Bolsonaro anuncia que recebeu alta de hospital em São Paulo
5 de janeiro de 2022
Presidente havia sido internado na madrugada de segunda devido a dores causadas por uma obstrução intestinal. Sem necessidade de cirurgia, ele disse que foi liberado pelos médicos nesta quarta.
Anúncio
O presidente Jair Bolsonaro divulgou que recebeu alta do Hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (05/01), após dois dias internado por causa de uma obstrução intestinal.
Ele havia sido hospitalizado por volta das 3h de segunda-feira devido a dores que começaram a aparecer depois do almoço de domingo, em Santa Catarina, onde passava férias.
No Twitter, Bolsonaro publicou uma foto dele com médicos da equipe do hospital, e escreveu: "Alta agora. Obrigado a todos. Tudo posso NAQUELE QUE ME FORTALECE."
Nesta terça-feira, o médico Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo e sua equipe afirmaram que o quadro de suboclusão intestinal, uma obstrução parcial do intestino, de Bolsonaro havia sido resolvido e que uma cirurgia para tratar do problema fora descartada.
O presidente recebeu antibióticos e alimentação por meio de uma sonda nasogástrica. Com o fim da obstrução intestinal, iniciou uma dieta líquida, à qual reagiu bem.
Macedo foi quem operou Bolsonaro após a facada que o presidente levou no abdome em setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais, e acompanha o presidente desde então.
Cirurgias após facada
Desde setembro de 2018, Bolsonaro passou por seis cirurgias, quatro delas ligadas à facada.
Em 6 de setembro de 2018, dia da facada, médicos colocaram uma bolsa de colostomia em Bolsonaro.
Seis dias depois, em 12 de setembro de 2018, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia de emergência para retirada de aderências que estavam obstruindo as paredes do intestino delgado.
Pouco mais de quatro meses depois, em 28 de janeiro de 2019, ele foi internado para a retirada da bolsa de colostomia e reconstrução do trânsito do intestino.
Em 8 de setembro de 2019, Bolsonaro foi operado para correção de uma hérnia na região do abdome. Esta foi a última cirurgia devido a ferimentos causados pela facada.
Em 30 de janeiro e 25 de setembro de 2020, ele foi internado e operado, respectivamente, para fazer uma vasectomia e para retirada de cálculo na bexiga.
Anúncio
Problema pode ser persistente
Na última vez que foi hospitalizado, em julho do ano passado, o presidente ficou quatro dias internado no hospital Vila Nova Star para tratamento de uma obstrução intestinal.
Na época, os médicos cogitaram uma nova cirurgia, que foi descartada depois que o intestino do presidente voltou a funcionar normalmente. Macedo afirmou nesta segunda que o quadro de Bolsonaro era semelhante ao da última vez.
Segundo cirurgiões do aparelho digestivo ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo, o problema pode acompanhar Bolsonaro para o resto da vida. As obstruções são consequência de aderências (partes do intestino coladas) decorrentes das cirurgias após a facada.
Críticas devido a férias
Bolsonaro foi levado às pressas entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira de São Francisco do Sul, Santa Catarina, onde estava de férias com a família, para São Paulo. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) transportou o presidente.
No fim do ano, Bolsonaro viajou para o sul do Brasil a fim de passar a folga de fim de ano, que foi marcada por passeios de jet ski, dança sobre uma lancha e jantar em uma pizzaria.
O período de férias foi bastante criticado nas redes sociais pelo fato de Bolsonaro não ter interrompido o recesso para visitar as regiões atingidas por fortes chuvas e enchentes na Bahia.
Vírus verbal: frases de Bolsonaro sobre a pandemia
"E daí?", "gripezinha", "não sou coveiro", "país de maricas": desde que o coronavírus chegou ao Brasil, presidente tratou publicamente com desdenho a crise. Enquanto a epidemia avança, suas falas causam ultraje.
Foto: Andre Borges/dpa/picture-alliance
"Superdimensionado"
Em 9 de março, em evento durante visita aos EUA, Bolsonaro disse que o "poder destruidor" do coronavírus estava sendo "superdimensionado". Até então, a epidemia havia matado mais de 3 mil pessoas no mundo. Após o retorno ao Brasil, mais de 20 membros de sua comitiva testaram positivo para covid-19.
Foto: Reuters/T. Brenner
"Europa vai ser mais atingida que nós"
A declaração foi dada em 15 de março. Precisamente, ele afirmou: "A população da Europa é mais velha do que a nossa. Então mais gente vai ser atingida pelo vírus do que nós." Segundo a OMS, grupos de risco, como idosos, têm a mesma chance de contrair a doença que jovens. A diferença está na gravidade dos sintomas. O Brasil é hoje o segundo país mais atingido pela pandemia.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/GDA/O Globo
"Gripezinha" e "histórico de atleta"
Ao menos duas vezes, Bolsonaro se referiu à covid-19 como "gripezinha". Na primeira, em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional, ele afirmou, que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria no máximo uma “gripezinha ou resfriadinho”. Dias depois, disse: "Para 90% da população, é gripezinha ou nada."
Foto: Youtube/TV BrasilGov
"Todos nós vamos morrer um dia"
Após visitar o comércio em Brasília, contrariando recomendações deu seu próprio Ministério da Saúde e da OMS, Bolsonaro disse, em 29 de março, que era necessário enfrentar o vírus "como homem". "O emprego é essencial, essa é a realidade. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia."
Foto: Reuters/A. Machado
"A hidroxicloroquina tá dando certo"
Repetidamente, Bolsonaro defendeu a cloroquina para o tratamento de covid-19. Em 26 de março, quando disse que o medicamento para malária "está dando certo", já não havia qualquer embasamento científico para defender a substância. Em junho, a OMS interrompeu testes com a hidroxicloroquina, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/F. Taxeira
"Vírus está indo embora"
Em 10 de abril, o Brasil ultrapassou a marca de mil mortos por coronavírus. No mundo, já eram 100 mil óbitos. Dois dias depois, Bolsonaro afirmou que "parece que está começando a ir embora essa questão do vírus". O Brasil se tornaria, meses depois, um epicentro global da pandemia, com dezenas de milhares de mortos.
Foto: Reuters/A. Machado
"Eu não sou coveiro"
Assim o presidente reagiu, em frente ao Planalto, quando um jornalista formulava uma pergunta sobre os números da covid-19 no Brasil, que já registrava mais de 2 mil mortes e 40 mil casos. “Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?”, afirmou Bolsonaro em 20 de abril.
Foto: picture-alliance/AP Images/A. Borges
"E daí?"
Foi uma das declarações do presidente que mais causaram ultraje. Com mais de 5 mil mortes, o Brasil havia acabado de passar a China em número de óbitos. Era 28 de abril, e o presidente estava sendo novamente indagado sobre os números do vírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre...”
Foto: Getty Images/A. Anholete
"Vou fazer um churrasco"
Em 7 de maio, o Brasil já contava mais de 140 mil infectados e 9 mil mortes. Metrópoles como Rio e São Paulo estavam em quarentena. O presidente, então, anunciou que faria uma festinha. "Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha...". Dias depois, voltou atrás, dizendo que a notícia era "fake".
Foto: Reuters/A. Machado
"Tem medo do quê? Enfrenta!"
Em julho, o presidente anunciou que estava com covid-19. Disse que estava "curado" 19 dias depois. Fora do isolamento, passou a viajar. Ao longo da pandemia, ele já havia visitado o comércio e participado de atos pró-governo. Em Bagé (RS), em 31 de julho, sugeriu que a disseminação do vírus é inevitável. "Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta!”
Foto: Reuters/A. Machado
"País de maricas"
Em 10 de novembro, ao celebrar como vitória política a suspensão dos estudos, pelo Instituto Butantan, da vacina do laboratório chinês Sinovac após a morte de um voluntário da vacina, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria "deixar de ser um país de maricas" por causa da pandemia. "Mais uma que Bolsonaro ganha", comentou.
Foto: Andre Borges/NurPhoto/picture alliance
"Chega de frescura, de mimimi"
Em 4 de março de 2021, após o país registrar um novo recorde na contagem diária de mortes diárias por covid-19, Bolsonaro afirmou que era preciso parar de "frescura" e "mimimi" em meio à pandemia, e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando". Ele ainda chamou de "idiotas" as pessoas que vêm pedindo que o governo seja mais ágil na compra de vacinas.