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PolíticaBolívia

Bolívia prende 17 suspeitos de participar de golpe frustrado

28 de junho de 2024

Segundo ministro do Interior, Eduardo del Castillo, conspiradores começaram a elaborar plano em maio. Ex-comandantes do Exército e da Marinha podem pegar até 20 anos de prisão por terrorismo e levante armado.

Juan Arnez Salvador com colete a prova de balas
Ex-comandante da Marinha Juan Arnez Salvador foi um dos presosFoto: Juan Karita/AP/picture alliance

O governo da Bolívia anunciou na quinta-feira (27/06) que 17 militares e civis foram presos por suposta participação na tentativa de golpe de Estado contra o presidente Luis Arce.

Na quarta-feira, o país foi sacudido por um levante de parte dos membros das forças armadas, que tomaram o controle da praça principal de La Paz com veículos blindados e tentaram invadir Palacio Quemado

O ex-comandante do Exército que liderou a tentativa de golpe, Juan José Zúñiga, e um suposto cúmplice, o ex-comandante da Marinha Juan Arnez Salvador, foram presos ja na noite de quarta-feira e permanecem sob custódia. Segundo os promotores, Zúñiga e Arnez podem pegar até 20 anos de prisão por terrorismo e levante armado. Nesta quinta-feira, outros 15 suspeitos foram detidos. 

Plano começou a ser elaborado em maio

O ministro do Interior da Bolívia, Eduardo del Castillo, afirmou que o governo está à procura de mais suspeitos e que os conspiradores começaram a elaborar o plano em maio. 

Segundo Del Castillo, houve participação de militares da ativa e da reserva na tentativa de golpe. Entre os detidos, também está o civil identificado como Aníbal Aguilar Gómez, a quem o ministro se referiu como o "cérebro" do golpe frustrado.

A tropa de choque foi convocada para guardar as portas do palácio presidencial, e Arce chegou a repreender cara a cara Zúñiga.

"Não sou um político que vai ganhar popularidade com o sangue do povo", disse ArceFoto: Mateo Romay Salinas/Anadolu/picture alliance

O presidente boliviano também negou que tenha conspirado com Zúñiga para dar um "autogolpe" com o objetivo de aumentar a sua popularidade — como acusou o oficial no momento de sua prisão.

"Ele argumenta que eu o teria instruído para ganhar um pouco de popularidade. Já foi demonstrado que eu não sou um político que vai ganhar popularidade com o sangue do povo", disse Arce. 

Tensão entre antigos aliados

A tentativa frustrada de golpe ocorre em meio a um confronto aberto entre Arce e o ex-presidente Evo Morales, antigos aliados e agora rivais políticos. Ambos querem concorrer à presidência no próximo ano, o que divide a legenda governista Movimento ao Socialismo (MAS), da qual ambos fazem parte. 

O general Zúñiga tinha sido demitido do cargo de comandante-geral do Exército na terça-feira, um dia antes da tentativa de golpe, após dizer que prenderia Morales se ele insistisse em concorrer à eleição. 

Morales ainda não renunciou às suas aspirações, apesar de uma determinação do Tribunal Constitucional o impedir de concorrer novamente. 

A Bolívia enfrenta uma grave crise política, social e econômica devido à falta de combustível e escassez de divisas. Isso levou a mobilizações sindicais, pelas quais Arce culpa Morales. A tentativa de golpe foi repudiada pelos bolivianos e pela comunidade internacional.  

irp/le (AFP, EFE, Lusa)