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Bolsonaro demite ministro do Turismo

9 de dezembro de 2020

Marcelo Álvaro Antônio é pivô de um escândalo de candidaturas laranjas no PSL de Minas Gerais, mas estopim para demissão teria sido uma discussão com titular da Secretaria de Governo.

Brasilien Marcelo Alvaro Antonio Minister für Tourismus
Foto: Agência Brasil/Valter Campanato

O presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta quarta-feira (09/12) o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, segundo revelou a imprensa brasileira. O titular foi informado da decisão durante uma reunião no Palácio do Planalto, que não fazia parte da agenda do presidente.

O estopim para a demissão teria sido uma mensagem enviada por Álvaro Antônio a um grupo no Whatsapp formado por ministros do governo, afirmando que Luiz Eduardo Ramos, titular da Secretaria de Governo, pressionou Bolsonaro a removê-lo do cargo.

No texto, ao qual a imprensa teve acesso, o ministro do Turismo dizia que Ramos pediu "sua cabeça" para que a chefia da pasta fosse entregue ao Centrão, que agora apoia o governo na Câmara.

"Não me admira o Sr Ministro Ramos ir ao PR [presidente da República] pedir minha cabeça, a entrega do Ministério do Turismo ao Centrão para obter êxito na eleição da Câmara dos Deputados", escreveu Álvaro Antônio.

O ministro prossegue dizendo que Ramos – amigo de Bolsonaro desde a época do Exército – "deveria ter aprendido na sua própria formação militar que não se joga um companheiro de guerra aos inimigos, não se pode atirar na cabeça de um aliado".

"Ministro Ramos, o Sr é exemplo de tudo que não quero me tornar na vida, quero chegar ao fim da minha jornada EXATAMENTE como meus pais me ensinaram, LEAL aos meus companheiros e não um traíra como o senhor", conclui a mensagem, citada pela emissora CNN.

Segundo o jornal O Globo, Bolsonaro teria se irritado com a exposição na mídia de mais uma desavença entre membros de seu gabinete.

O jornal Folha de S. Paulo afirmou que a demissão de Álvaro Antônio já estava prevista na reforma ministerial que Bolsonaro planeja realizar no início de 2021. Até lá, ele estaria avaliando nomear o presidente da Embratur, Gilson Machado, como ministro interino do Turismo, diz o veículo.

Mas segundo apurou O Globo, Machado se reuniu com o presidente nesta mesma quarta-feira e já aceitou assumir o ministério de forma definitiva.

Pivô de escândalo

Deputado federal licenciado pelo PSL de Minas Gerais, Álvaro Antônio era aliado de Bolsonaro desde a Câmara dos Deputados, participou ativamente da campanha presidencial e atuava como ministro do Turismo desde o início do governo.

Até então, o presidente vinha relutando em removê-lo do cargo, mesmo o titular estando no centro de um escândalo de candidaturas laranjas no PSL de Minas Gerais, pelo qual foi denunciado pelo Ministério Público.

A denúncia foi apresentada em outubro de 2019, depois de a Polícia Federal ter indiciado Álvaro Antônio pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indevida de recurso eleitoral e por associação criminosa.

Após o escândalo ter sido revelado pela Folha, as investigações concluíram que o ministro comandou um esquema de arrecadação ilegal de fundos para a campanha eleitoral de 2018, enquanto ainda exercia o mandato de deputado federal.

Candidaturas femininas teriam sido usadas de fachada nas eleições para o desvio de verbas eleitorais, com uma parte desse dinheiro público destinada a empresas ligadas a assessores do gabinete dele na Câmara. O inquérito descreve Álvaro Antônio como o "dono do PSL mineiro".

Até hoje, a Justiça ainda não decidiu se aceita a denúncia do Ministério Público e transforma o agora ex-ministro em réu. O caso tramita atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto o ministro Gilmar Mendes analisa um pedido da defesa para que a ação seja anulada.

Segundo argumentam seus advogados, Álvaro Antônio foi investigado de maneira ilegal pelas autoridades de Minas Gerais, uma vez que ele tem direito a foro privilegiado.

EK/ots

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