dos copos colocados com firmeza à mesa é familiar e se mistura ao som do brinde – prost! –, sempre constante. Frações de sol filtrados pelas folhas das castanheiras batem no rosto e garantem a sombra gostosa do biergarten – o tradicional "jardim da cerveja” alemão. A correria de clientes e garçons no chão de cascalho não incomoda. O clima é agitado e vívido, apesar do vento fresco e apaziguador que vem da beira do rio.

Originados na Baviera em 1812, os biergärten não são exclusividade de Munique ou da Oktoberfest. Os espaços tradicionais – alguns maiores do que um campo de futebol – estão espalhados por toda a Alemanha.

O significado sociológico o biergarten é de grande importância para os alemães. A regulação sobre esses bares ao ar livre da Baviera não deixa dúvidas: eles são um ponto popular de encontros casuais, onde as diferenças sociais são superadas e onde não se faz distinção entre os que estão à mesa.

Não importa se vestidos com a lederhose, a calça de couro tradicional da Baviera, o vestido dirndl, ou uma roupa normal de uma marca qualquer. O biergarten proporciona o clima ideal para socializar e passar tempo juntos ao livre. O calor humano evapora a solidão de quem está sem companhia.

As longas mesas de madeira com bancos comunitários em todas as arestas são ponto de encontro para excursões de famílias aos domingos, de amigos, de solitários, e também ponto de descanso para ciclistas ou corredores que precisam reabastecer a alma para seguir a jornada.

Os estabelecimentos funcionam em todas as estações do ano, mas é no verão que marcam a tradição alemã com força – os sedentos têm de disputar por um lugar no banco.

Os mais tradicionais seguem a ideia original do rei da Baviera Maximiliano 1º: autorizar os cervejeiros de Munique a vender a bebida no local onde ela é produzida. A cerveja vem fresca do barril, sem nenhuma substância para garantir um longo armazenamento para fins comerciais. A cerveja é produzida perto das gargantas sedentas dos clientes. E para cada tipo de cerveja, há um copo diferente, inclusive o famoso jarro individual de um litro.

Alguns biergärten autorizam os clientes a trazer a própria comida. Mas não vale tudo. A regra permite fazer o brotzeit (como os bávaros chamam a pausa para lanche): é possível trazer o tradicional bretzel, pães e embutidos para acompanhar a cerveja.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.

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