Bolsonaro anuncia militar como ministro de Minas e Energia
30 de novembro de 2018
Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior é décimo membro do próximo governo com laços militares. Almirante atuou na Secretaria da Junta Interamericana de Defesa e foi observador na Força de Paz da ONU em Sarajevo.
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O presidente eleito Jair Bolsonaro confirmou o almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior como ministro de Minas e Energia em seu governo. O anúncio foi feito por Bolsonaro, nesta sexta-feira (30/11), em sua conta pessoal no Twitter.
"Comunico a indicação do Diretor Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante-de-esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, para o cargo de ministro de Minas e Energia", escreveu Bolsonaro na rede social.
O futuro ministro de Minas e Energia é atualmente o diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, foi observador do Brasil na Força de Paz das Nações Unidas em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina, e comandante de submarinos.
Nascido no Rio de Janeiro, Albuquerque iniciou sua carreira na Marinha em 1973 e também foi chefe da divisão de Ciência e Tecnologia Marítima, liderou o gabinete do Chefe de Gabinete da Marinha e foi secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, assim como diretor-geral da Secretaria da Junta Interamericana de Defesa.
O atual ministro de Minas e Energias, Moreira Franco, elogiou a confirmação de Albuquerque como seu sucessor. "O presidente Bolsonaro acertou na indicação do almirante Bento para o MME. Muito bem preparado para as responsabilidades técnicas e de comando do setor. Conhece o funcionamento e os desafios da convivência no parlamento e é de uma família de superdotados", escreveu em sua conta no Twitter.
Albuquerque é o vigésimo nome anunciado para o alto escalão do governo de Bolsonaro. O almirante é também o sétimo nome militar para a futura equipe ministerial e o décimo membro do gabinete que pertence ou mantém uma relação estreita com as Forças Armadas. A previsão é que sejam 22 ministérios, sete a menos dos 29 atuais.
Bolsonaro já havia anunciado o general Fernando Azevedo e Silva como ministro da Defesa, o general da reserva Augusto Heleno Ribeiro como chefe de Segurança Institucional, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz como secretário de Governo Geral e o tenente-coronel Marcos Pontes como ministro de Ciência e Tecnologia.
Além disso, Bolsonaro escolheu o deputado Luiz Henrique Mandetta, que foi tenente e médico do Hospital Geral do Exército, como futuro ministro da Saúde, assim como o advogado Wagner Rosário, que foi capitão do Exército brasileiro e comandará a Controladoria Geral da União.
Também foi nomeado o engenheiro Tarcísio Gomes de Freitas, formado no Instituto Militar de Engenharia, para assumir o ministério da Infraestrutura. E o futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, nascido na Colômbia, residente no Brasil desde 1979, é outro nome que tem relação com o meio militar, já que é professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
Bolsonaro nomeou o deputado Onyx Lorenzoni como ministro da Casa Civil, a deputada Tereza Cristina Correa como chefe da pasta de Agricultura e o juiz Sergio Moro, que liderou a Operação Lava Jato, para comandar o Ministério da Justiça.
O presidente eleito também nomeou o advogado Gustavo Bebianno, presidente do Partido Social Liberal (PSL), como ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, o deputado Marcelo Álvaro Antônio, do PR, como chefe de Turismo, o deputado Osmar Terra, do MDB, no Ministério da Cidadania, e o engenheiro Gustavo Canuto na direção do Desenvolvimento Regional.
O homem forte da nova equipe econômica do Brasil será o economista Paulo Guedes, um neoliberal formado na Escola de Chicago. E o ministério das Relações Exteriores será chefiado pelo embaixador Ernesto Araújo, um diplomata de carreira.
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Treze candidatos se apresentaram para disputar o Planalto. O líder das pesquisas acabou fora da corrida, e vários nomes tentam contornar isolamento partidário. Veja os principais episódios da disputa.
Foto: Reuters/A. Machado
Bolsonaro é eleito presidente
Em segundo turno, os brasileiros elegeram Jair Bolsonaro (PSL) como presidente. Após uma campanha eleitoral polarizada, o militar reformado de extrema direita recebeu 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). Com bandeiras do Brasil e vestidos nas cores verde e amarelo, eleitores comemoram pelo país. No discurso da vitória, Bolsonaro prometeu um governo constitucional e democrático.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S.Izquierdo
TSE abre investigação contra Bolsonaro
A pouco mais de uma semana do segundo turno, o Tribunal Superior Eleitoral abriu uma ação para investigar suspeitas de compra de disparos de mensagens antipetistas no WhatsApp por parte de empresários aliados a Bolsonaro. O pedido de investigação foi feito pelo PT, após uma reportagem do jornal "Folha de S. Paulo". A PF também abriu inquérito para investigar a disseminação em massa de "fake news".
Foto: Reuters/R. Moraes
Bolsonaro e Haddad vão ao segundo turno
Numa das eleições mais polarizadas da história, em 7 de outubro os brasileiros levaram ao segundo turno os dois candidatos que, segundo sondagens, são também os mais rejeitados: Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT). Favorito no Sul e Sudeste, o ex-militar teve 46% dos votos válidos contra 29% do petista, que foi o mais votado em oito estados do Nordeste e no Pará. Em terceiro, Ciro Gomes (PDT) teve 12%.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
Bolsonaro cresce nas pesquisas
Já líder nas pesquisas, o candidato do PSL ampliou sua vantagem no início de outubro, ultrapassando pela primeira vez a marca de 30% em sondagens do Ibope e do Datafolha. Ao longo da semana que antecedeu as eleições, o ex-capitão foi subindo e, na véspera do pleito, cruzou a barreira de 40% dos votos válidos. Após ser esfaqueado, a campanha do candidato se concentrou nas redes sociais.
Foto: Reuters/P. Whitaker
A troca de Lula por Haddad
Após meses de suspense e com aval de Lula, Fernando Haddad foi oficializado candidato à Presidência pelo PT em 11 de setembro, a menos de um mês do primeiro turno, após se esgotarem as chances de o ex-presidente concorrer. Preso e virtualmente inelegível pela Ficha Limpa, Lula era líder nas pesquisas de intenção de voto. O desafio agora será transferir votos para o ex-prefeito.
Foto: Agencia Brasil/R. Rosa
Ataque a Bolsonaro
O candidato do PSL foi esfaqueado durante um ato de campanha em Juiz de Fora, um ataque que prometia mudar os rumos da corrida presidencial. Seus adversários condenaram a agressão, e alguns chegaram a mudar o tom da campanha. Não houve, contudo, um impacto decisivo sobre o eleitorado. Ele segue líder das intenções, mas com percentual praticamente igual. A rejeição a ele, por outro lado, aumentou.
Foto: picture-alliance/dpa/Agencia O Globo/A. Scorza
O "plano B" do PT
Com Lula virtualmente inelegível, a escolha do seu vice passou a ser encarada como um trampolim para um candidato substituto. No início de agosto, o PT acabou indicando Fernando Haddad, que desde o início do ano era cotado como "plano B". Manuela D'Ávila (PCdoB) ficou com a curiosa posição não oficial de "vice do vice", assumindo a posição com Lula candidato ou não.
Foto: Agência Brasil/F.Rodrigues Pozzebom
A novela dos vices
A fase de convenções começou no fim de julho sem que a maioria dos pré-candidatos tivesse um vice. Bolsonaro teve três convites recusados até fechar com o general Mourão (PRTB). Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) se contentaram com nomes do próprio partido. Alckmin teve convite recusado pelo empresário Josué Alencar, cuja família é ligada a Lula, antes de optar por Ana Amélia (PR).
Foto: Agência Brasil/F.Frazão
Os candidatos isolados
A jogada de Alckmin com o "centrão" acabou isolando outros candidatos. Jair Bolsonaro (PSL) tentou negociar com o PR, mas teve que se contentar com o nanico PRTB. Ciro Gomes (PDT) também viu suas investidas no grupo naufragarem. Marina Silva (Rede) e Ciro também não conseguiram apoio do PSB, que ficou neutro numa manobra do PT. Os três terminaram a fase de convenções com pouco apoio e tempo de TV.
Alckmin fecha com o "centrão"
Em julho, o tucano Geraldo Alckmin ainda patinava nas pesquisas, mas criou um fato novo na campanha ao conseguir o apoio do "centrão", as siglas que costumam emprestar seu apoio a governos em troca de cargos e verbas. Ao se aliar com PR, PP, PSD, DEM e SD, Alckmin passou a dominar 44% da propaganda eleitoral na TV. Sua coligação também recebe 48% do novo fundo de campanhas.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Candidaturas descartadas
A eleição de 2018 parecia destinada a superar o número de candidatos de 1989, quando 22 disputaram. Em abril, 23 manifestavam interesse em concorrer, entre eles o presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ex-presidente Fernando Collor. Mas eles logo desistiram ou foram abandonados por seus partidos. Outros aceitaram ser vices. Em agosto, só 13 permaneciam na corrida.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os "outsiders" saem de cena
A possibilidade de Lula ficar de fora e o sentimento antipolítico entre a população sinalizavam que esta seria a eleição dos "outsiders". O ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa e o apresentador Luciano Huck chegaram a ser incluídos em pesquisas. O empresário Flávio Rocha anunciou candidatura. Em julho, todos já haviam desistido, e a disputa ficou restrita a velhos nomes da política.
Foto: Imago/ZUMA Press/M. Chello
Lula é condenado e preso
Quando anunciou, em 2016, a intenção de disputar a eleição, Lula se tornou o líder nas pesquisas. Em janeiro, porém, sua situação se complicou após uma condenação em segunda instância que o deixou virtualmente inelegível. Em abril, foi preso. Com a possibilidade de a candidatura ser barrada, o PT passou a ter dificuldades em formar alianças, e o desfecho do pleito ficou ainda mais imprevisível.
Foto: Reuters/L. Benassatto
Entra em cena o fundo de campanhas
Diante da proibição das doações por empresas, o Congresso criou em outubro de 2017 um novo fundo de R$ 1,7 bilhão para financiar candidaturas, já definindo a capacidade financeira de várias campanhas. Quase 60% do valor ficou concentrado em seis legendas: MDB, PT, PSDB, PP, PSB e PR, deixando candidatos à Presidência de pequenas e médias siglas com menos recursos na largada.