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Bloco pró-democracia obtém vitória esmagadora em Hong Kong

25 de novembro de 2019

Resultado de eleição municipal marca revés para governo pró-Pequim e confirma força das manifestações no território. Chefe do Executivo local diz que vai ouvir "com humildade" a mensagem dos eleitores.

Cidadãos comemoram resultado das eleições em Hong Kong, após vitória esmagadora dos democratas
Cidadãos comemoram resultado das eleições em Hong Kong, após vitória esmagadora dos democratasFoto: Getty Images/B. H. C. Kwok

Os democratas de Hong Kong obtiveram vitórias esmagadoras nas eleições para para a formação dos conselhos distritais deste domingo (24/11), consideradas um termômetro para medir o apoio ao movimento pró-democracia e a popularidade do governo local.

O resultado aumenta pressão sobre a administração pró-Pequim do território semiautônomo da China, onde as manifestações em prol da democracia chegam ao sexto mês.

Segundo a emissora local RTHK, os candidatos pró-democracia conquistaram quase 90% dos 452 assentos nos 18 conselhos distritais, órgãos historicamente alinhados com o governo central em Pequim. O fim de semana de votação foi marcado pela diminuição na intensidade dos protestos, após os líderes do movimento pedirem calma aos manifestantes. Ao todo, o bloco pró-democracia, que defende mais autonomia para o território, levou 351 dos 452 assentos que estavam sendo disputados.

O resultado da primeira votação realizada desde o início dos protestos significa uma amarga derrota para a chefe de governo em Hong Kong, Carrie Lam, que havia rejeitado repetidas vezes o clamor popular por reformas políticas ao afirmar que a "maioria silenciosa" no território apoiava sua administração e rejeitava o movimento pró-democracia.

Em comunicado, Lam prometeu respeitar o resultado das urnas. "Há várias análises e interpretações na comunidade em relação aos resultados, sendo que muitos são da opinião de que refletem o descontentamento das pessoas com a situação atual e com os problemas enraizados em nossa sociedade", afirmou. Ela disse que o governo iria "ouvir humildemente as opiniões dos membros da população e refletir com seriedade".

A votação foi encerrada sem grandes distúrbios, na cidade de 7,4 milhões de habitantes. Quase 3 milhões de pessoas votaram, registrando um recorde de participação, com índice de 71% comparecimento às urnas.

"Esse é o poder da democracia. Isso foi um tsunami democrático", comemorou Tommy Cheung, um ex-líder estudantil que conquistou um assento no distrito de Yuen Long. Nas eleições anteriores, há quatro anos, os democratas conquistaram apenas 100 vagas nos conselhos distritais.

Além de controlar parte dos gastos do território, os conselhos distritais têm poder de decidir sobre uma variedade de questões, como os transportes, e servem como plataforma para influenciar a política local e a opinião pública.

Jimmy Sham, líder da Frente Civil de Direitos Humanos, uma das entidades que organiza as manifestações contra o governo também conseguiu se eleger neste domingo. Ele se juntou a outros democratas em frente a Universidade Politécnica de Hong Kong para exigir que a polícia remova o cerco ao local e permita a entrada de ajuda humanitária aos cerca 100 manifestantes que ocupam o campus de há mais de uma semana.

A polícia cerca o local para impedir a fuga dos manifestantes, após violentos confrontos que resultaram na prisão de centenas de pessoas no local.

Entre as exigências dos manifestantes estão a implementação total da democracia no território, além de uma investigação independente sobre os abusos cometidos pela polícia. Muitos expressam frustração com o que veem como interferência da China nas liberdades civis prometidas após a devolução do domínio da ex-colônia britânica a Pequim, em 1997.

O Ministério do Exterior da China evitou comentar o resultado da votação, afirmando que a restauração da ordem e o fim da violência no território devem ser prioridades. A imprensa estatal chinesa minimizou a vitória dos democratas, sugerindo que governos estrangeiros teriam exercido influência na campanha e afirmando que os eleitores pró-Pequim estariam intimidados pela violência dos protestos.

RC/rtr/afp

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