Benjamin Netanyahu recebe Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, maior condecoração brasileira a cidadãos estrangeiros. Homenagem reforça aproximação com Israel e vem em meio a denúncias de corrupção contra o premiê.
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O presidente Jair Bolsonaro concedeu a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. A honraria é a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros e só pode ser concedida pelo presidente da República.
A grã-cruz foi entregue a Netanyahu no Rio de Janeiro, durante a viagem do premiê israelense ao Brasil em dezembro, mas o decreto presidencial com a concessão foi publicado somente nesta sexta-feira (18/01) no Diário Oficial da União.
A Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul foi criada em 1822 pelo imperador Pedro 1°, com o nome de Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul. Entre as personalidades já homenageadas estão a rainha Elizabeth 2ª, o presidente dos Estados Unidos Dwight D. Eisenhower e o guerrilheiro Che Guevara.
Bolsonaro tem ensaiado uma aproximação com Israel desde a campanha eleitoral. Ele chegou a prometer transferir a embaixada brasileira no país de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo da iniciativa já tomada pelos Estados Unidos, contrariando a posição histórica do Brasil de neutralidade no conflito entre israelenses e palestinos.
Durante sua visita ao país, Netanyahu afirmou que, segundo o presidente brasileiro, a transferência diplomática "não é uma questão de 'se', mas de 'quando'". O plano provocou críticas de países árabes com os quais o Brasil mantém relações comerciais.
A aproximação marca uma nova fase nas relações entre os dois países, que passaram por uma turbulência em 2014 quando o então governo Dilma Rousseff convocou o embaixador brasileiro em Israel, em protesto contra ações militares israelenses na Faixa de Gaza.
Logo depois do episódio, um porta-voz do Ministério do Exterior israelense chamou o Brasil de "anão diplomático" e ironizou a derrota da seleção brasileira por 7 a 1 naquele ano.
Em dezembro, Netanyahu saudou o estreitamento de laços promovido pelo novo presidente. "É uma grande mudança com Bolsonaro. Estou contente por podermos começar uma nova era entre Israel e a grande potência chamada Brasil", afirmara.
Em viagem de cinco dias, o premiê israelense esteve no Rio de Janeiro e em Brasília, onde foi um dos líderes estrangeiros a participar da posse de Bolsonaro, em 1º de janeiro. Ele foi o primeiro premiê de Israel em exercício a visitar o Brasil desde a fundação do Estado judaico, em 1948. Bolsonaro deve retribuir a visita a Israel, mas a viagem não tem data marcada.
Netanyahu tem enfrentadodificuldades na política interna israelense. A ausência de consenso em torno de um projeto que fixa novas regras para o serviço militar levou o Parlamento de Israel a antecipar em sete meses as eleições parlamentares, que ocorrerão em abril. Além disso, o próprio premiê é alvo de um processo judicial por denúncias de desvios.
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.