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Bolsonaro responde ao STF e nega tentativa de fuga

Publicado 23 de agosto de 2025Última atualização 23 de agosto de 2025

PF encontrou no celular do ex-presidente pedido de asilo à Argentina de Javier Milei. Defesa argumenta que documento era "rascunho" e não foi encaminhado porque não havia intenção de fugir.

Jair Bolsonaro em foto do dia 16 de agosto, ao deixar hospital onde fez exames
Jair Bolsonaro em foto do dia 16 de agosto, ao deixar hospital onde fez examesFoto: Mateus Bonomi/Anadolu/picture alliance

A defesa de Jair Bolsonaro respondeu nesta sexta-feira (22/08) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente não pediu asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei, e negou que ele tenha a intenção de fugir do país. 

Os advogados também negaram que Bolsonaro tenha descumprido outras medidas cautelares impostas pela Corte, como o contato com outros investigados ou o uso de redes sociais (leia mais abaixo). 

A manifestação foi enviada ao STF poucas horas antes de expirar o prazo de 48 horas dado pelo ministro Alexandre de Moraes, que havia exigido explicações sobre um pedido de asilo encontrado pela Polícia Federal no celular de Bolsonaro e possíveis violações das determinações judiciais.

O documento foi apreendido durante uma operação de busca e apreensão realizada no mês passado, como parte de uma investigação contra o ex-presidente e aliados suspeitos de tentar obstruir o processo da trama golpista, no qual ele é um dos principais réus. Segundo a PF, o arquivo estava salvo no aparelho desde 2024.

A defesa argumentou que o documento era um "rascunho", e que a solicitação de asilo não foi encaminhada, tampouco pode ser considerada tentativa de fuga ou descumprimento de medidas cautelares.

"A autoridade policial evidentemente sabe – posto que cediço – que para se aventar de uma prisão preventiva é preciso haver fato contemporâneo. Mas, ainda assim, tem apenas um documento, que reconhece ser mero rascunho antigo enviado por terceiro, além da indeclinável constatação de que o tal pedido não se materializou!", disse a defesa.

"Fato é que, com ou sem o rascunho, o ex-presidente não fugiu. Pelo contrário, obedeceu a todas as decisões emanadas pela C. Suprema Corte, inclusive a que o proibia de viajar ao exterior, respondeu à denúncia oferecida, compareceu a todas as audiências, sempre respeitando todas as ordens deste E. STF."

Defesa nega contato com investigados e uso de redes sociais

A defesa negou ainda que Bolsonaro tenha conversado com o ex-ministro Walter Braga Netto após decisão de Moraes que proibiu a comunicação entre os investigados.

A PF afirma ter encontrado uma mensagem de SMS enviada por Braga Netto horas após a ordem de Moraes. Não há registro de resposta do ex-presidente, e é nisso que os advogados do ex-presidente se amparam. "É incrível ter que dizer que a inexistência de resposta é o exato contrário de manter contato", argumentam.

Os advogados também rechaçaram a acusação de que o ex-presidente tenha usado redes sociais, o que foi proibido por Moraes como parte das medidas cautelares impostas em 18 de julho

No dia 3 de agosto, data dos atos bolsonaristas que ocorreram em diversas capitais brasileiras, Bolsonaro distribuiu 22 mensagens em quatro canais de transmissão via WhatsApp, cada uma compartilhada mais de 300 vezes. 

Para a defesa, o WhatsApp não pode ser tomado como uma rede social, mas um "aplicativo de troca de mensagens privadas". Eles citam decisão anterior do próprio ministro que teria estabelecido a diferença. 

"É o que aconteceu, por exemplo, no INQ 4.921, quando Vossa Excelência determinou 'a oitiva de especialistas em monitoramento de grupos de apoiadores de Jair Bolsonaro nas redes sociais e nas plataformas de mensageria Whatsapp e Telegram' – duas coisas absolutamente diversas, portanto", argumentaram.

Os advogados ainda pediram a revogação da prisão preventiva de Bolsonaro, que está em regime domiciliar desde o início de agosto por suspeita de obstrução de Justiça.

Eles defendem que o indiciamento da PF é "vazio de indícios" e demonstra a "parcialidade" da corporação. 

Caso está nas mãos da PGR

Bolsonaro e um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foram indiciados pela PF no inquérito que apura se os dois tentaram coagir autoridades para atrapalhar o julgamento da trama golpista.

Eduardo, que está nos Estados Unidos desde 27 de fevereiro, tem sido apontado como um dos principais articuladores de sanções impostas pelo governo de Donald Trump ao Brasil e a autoridades brasileiras

O lobby bolsonarista levou a uma série de ações da Casa Branca contra o Brasil, incluindo o tarifaço de 50% a produtos do país e sanções financeiras contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Trump afirma abertamente que Bolsonaro é alvo de uma "caça às bruxas" e que as medidas visam impedir seu julgamento.

A PF entende que Jair Bolsonaro e seu filho tentaram obstruir a Justiça ao instar o governo americano a interferir no processo penal. Para a corporação, diversas mensagens encontradas no celular do ex-presidente dão indícios de que ele estava ciente da articulação do filho e condicionou o fim das sanções a uma anistia.

No indiciamento, os agentes ainda anexaram um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que indica "movimentações atípicas" de R$ 44,3 milhões nas contas bancárias de Bolsonaro entre março de 2023 e junho de 2025.

Após receber o relatório de indiciamento, Moraes enviou o caso para a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Caberá ao órgão decidir se Bolsonaro e Eduardo serão denunciados ao STF.

Outras pessoas do entorno do ex-presidente também podem ser acusadas pela PGR. Entre elas, o pastor Silas Malafaia, que sofreu operação de busca e apreensão e teve seu passaporte retido pela PF. A polícia acredita que o aliado de Bolsonaro o orientou a contornar a proibição do uso de redes sociais.

ra (Agência Brasil, ots)

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