Mercado
17 de agosto de 2007Por mais que o jornal Financial Times Deutschland chegue a comparar o atual nervosismo do mercado às "piores crises financeiras dos últimos 20 anos" – a saber, 1987, 1998 e 2001 –, o ministro alemão das Finanças, Peer Steinbrück, se esforçou para tentar acalmar os ânimos no país.
"Os contatos necessários estão sendo feitos e foram frutíferos até agora", declarou o ministro, lembrando que as expectativas atuais para quase todos os países da zona do euro são positivas, apesar da crise momentânea.
As turbulências no mercado internacional e os temores de que a crise se agrave tiveram seu ápice na quinta-feira (16/08), com as quedas nos mercados asiáticos e a instabilidade dos bancos com dificuldades finaceiras nos EUA.
A medida do Federal Reserve de reduzir a taxa de redesconto tranqüilizou, pelo menos a curto prazo, os mercados. O banco central norte-americano diminuiu a taxa em meio ponto percentual para 5,75%, em um claro sinal para acalmar o mercado.
Injeção de recursos
A fim de evitar problemas de liquidez no setor bancário, também o Banco Central Japonês e o Banco Central Europeu injetaram milhares de euros no mercado.
Em Frankfurt, as negociações na bolsa nesta sexta-feira (17/08) foram marcadas por um nervosismo inicial, superado no decorrer do dia. Contudo, a confiança do investidor mostra-se abalada, com uma clara tendência à venda de ações.
"Essa grande tempestade nos mercados financeiros tem, no entanto, apenas efeitos brandos na economia", preconiza Holger Schmiedling, economista-chefe do Bank of Amerika em entrevista à Deutsche Welle.
"Nos EUA, vemos há um ano e meio que a crise do setor imobiliário prejudica o crescimento. A economia lá cresce em ritmo menos acelerado do que a tendência a longo prazo. O perigo de uma recessão séria nos EUA não está de todo eliminado, mas, no momento, não é tão grande a ponto de que nós, na Europa, precisássemos nos preparar para tanto", comenta Schmieding.
Crescimento continua
Para além das turbulências do setor imobiliário norte-americano, o economista vê boas perspectivas em outros setores. Otimismo semelhante é disseminado pelo Instituto de Pesquisa Econômica, sediado em Munique, em estudo baseado em entrevistas com 258 especialistas de multinacionais e diversas instituições financeiras. "Tudo indica que a economia vai continuar crescendo na segunda metade de 2007", diz Hans-Werner Sinn, presidente do instituto.
De acordo com o estudo, a situação econômica da Áustria, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Luxemburgo e Holanda deverá ser extremamente favorável nos próximos meses, com números que fazem lembrar os áureos tempos do boom da new economy de 2001. Com exceção da Irlanda e Espanha, os especialistas não vêem qualquer perigo de crise nos países da zona do euro. Entre estes, o único cuja situação é descrita como "pobre" é Portugal.
Agências de rating na mira
Diante da crise que assola os mercados financeiros, cresce também a pressão sobre as agências de rating (classificação de risco de crédito). Uma porta-voz da Comissão Européia em Bruxelas declarou na última quinta-feira (16/08) que as autoridades responsáveis da UE estão preocupadas com a lentidão com que as agências classificadoras de risco vêm reagindo ao perigo de inadimplência no setor imobiliário norte-americano.
"Nas próximas semanas, vamos ver quais são as lições a serem tiradas disso", declarou a porta-voz. Novas regras de operação para as agências de rating deverão ser definidas, no entanto, apenas no próximo ano. Membros da Comissão afirmam que não somente novas regras, mas também mudanças no código de ética das agências deverão ser implementadas.
A União Européia pretende examinar como é exercido o controle sobre essas agências, o grau de seriedade das classificações, além de investigar o financiamento e a forma como elas lidam com conflitos de interesse. (sv)