Além de Gustavo Vargas Gamboa, dois funcionários da companhia aérea responsável pelo voo da Chapecoense são detidos. Autoridades também solicitam ao Brasil deportação de funcionária da agência de aviação boliviana.
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O Ministério Público boliviano prendeu nesta terça-feira (06/12) o diretor-geral da LaMia, companhia aérea proprietária do avião que caiu na semana passada na Colômbia, com a delegação da Chapecoense a bordo. As autoridades também apreenderam documentos e computadores como parte da investigação sobre o desastre, que deixou 71 mortos e seis sobreviventes.
O diretor-geral, Gustavo Vargas Gamboa, é um ex-militar da Força Aérea Boliviana que, entre 2001 e 2007, foi o piloto de vários presidentes do país, incluído o atual, Evo Morales. Vargas Gamboa é também o pai de Gustavo Vargas Villegas, que até a semana passada ocupava um cargo do alto escalão da Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC), sendo responsável por conceder licenças de operação a companhias aéreas. Villegas foi suspenso de suas funções devido à investigação sobre a companhia aérea.
Além do diretor-geral, foram detidos nesta terça-feira uma secretária e um técnico da companhia com sede na Bolívia. Os três foram levados para a sede do Ministério Público Departamental de Santa Cruz, onde foram submetidos a um interrogatório de cerca de oito horas. As prisões aconteceram na véspera de uma reunião, em Santa Cruz, de autoridades judiciais de Bolívia, Brasil e Colômbia que investigam a tragédia envolvendo o único avião da LaMia.
Funcionária da aviação boliviana
A Bolívia também solicitou ao Brasil a deportação de Celia Castedo, funcionária da Aasana, a agência nacional de aviação da Bolívia. Ela havia questionado o piloto do voo da Chapecoense sobre a autonomia do avião para o trajeto, que partia de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com destino a Medellín.
Castedo viajou ao Brasil para fornecer às autoridades informações sobre a tragédia na Colômbia. Segundo o ministro do Interior boliviano, Carlos Romero, ela se esquivou ilegalmente dos controles de imigração ao deixar a Bolívia com a intenção de escapar da Justiça.
Promotores federais brasileiros disseram nesta segunda-feira, Castedo os havia procurado na cidade fronteiriça de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, depois de ter sido acusada de negligência pela autoridade aeronáutica boliviana. Ela pediu asilo no Brasil.
Romero afirmou que Castedo é procurada desde o desastre com o voo da Chapecoense, como parte de uma ampla investigação sobre a autoridade aeronáutica boliviana. "Não há nenhuma justificativa que sustente um pedido de asilo", disse Romero em uma coletiva de imprensa. "Se a saída foi ilegal, a entrada no Brasil também é ilegal. Logicamente, nesses casos deveria ser aplicado um processo de expulsão automática", argumentou.
A Bolívia, que substituiu a administração da Aasana para garantir uma investigação transparente, prometeu sanções drásticas no caso de irregularidades na concessão da licença de operação à LaMia e ao pessoal que autorizou a partida do avião sem considerar requisitos de autonomia de voo.
IP/rtr/efe
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.