Bolsonaro é "sinal fatal" para América Latina, diz Schulz
8 de outubro de 2018
Ex-presidente do Parlamento Europeu, político alemão afirma que vitória do candidato do PSL seria um peso para a cooperação internacional e que Haddad tem chance agora de reunir forçar democráticas.
Anúncio
Diante do sucesso do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, que obteve 46% dos votos no primeiro turno da eleição presidencial de domingo, o ex-presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz alertou nesta segunda-feira (08/10) sobre os efeitos do avanço da extrema direita para todo o continente.
"Isso [a vitória de Bolsonaro] seria um sinal fatal para toda a América Latina e um peso para a cooperação internacional", declarou o político alemão, ex-líder do Partido Social-Democrata (SPD), à agência de notícias dpa.
Há anos Schulz, que é deputado federal, defende um acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. O político disse que, no caso da eleição de Bolsonaro, esse tratado ficará cada vez mais distante.
O político também afirmou que o candidato Fernando Haddad (PT) tem agora a chance de reunir as "forças democráticas e progressistas" contra a ameaça de um "poder populista e autoritário".
"Procedimentos são muito questionáveis no caso do Lula"
04:15
Em agosto, Schulz visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão. Em Curitiba, o político afirmou que a visita era tanto de caráter privado quanto em nome dos social-democratas alemães. Ele é o mais notório membro do partido a se manifestar e agir em solidariedade ao petista.
Em entrevista à DW, Schulz afirmou que não estava em posição de "julgar o Judiciário brasileiro", mas opinou que os procedimentos contra Lula provocaram "mais perguntas do que dão respostas". Ele não escondeu que torcia pela vitória petista nas eleições.
Schulz foi um dos arquitetos da atual coalizão de governo da Alemanha, mas sua influência na atual administração liderada pela chanceler federal Angela Merkel (da União Democrata Cristã, ou CDU) hoje é limitada. Ele também perdeu boa parte do seu capital político no início do ano.
Em fevereiro, quando ainda era líder do SPD, Schulz caiu publicamente em desgraça após ter manifestado a intenção de assumir o cargo de ministro do Exterior em um governo liderado pela conservadora Merkel. Isso contradisse uma promessa feita durante a campanha eleitoral do ano passado, quando Schulz afirmara que não pretendia mais manter a aliança dos social-democratas com a chanceler e descartara assumir qualquer cargo ministerial.
No final, os social-democratas acabaram se aliando mais uma vez a Merkel e formaram uma nova coalizão. Mas as ambições pessoais de Schulz foram intoleráveis para a base do partido. Ele renunciou à liderança do SPD no final de fevereiro. Ainda conseguiu apontar como sucessora a sua apadrinhada Andrea Nahles.
CN/dpa/ots
----------------
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube | WhatsApp |
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.