Bolsonaro confirma Copa América no Brasil e divulga sedes
2 de junho de 2021
Partidas serão realizadas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás. Doria muda de ideia e São Paulo não receberá torneio: "Prioridade é conter a pandemia".
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O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta terça-feira (01/06) que a Copa América será sediada no Brasil neste ano. Ele anunciou também as quatro unidades da Federação onde os jogos serão realizados: Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás.
"Escolhemos as sedes em comum acordo, obviamente, com os governadores. (...) Então, ao que tudo indica, prezado [Marcelo] Queiroga [ministro da Saúde], seguindo os mesmos protocolos, o Brasil sediará a Copa América", afirmou o presidente em evento no Ministério da Saúde.
O ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Ramos, também anunciou no Twitter: "Confirmada a Copa América no Brasil". As partidas serão realizadas sem público.
O governador de São Paulo, João Doria, que havia inicialmente defendido a realização do torneio no Brasil, mudou de ideia e anunciou que o estado não será uma das sedes do campeonato. "Concluímos que representaria uma má sinalização do arrefecimento no controle da transmissão do coronavírus", escreveu.
Os estádios que receberão os jogos serão o Mané Garrincha, em Brasília, o Maracanã, no Rio, a Arena Pantanal, no Mato Grosso, e o Olímpico e o Antônio Accioly, ambos em Goiânia.
No dia anterior, a Conmebol havia informado que o Brasil seria a nova sede do torneio de seleções, após as desistências de Argentina e Colômbia.
Políticos e epidemiologistas criticaram de forma veemente a realização do evento, lembrando que mais de 460 mil pessoas morreram de covid-19 no Brasil e que a pandemia não dá sinais de desaceleração.
"Campeonato da vacinação"
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, fez nesta terça um apelo ao jogador Neymar no qual pediu que ele e a seleção brasileira não aceitem disputar o torneio. "Neymar, eu queria dirigir uma palavra a você: não concorde com a realização dessa Copa América no Brasil. Não é esse o campeonato que nós precisamos agora disputar. Nós precisamos disputar o campeonato da vacinação", disse.
"É inacreditável que o governo federal queira sediar a Copa América aqui no Brasil no exato momento em que a pandemia se agrava e enche como nunca os nossos cemitérios, as nossas UTI's, e a terceira onda começa a chegar", disse o senador. "Seria transformar essa copa em campeonato da morte."
Jogadores de Argentina e Uruguai criticam
O atacante da seleção argentina Sergio 'Kun' Agüero classificou como correta a decisão da Conmebol em retirar a competição da Argentina, mas também rejeitou que a Copa América devesse ser disputada no Brasil.
"Se no Brasil está complicado, não se pode jogar. Acho que ouvi falar que as fronteiras estão fechadas. É muito difícil das uma opinião. Nós como como jogadores queremos jogar, mas a questão é encontrar um bom lugar para jogar", disse o atacante recém-contratado pelo Barcelona, que contraiu a covid-19 há alguns meses e lembrou que foi "bastante complicado".
Os jogadores uruguaios Matias Viña, que atua no Palmeiras, Giorgian De Arrascaeta, meio-campista do Flamengo, e a estrela da companhia, o atacante Luis Suárez, também expressaram preocupação com a realização do torneio.
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Seis das 10 seleções vacinadas
A menos de duas semanas para o início da Copa América, seis das dez seleções participantes e os árbitros receberam, ao menos, a primeira dose da vacina contra covid-19 – Paraguai, Chile, Venezuela, Uruguai, Equador e Bolívia. A Conmebol recebeu as vacinas como doação do laboratório chinês Sinovac, que produz a Coronavac.
A seleção brasileira deverá ser vacinada somente após os dois jogos válidos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo: 4 de junho contra o Equador e 8 de junho contra o Paraguai. Alguns atletas já foram vacinados, como Neymar, Lucas Paquetá e Maruqinhos. O treinador Tite recebeu a segunda dose em 14 de maio.
Cada delegação de cada país deve ter no máximo 65 pessoas, somando jogadores, comissão técnica e dirigentes, e todos os integrantes devem estar vacinados.
bl (ots, efe, lusa, afp)
Futebol e política - 150 anos de histórias
O esporte mais popular do mundo comemora 150 anos de existência e, nesse espaço de tempo, teve momentos de conotação política e influência direta na humanidade, desde trégua em guerras à confraternização de etnias.
Foto: picture-alliance/dpa
A trégua de Natal
Véspera de Natal de 1914. A Europa estava em plena Primeira Guerra Mundial, mas soldados alemães e britânicos organizaram um cessar-fogo não oficial ao longo de toda a frente ocidental. O início da "Trégua de Natal" foi na região de Ypres, na Bélgica, onde as tropas adversárias decoraram as trincheiras, trocaram presentes e jogaram uma partida de futebol.
Foto: PD
O mártir do Wunderteam
No dia 3 de abril de 1938, a Alemanha enfrentou o "Wunderteam" da Áustria no famoso "Jogo da Anexação". Matthias Sindelar (esq. camisa escura) marcou um dos gols da vitória austríaca e comemorou efusivamente na frente dos políticos nazistas. Na Copa de 1938 ele se recusou a defender a Alemanha e, em janeiro de 1939, foi encontrado morto, asfixiado por monóxido de carbono na própria cama.
Foto: picture alliance/Schirner Sportfoto
A partida da morte
O FC Start é provavelmente o maior símbolo esportivo de resistência ao nazismo. Mesmo ciente das consequências, o time (de branco) se recusou a fazer a saudação nazista e ousou vencer - pela segunda vez - a Flakelf, equipe da Força Aérea alemã, no dia 9 de agosto de 1942. Pouco tempo depois, os jogadores foram levados para campos de concentração. A grande maioria morreu sob tortura.
Foto: PD
Capitalismo versus socialismo
Em plena Guerra Fria, no dia 25 de novembro de 1953, a melhor seleção da época, a Hungria, enfrentou a Inglaterra no Estádio de Wembley. O confronto tornou-se importante propaganda para as duas ideologias. Os socialistas, liderados por Ferenc Puskas (esq.), venceram os capitalistas por 6 a 3. Foi a primeira derrota inglesa em casa em 90 anos de futebol.
Foto: Getty Images
"El Clásico"
Assim como o ditador Benito Mussolini sentenciou o "Vencer ou Morrer" para a seleção italiana na Copa de 1938, o general Franco também usou o futebol para enaltecer a Espanha que dirigia. E, em oposição aos catalães, ele usou o Real Madrid como ferramenta propagandista nos anos 50 e 60, originando uma das maiores rivalidades do futebol mundial.
Foto: picture-alliance/dpa
A Guerra das Cem Horas
O futebol é uma atividade de confraternização, mas em 1969 os jogos pelas Eliminatórias entre El Salvador e Honduras transbordaram na "Guerra das Cem Horas". Obviamente as razões do conflito foram de ordem econômica e política, mas a animosidade nos jogos foi o estopim para quatro dias sangrentos com seis mil mortos. No jogo decisivo, em campo neutro, El Salvador venceu e foi à Copa de 70.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
A guerra parou para ver Pelé
Em excursão pela África em 1969, o Santos parou a Guerra de Biafra, na Nigéria. O governador da região nigeriana inclusive autorizou a liberação da ponte que ligava a cidade de Benin - local do jogo - e Sapele, para que todos pudessem ver o Rei Pelé (na foto com Eusébio). Assim que o Santos subiu no avião, a guerra recomeçou.
Foto: AP
Final de Copa perto de centro de tortura
Quando o general Jorge Videla assumiu o poder e instalou uma violenta ditadura militar, a Argentina já estava definida como anfitriã da Copa de 78. Houve diversas ameaças de boicote e protestos. Paul Breitner, campeão de 74, se recusou a ir à Argentina, e a seleção holandesa, vice-campeã, protagonizou um último gesto de repúdio ao governo militar, dando as costas a Videla .
Foto: -/AFP/Getty Images
Winnie Mandela Futebol Clube
Durante o Apartheid, o futebol era um dos principais catalisadores na luta contra a segregação racial na África do Sul. Naquele período, o clube Winnie Mandela FC (nome da mulher de Nelson Mandela) servia como refúgio para líderes políticos e sindicais perseguidos pelo regime. Com o fim do Apartheid, em 1994, a seleção sul-africana se tornou um poderoso fator de coesão nacional.
Foto: Getty Images
Drogba, o artilheiro pacificador
Já eram quase cinco anos de conflito entre os rebeldes do norte e o governo na Costa do Marfim, em 2007, quando Didier Drogba propôs que a partida contra Madagascar fosse disputada em Bouaké, a capital dos rebeldes. Armas e diferenças foram colocadas de lado para celebrar a vitória por 5 a 0, um gol para cada ano da guerra que ali cessaria.
Foto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images
Os eleitos de Alá contra o Grande Satã
Na Copa de 98, dois países de relação politicamente marcada pela animosidade se enfrentaram sob suspense em Lyon: Estados Unidos e Irã. Com a pregação antiamericana, os aiatolás tentaram capitalizar o confronto e o trataram como o duelo entre os "eleitos de Alá" e o "Grande Satã". Antes do jogo, porém, iranianos entregaram flores e posaram abraçados com os jogadores dos EUA.
Foto: Stu Forster/Allsport
Afeganistão recupera identidade na bola
Devido à invasão russa, a guerras civis e ao regime talibã, o futebol deixou de ser praticado no Afeganistão entre 1984 e 2002. A primeira partida oficial em território afegão ocorreu apenas no dia 20 de agosto de 2013. Três semanas depois, os afegãos conquistaram seu primeiro título internacional, a Copa da Federação do Sul da Ásia, recuperando um pouco de sua identidade.
Foto: Prakash Mathema/AFP/Getty Images
Futebol como unificador de povos
Com o colapso da Iugoslávia, cresceram as tensões étnicas na região - que o futebol, mesmo que por um instante, conseguiu apaziguar. Com a inédita classificação da Bósnia para a Copa de 2014, sérvios, croatas e muçulmanos foram às ruas festejar. Unidos.