Bolsonaro cancela participação em encontro sobre Amazônia
3 de setembro de 2019
Planalto informa que presidente não se reunirá com líderes da região amazônica na Colômbia porque estará se preparando para cirurgia. Governo propõe que situação da floresta seja discutida em nova data.
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O presidente Jair Bolsonaro cancelou nesta segunda-feira (02/09) sua participação em uma reunião com líderes dos demais países da região amazônica, afirmou o porta-voz do palácio do Planalto, Otávio do Rêgo Barros.
A reunião marcada para esta sexta-feira na cidade de Letícia, na Colômbia, havia sido agendada após a comoção internacional e as críticas recebidas pelo governo brasileiro em relação às queimadas na Amazônia. Além de Bolsonaro, estariam presentes na reunião os presidentes da Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Guiana e Suriname. Apesar de fazer parte da região, a Venezuela não foi convidada.
A intenção do governo era que, ao final do encontro, os países vizinhos assinassem uma declaração conjunta em favor da defesa da soberania nacional brasileira e contra o que Bolsonaro classifica de uma ameaça de "internacionalização" da Amazônia.
"Por questões de orientação médica, o presidente precisará a partir da sexta-feira entrar em dieta líquida. A consequência disso é praticamente inviabilizar uma viagem a Letícia nesse momento", disse Rêgo Barros.
O governo está avaliando a possibilidade de enviar um substituto de Bolsonaro a Letícia, "ou eventualmente a postergação, a fim de que o próprio presidente, pela importância que ele atribuiu ao tema, possa estar presente em uma futura reunião", afirmou o porta-voz.
No próximo domingo, Bolsonaro terá que retirar uma hérnia surgida no local das cirurgias anteriores, feitas em razão da facada que levou durante a campanha eleitoral do ano passado.
Em agosto deste ano, foram registrados 30.901 focos de incêndio no bioma Amazônia, segundo dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse é o maior número registrado para o mês desde 2010, quando houve 45.018 focos. Especialistas afirmam que os incêndios devem aumentar ainda mais em setembro.
Registros dos últimos 15 anos indicam que o número de focos de queimada em setembro costumam ultrapassar os de agosto, com exceção de 2010.
A Floresta Amazônica enfrenta suas piores queimadas em anos. As chamas deixam rastro de destruição na região e geram comoção internacional. Imagens revelam a proporção assustadora da tragédia.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/E. Peres
Amazônia em chamas
Uma fumaça espessa cobre grande parte da Região Amazônica. A dimensão do avanço da destruição da floresta é melhor percebida de cima. Paredes enormes de fogo consomem grandes áreas verdes e dão o tom da evolução da catástrofe ambiental.
Foto: Imago Images/Agencia EFE/J. Alves
Bombeiros em ação contínua
Apesar dos troncos de árvores queimados, o fogo continua sua destruição. Milhares de bombeiros colocam sua vida em risco para tentar conter as chamas. Aparentemente, seus esforços não são suficientes, e o avanço das queimadas chamou a atenção do mundo para a Amazônia.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/E. Peres
Fumaça chega a regiões distantes
Em 19 de agosto, a fumaça das queimadas chegou até São Paulo, contribuindo para o fenômeno que transformou o dia em noite na cidade. A nuvem de fumaça atraiu a atenção do Brasil e do mundo para a situação na Amazônia. Essa fumaça também foi percebida no Peru e recentemente no Uruguai.
A inércia do governo brasileiro diante do avanço das chamas levou a comunidade internacional a pressionar o presidente Jair Bolsonaro a tomar medidas para combater as queimadas. Solicitado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, o tema foi debatido na cúpula do G7. Depois disso, Bolsonaro fez um pronunciamento anunciando o uso das Forças Armadas nos esforços contra o fogo.
Foto: Youtube/TV BrasilGov
Aumento no número de queimadas
Numa corrida contra o tempo, vários estados da região declararam situação de emergência e pediram ao governo federal o envio de militares. As estatísticas não são nada animadoras. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a 18 de agosto as queimadas aumentaram 82% em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram registrados quase 72 mil focos de incêndio.
No dia seguinte ao anúncio de Bolsonaro, os primeiro militares entraram em ação contra o fogo em Rondônia. O governo disse que disponibilizou 44 mil militares para combater os incêndios que estão devastando a Amazônia.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Brazil Ministry of Defense
Catástrofe causada por humanos
Grandes incêndios não são uma exceção em países sul-americanos. Eles são frequentes durante o período de seca. No entanto, também são causados pela ação humana. Ambientalistas dizem que o recente aumento no número de queimadas é responsabilidade de agricultores, que através do fogo pretendem ganhar terras para o pasto.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/L. Correa
Infraestrutura em perigo
Os incêndios não são um risco apenas em florestas distantes. A foto tirada na região de Cuiabá, no Mato Grosso, mostra a proximidade das chamas a locais habitados. Na beira da rodovia 070, que liga o Brasil à vizinha Bolívia, as chamas resplandecem de forma ameaçadora aos veículos que passam por ali.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/a. Penner
Protestos contra o governo Bolsonaro
Brasileiros foram às ruas em várias cidades do país para protestar contra as políticas ambientais do governo Bolsonaro. Em várias ocasiões, o presidente defendeu o desenvolvimento econômico da Amazônia e chegou a propor a seu homólogo americano, Donald Trump, a exploração conjunta da região.
Foto: Imago Images/Agencia EFE/M. Sayao
Preocupação mundial
As atitudes do governo brasileiro em relação ao meio ambiente e ao avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia provocaram também dezenas de manifestações em frente às representações diplomáticas do Brasil em várias cidades europeias e sul-americanas. A maioria dos atos foi convocada pelo movimento Extinction Rebellion (Rebelião da Extinção).
Foto: DW/C. Neher
Ajuda internacional
Devido à magnitude dos incêndios, o Brasil recebeu apoio da comunidade internacional. O G7 ofereceu 20 milhões de dólares ao país. A oferta, porém, foi recusada por Bolsonaro. O Reino Unido disponibilizou 10 milhões de libras para o combate às queimadas, e Israel prometeu o envio de um avião equipado para essa finalidade.