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Bolívia decreta "desastre nacional" por incêndios florestais

1 de outubro de 2024

Governo do distrito de Santa Cruz, o mais afetado pelas queimadas, afirma que 7,2 milhões de hectares foram devastados; região faz fronteira com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados mais afetados pelo fogo.

Brigadistas lutam contra fogo em área florestal
Fogo já consumiu mais de 7 milhões de hectares no distrito boliviano de Santa CruzFoto: Juan Karita/AP Photo/picture alliance

O governo da Bolívia decretou nesta segunda-feira (30/09) "desastre nacional" devido aos incêndios florestais sem precedentes que estão afetando principalmente Santa Cruz, o departamento mais rico e populoso do país.

O decreto visa facilitar o direcionamento de ajuda internacional e de recursos do governo federal para que governos locais tomem medidas para combater o avanço das queimadas e prestar socorro aos atingidos.

O presidente boliviano, Luis Arce, justificou a medida pela "magnitude do impacto dos danos causados pela presença de incêndios no território nacional".

Maior desastre ambiental de Santa Cruz

O gabinete do governador de Santa Cruz informou que 7,2 milhões de hectares já haviam sido consumidos somente nessa região até a semana passada, um número que excede os 4,2 milhões registrados em 2019.

De acordo com as autoridades departamentais, esse seria o "maior desastre ambiental" sofrido na região, que abriga 27% da população nacional. Outro departamento afetado é Beni, na Amazônia boliviana, no nordeste do país.

A queima de florestas é uma prática ancestral entre os agricultores bolivianos, que começa entre março e abril e continua até setembro e outubro. Neste ano, a seca, o baixo índice de chuvas e as mudanças climáticas causaram a propagação dos incêndios, informou o gabinete do governador de Santa Cruz.

América do Sul em chamas

A Bolívia faz fronteira com os estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nos dois biomas que têm sido fortemente afetados pelos incêndios no Brasil – Amazônia e Pantanal.

Os incêndios florestais na América do Sul tem  intensificados pela mudança do clima, que causa estiagens e secas prolongadas. Em 2024, 58% do território brasileiro está afetado pela falta de chuva. Em aproximadamente um terço do país, a situação é de seca severa.

Operação contém o fogo no município de Corumbá, Mato Grosso do SulFoto: Gustavo Basso/DW

Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que neste ano houve uma onda de incêndios na floresta amazônica, passando pelo Pantanal, até as florestas bolivianas, que quebrou o recorde de fogo para toda a América do Sul em mais de duas décadas.

Setembro já contabilizou mais de 80 mil focos de incêndio no Brasil, cerca de 30% acima da média histórica, registrada desde 1998 pelo Inpe.

Mato Grosso do Sul registrou um aumento de 601% nas queimadas em 2024 até setembro, totalizando 11.990 focos. Mato Grosso teve um crescimento de 217%, que resultou em 45 mil focos, sendo o estado recordista neste ano, ultrapassando o Pará.

O último relatório oficial do Poder Executivo, no início de setembro, advertia que 3,8 milhões de hectares de florestas e pastagens haviam sido destruídos no país.

A Polícia Federal (PF), o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima apontam que há indícios de que parte dos incêndios florestais no país pode ter ocorrido por meio de ações criminosas coordenadas.

O uso do fogo para práticas agrícolas no Pantanal e na maior parte da Amazônia está proibido e é crime, com pena de dois a quatro anos de prisão.

sf (AFP, EFE, Reuters, ABr, ots)

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