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Bola com chip impede erros de arbitragem

gh20 de janeiro de 2005

Fifa pode testar bola de futebol com chip, inventada por cientistas alemães, para prevenir gols fantasmas e controlar jogadores. Tecnologia pode ser útil também para outros esportes.

Foi gol ou não? Chip ajuda a esclarecer decisões duvidosasFoto: AP

Depois do tira-teima, já usado nas transmissões de TV, uma nova tecnologia poderá revolucionar a arbitragem dos jogos de futebol. Cientistas do Fraunhofer Institut de Erlangen, perto de Nurembergue, desenvolveram um sistama baseado em tecnologia wireless para determinar a posição exata dos jogadores em campo e, assim, esclarecer no ato dúvidas sobre impedimentos, gols e faltas discutíveis.

A comunicação e determinação da posição ocorre através de um chip implantado na caneleira dos jogadores e outro dentro da bola de futebol. Os dados são coletados por até dez antenas posicionadas à beira do gramado, processados por um computador central e, em seguida, transmitidos para aparelhos portáteis.

Josef Blatter, presidente da FifaFoto: AP

A idéia revolucionária partiu do presidente da Cairos Technologie AG, Hartmut Braun, e seu sócio Roland Stucky, após um jogo de veteranos do ATSV Mutschelbach. Como fazem milhões de torcedores todos os fins de semana no mundo inteiro, eles também discutiram horas se a bola havia entrado no gol ou não.

Primeiro, os dois empresários pensaram em instalar barreiras de luz ou radares nas traves. Mas, depois, Braun resolveu pedir aos pesquisadores do Fraunhofer o desenvolvimento de um chip a ser fixado nos jogadores e na bola.

Durante cinco anos, até 60 cientistas do instituto dedicaram-se à programação, medição e a um bate-bola inusitado para os funcionários das empresas vizinhas em Erlangen. Um teste geral foi feito também no Frankenstadion, o estádio do 1. FC Nürnberg, da primeira divisão do futebol alemão.

Malandro da rodada

Nova tecnologia mede posição exata da bola e do jogador em campoFoto: Max-Planck-Institut für Integrierte Schaltungen

"Os chips captam com precisão centimétrica até duas mil vezes por segundo as posições atuais dos 22 jogadores e da bola", explica René Dünkler, do Fraunhofer Institut. Esses dados, processados imediatamente, podem ser usados tanto pelos juízes, para corrigir decisões e acalmar a torcida, quanto pelos treinadores, para avaliar o desempenho dos jogadores e, eventualmente, realizar substituições.

"É uma idéia interessante para medir estatisticamente o rendimento da equipe, mas existe o risco de que a imprensa sensacionalista use os dados para eleger o jogador mais preguiçoso da rodada", diz o técnico do Stuttgart, Matthias Sammer.

Segundo o gerente de marketing da Cairos, Oliver Braun, as redes de TV poderão usar o novo sistema para fornecer mais estatísticas aos telespectadores. “Mas só com estatísticas não se pode explicar o futebol. Um centro-avante que corre pouco, mas marca dois gols, também cumpriu seu papel“, diz Georg Kofler, diretor-executivo do canal comercial Premiere.

A Confederação Alemã de Futebol (DFB) já manifestou seu interesse no invento. "Já trabalhamos com análises de vídeo. Os novos dados são um bom complemento para programar treinos de resistência e definir a tática dos jogadores", disse o instrutor da DFB, Erich Rautemöller.

Chip é implantado na caneleira e na bola de futebolFoto: Max-Planck-Istitut für Integrierte Schaltungen

A Fifa anunciou que poderá fazer o primeiro teste oficial da bola com chip eltrônico no dia 27 de fevereiro próximo, durante a final da Copa da Liga da Inglaterra, em Cardiff. "Estamos buscando uma solução aceitável para controlar a linha de gol", disse o presidente da Fifa, Josef Blatter, ao jornal inglês The Daily Mirror.

Os juízes alemães também apóiam a idéia do chip na bola. "Os árbitros ativos são os últimos que resistiriam a uma inovação como essa, que facilitará o nosso trabalho", declarou Herbert Fandel, que juntamente com seu colega Markus Merk é candidato a apitar partidas da Copa 2006 na Alemanha. "Se a tecnologia está madura, então também deve ser usada", disse o juiz da Fifa, Urs Meier, que apitou a semifinal da Copa 2002 entre Alemanha e Coréia do Sul.

Além do futebol, a nova tecnologia poderá beneficiar o basquete, vôlei, beisebol, golf e até o esqui. Fora do campo esportivo, o novo chip também poderá ser usado em sistemas de segurança nos aeroportos ou para controlar o movimento de presidiários e a localização de pessoas desaparecidas. A bola com chip pode ser o início de uma revolução que vai muito além dos campos de futebol.

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