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EsporteBrasil

Bolsonaro confirma aval para Copa América no Brasil

1 de junho de 2021

"Se depender de mim, haverá Copa América", disse presidente. Plano de sediar torneio em meio à pandemia vem sendo alvo de críticas. Senador Renan Calheiros pede a Neymar que a Seleção abdique de jogar o torneio.

Presidente Jair Bolsonaro agita bandeira do Brasil na arquibancada do Estádio do Minerão, em Belo Horizonte, durante a semifinal da Copa América de 2019, entre Brasil e Argentina
Bolsonaro agita bandeira do Brasil durante a semifinal da Copa América de 2019, entre Brasil e Argentina no MinerãoFoto: picture-alliance/AP Photo/N. Antoine

O presidente Jair Bolsonaro disse ser a favor da realização da Copa América no Brasil. Nesta terça-feira (01/06), o presidente afirmou que, no que depender dele e de seu governo, o torneio será disputado no país. No dia anterior, a Conmebol havia escolhido o Brasil como nova sede do torneio de seleções, após as desistências de Argentina e Colômbia. Políticos e epidemiologistas criticaram de forma veemente a realização da Copa América no Brasil, lembrando que mais de 460 mil pessoas morreram de covid-19 no Brasil e que a pandemia não dá sinais de desaleração.

"Fui consultado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), conversei com todos os ministros interessados e, de nossa parte, é positivo", disse Bolsonaro nesta terça-feira a sua tradicional claque de apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília. "No que depender de mim, de todos os ministros, inclusive o da Saúde [Marcelo Queiroga], está acertado. Haverá."

"Não está havendo jogos da Libertadores? Não está havendo da Sul-Americana? Também não começa, na sexta-feira, a Eliminatória da Copa do Mundo? Ninguém fala nada, não tem problema nenhuma. Por que quando se fala em Copa América querem questionar que causa aglomeração, ajuda a espalhar o vírus, etc.?", questionou Bolsonaro.

Bolsonaro: "Movimento da Globo porque os direitos são do SBT"

O presidente argumentou que o custo para a organização e a realização da Copa América no Brasil é quase nulo. "Os estádios já estão aí. O Brasil foi sondado pela CBF e eu dei sinal verde, no que depender do governo federal. É como se fosse uma Libertadores. Não estamos tendo jogos da Libertadores agora?", justificou.

Bolsonaro reclamou das críticas de parte da imprensa e, sem apresentar, provas disse que a reação negativa teria sido causada por interesses comerciais, aproveitando para atacar a Rede Glbo, que os bolsonaristas enxergam como uma inimiga. "O que está havendo aqui? É um movimento da Globo contrário porque o direito de transmissão é do SBT. É a pressão dessa imprensa chamada Globo, nada mais além disso. Alguém aqui é contra a Copa América? Então, vou acabar com a Libertadores", afirmou.

O presidente também mencionou sua viagem ao Equador, quando participou da posse do presidente equatoriano Guillermo Lasso, e os respectivos protocolos de segurança para ingressar no país.

"Toda equipe teve que fazer exame. Eu fiz no dia anterior, o de enfiar palito no nariz, e fomos para o Equador e voltamos sem problema nenhuma. Futebol é a mesma coisa. Não tem que inventar nada agora no tocante à Sul-Americana. Haverá a Sul-Americana [Bolsonaro se referia à Copa América] no que depender do governo federal", garantiu.

Planos

O governo federal parte da premissa ser responsabilidade da CBF negociar com os governos estaduais a definição das sedes do torneio. Mas diversas autoridades brasileiras reagiram negativamente. Os governos de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Minas Gerais e Rio Grande do Norte rejeitaram a possibilidades de serem realizadas partidas em seus estados. O governo do Rio Grande do Sul classificou como "inoportuno" sediar jogos da Copa América. São Paulo e Bahia aceitarão somente se os jogos forem disputados sem público.

São necessárias cinco sedes, e ainda nenhuma delas foi anunciada oficialmente. Segundo informações de bastidores apuradas pelo O Globo, as cidades-sedes serão Brasília, Rio de Janeiro, Goiânia, Cuiabá e Vitória, e ainda se trabalha com a possibilidade de adicionar Curitiba. A ideia da Conmebol é que todas as seleções fiquem hospedadas no Rio de Janeiro. E a Conmebol deseja que a final seja disputada no Estádio do Maracanã, assim como na última edição da Copa América, em 2019.

"Precisamos disputar o campeonato da vacinação"

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, fez um apelo ao jogador Neymar no qual pede que ele e a seleção brasileira não aceitem disputar o torneio caso o Brasil seja confirmado como sede. "Neymar, eu queria dirigir uma palavra a você: não concorde com a realização dessa Copa América no Brasil. Não é esse o campeonato que nós precisamos agora disputar. Nós precisamos disputar o campeonato da vacinação", disse Calheiros.

"É inacreditável que o governo federal queira sediar a Copa América aqui no Brasil no exato momento em que a pandemia se agrava e enche como nunca os nossos cemitérios, as nossas UTI's, e a terceira onda começa a chegar", disse o senador emedebista. "Seria transformar essa copa em campeonato da morte."

Jogadores de Argentina e Uruguai criticam realização

O atacante da seleção argentina Sergio 'Kun' Agüero classificou como correta a decisão da Conmebol em retirar a competição da Argentina, mas também rejeitou que a Copa América devesse ser disputada no Brasil.

"Se no Brasil está complicado, não se pode jogar. Acho que ouvi falar que as fronteiras estão fechadas. É muito difícil das uma opinião. Nós como como jogadores queremos jogar, mas a questão é encontrar um bom lugar para jogar", disse o atacante recém-contratado pelo Barcelona, que contraiu a covid-19 há alguns meses e lembrou que foi "bastante complicado".

Os jogadores uruguaios Matias Viña, que atua no Palmeiras, Giorgian De Arrascaeta, meio-campista do Flamengo, e a estrela da companhia, o atacante Luis Suárez, também expressaram suas preocupações com a realização do torneio. 

Seis das 10 seleções vacinadas 

A menos de duas semanas para o início da Copa América, seis das dez seleções participantes e os árbitros receberam, ao menos, a primeira dose da vacina contra covid-19 – Paraguai, Chile, Venezuela, Uruguai, Equador e Bolívia. A Conmebol recebeu as vacinas como doação do laboratório Sinovac.

A seleção brasileira deverá ser vacinada somente após os dois jogos válidos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo: 4 de junho contra o Equador e 8 de junho contra o Paraguai. Alguns atletas já foram vacinados, como Neymar, Lucas Paquetá e Maruqinhos. O treinador Tite recebeu a segunda dose em 14 de maio. Cada delegação de cada país deve ter no máximo 65 pessoas, somando jogadores, comissão técnica e dirigentes, e todos os integrantes devem estar vacinados.

Também nesta terça-feira, foi divulgado que o meio-campista chileno Arturo Vidal testou positivo para covid-19 e precisou ser hospitalizado. "Infelizmente, durante os testes descobri que testei positivo para covid-19, depois de me encontrar com um amigo assintomático. Desta vez não poderei estar em campo. Agradeço a todos os trabalhadores da saúde que estão lutando contra essa enfermidade. E peço, por favor, a quem possa: se vacine!", disse Vidal.

O meio-campista da Inter de Milão havia recebido a primeira dose da vacina contra o coronavírus no dia 28 de maio.

pv (efe, lusa, afp, ots)