Empresa aérea boliviana é responsabilizada por queda do voo da Chapecoense, juntamente com o comandante, que deveria se certificar de que combustível era suficiente. Autoridades da aviação enfrentam processos e punições.
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As autoridades bolivianas atribuíram a culpa pelo acidente aéreo que tirou a vida de 71 pessoas, entre elas quase toda a delegação da Chapecoense, à empresa aérea boliviana Lamia, proprietária do avião, e ao piloto Miguel Quiroga, morto no desastre.
"O que aconteceu nesse trágico evento são de responsabilidade direta da empresa LaMia e do piloto", afirmou nesta quarta-feira (21/12) o ministro boliviano de Obras Públicas e Serviços, Milton Claros, ao apresentar os resultados de uma investigação realizada pelo governo.
Claros disse que seu ministério vai agir para punir servidores públicos responsáveis por "algumas omissões" que podem ter contribuído para o acidente. A funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares (Aasana) Celia Castedo será processada pelo não cumprimento de suas funções. Outro funcionário responsável pela parte técnica também será punido por não ter advertido sobre os erros no plano de voo da aeronave da LaMia.
O governo lançou novas denúncias contra as autoridades máximas da Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC), César Varela, e da Aasana, Tito Gandarillas, suspensos de seus cargos após o acidente no fim de novembro.
Gandarilla enfrenta um inquérito administrativo e é acusado de não cumprir com suas funções, enquanto Varela foi processado por "omissão de denúncia", por não ter informado sobre a relação entre o diretor-geral da LaMia, Gustavo Vargas Gamboa, e o ex-diretor do Registro Aeronáutico Nacional da DGAC, Gustavo Vargas Villegas, que são pai e filho.
Vargas Villegas enfrenta acusações de "delitos pelo não cumprimento de deveres, uso indevido de influência e negociações incompatíveis com o exercício do serviço público". Ele e o filho estão sob prisão preventiva.
As autoridades afirmaram que a LaMia conseguiu suas licenças e certificações de acordo com as regras, ainda que possa ter havido tráfico de influência, uma vez que o processo foi supervisionado por Vargas Villegas.
Tanto a tripulação quanto a aeronave estavam em dia com suas certificações. A responsabilidade sobre o combustível, porém, é do piloto, que deve verificar se a quantidade é suficiente para a autonomia de voo.
A falta de combustível é apontada como a provável causa do acidente com o avião da LaMia. A aeronave caiu pouco antes de chegar a seu destino final, a cidade de Medellín, na Colômbia.
RC/rtr/efe
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.