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PolíticaHolanda

Boca de urna dá vitória à ultradireita na Holanda

23 de novembro de 2023

Partido do controverso populista anti-islâmico Geert Wilders vence eleições legislativas, segundo prognósticos. Resultado pode repercutir além das fronteiras do país.

Geert Wilders comemora vitória em cenário com balões de gás
Geert Wilders construiu carreira em cruzada contra o que chama de "invasão islâmica” do OcidenteFoto: Remko de Waal/ANP/IMAGO

O partido de ultradireita anti-islâmico do populista Geert Wilders venceu as eleições legislativas desta quarta-feira (22/11) na Holanda, segundo pesquisas de boca de urna, o que significaria um terremoto político que pode repercutir além das fronteiras do país.

O Partido para a Liberdade (PVV) obteria 35 assentos no Parlamento de 150 cadeiras, de acordo com a pesquisa Ipsos, vencendo confortavelmente as eleições, à frente da aliança de esquerda de Frans Timmermans, com 26 assentos, e do bloco de centro-direita, com 23.

A Europa acompanhou de perto estas eleições antecipadas, já que Mark Rutte, cuja demissão do cargo de primeiro-ministro desencadeou a votação, desempenhou um papel proeminente em questões que vão desde o resgate da zona do euro --  sobre a qual a sua posição austera o colocou muitas vezes em desacordo com os países do sul da Europa – até a guerra na Ucrânia.

"Os holandeses esperam que o povo possa retomar o seu país e que veremos que o tsunami derequerentes de refúgio e de imigração será reduzido", disse Wilders aos seus apoiadores em Haia, na noite de quarta-feira.

Virada à direita

A confirmar-se nos resultados finais, a vitória de Wilders significará uma forte virada à direita que Bruxelas acolherá com desconfiança, uma vez que o PVV prometeu um referendo sobre a permanência da Holanda na União Europeia.

"Pode não ser o que outros partidos na Europa ou em outros países procuram, mas ei, isso é democracia”, declarou o político de 60 anos depois de votar.

A sua mensagem anti-imigração, que inclui o encerramento de fronteiras e a deportação de imigrantes ilegais, parece ter repercutido profundamente entre os eleitores holandeses.

Mas embora Wilders pareça estar ganhando nas sondagens, não está claro se conseguirá reunir o apoio necessário para formar uma coligação suficientemente ampla para formar um governo viável.

Os líderes dos outros três principais partidos declararam que não fariam parte de uma coligação liderada pelo PVV.

Foram necessários um recorde de 271 dias para formar o último governo. E por enquanto, a incerteza é total.

Discurso suavizado

Geert Wilders, de 60 anos, e seu cabelo oxigenado fazem parte do cenário político holandês há décadas, onde construiu a sua carreira numa cruzada contra o que chama de "invasão islâmica” do Ocidente.

Nem os seus desentendimentos com o sistema judicial holandês, que o considerou culpado de insultar os marroquinos – a quem chamou de "escória" – nem as ameaças de morte, que o mantiveram sob proteção policial desde 2004, o desencorajaram.

Wilders procurou recentemente polir a sua imagem, suavizando algumas das suas posições mais sensíveis.

Em particular, afirmou que existem "problemas mais sérios” do que a redução do número de requerentes de refúgio e que poderia deixar de lado algumas das suas posições anti-Islã, prometendo concentrar-se mais na "segurança e saúde”.

Diante da imprensa em Haia, após ter votado, ele disse que seria um primeiro-ministro para "todos na Holanda, independentemente de religião, origem ou sexo”.

md (AFP, EFE, Lusa)

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