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Bolsonaro em silêncio após vitória de Biden

7 de novembro de 2020

Ao contrário de outros líderes mundiais, presidente brasileiro, apelidado de "Trump dos trópicos" no exterior, ainda não divulgou nenhuma reação. Rodrigo Maia e João Doria parabenizam democrata.

USA Florida Mar-a-Lago, Palm Beach | Donald Trump & Jair Bolsonaro, Präsident Brasilien
Trump e Bolsonaro em março, durante a notória visita do brasileiro aos EUA que terminou com vários membros da sua comitiva infectados pelo coronavírusFoto: Reuters/T. Brenner

Fã declarado de Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro permanece em silêncio na tarde deste sábado (07/11) após o anúncio da vitória do democrata Joe Biden nas eleições americanas. Em contraste com outros líderes mundiais, como o britânico Boris Johnson, a alemã Angela Merkel e até chefes de estado sul-americanos, o brasileiro ainda não divulgou nenhuma reação sobre o resultado. O Itamaraty também não fez nenhum comentário.

Biden foi anunciado como o vencedor das eleições americanas no início da tarde deste sábado, de acordo com projeções.

Diferentemente de Bolsonaro, o presidente da Cãmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), se manifestaram.

"A vitória de Joe Biden restaura os valores da democracia verdadeiramente liberal, que preza pelos direitos humanos, individuais e das minorias. Parabenizo o presidente eleito e, em nome da Câmara dos Deputados, reforço os laços de amizade e cooperação entre as duas nações", escreveu Maia no Twitter. O presidente da Câmara, que tem uma relação tumultuada e com altos e baixos com Bolsonaro, também retuitou várias mensagens de congratulação de deputados federais.

Desafeto de Bolsonaro, o governador Joao Doria disse que está feliz com a vitória de Biden. "Feliz com a vitória do candidato eleito presidente dos Estados Unidos Joe Biden. Ele é um defensor da democracia e das relações multilaterais. Bom para os EUA, bom para o Brasil", escreveu Doria no Twitter. Ele também afirmou que mandou uma carta em inglês para o democrata. "Deixe-me congratulá-lo por essa significante vitória. Como governador de São Paulo, maior parceiro comercial dos EUA no Brasil, eu gostaria de fortalecer os laços entre nossas sociedades”, começa Doria na carta.

Aposta derrotada 

Ao longo da semana, Bolsonaro, que implementou uma política externa personalista que alinhou seu governo fortemente a Donald Trump, disse em diversas oportunidades que estava torcendo pela vitória republicana, um gesto que contrastou com seus antecessores, que evitaram se posicionar sobre assuntos internos dos EUA.

"A gente tá aqui com o coração na mão com o que tá acontecendo nos Estados Unidos", disse Bolsonaro para apoiadores em frente ao Palácio Alvorada na quarta-feira, enquanto o cenário já começava a parecer desfavorável para seu aliado. "A esperança é a última que morre". Mais cedo, no mesmo dia, ele também disse: "tenho uma boa política com o Trump, espero que ele seja reeleito."

Seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, outro fã declarado de Trump, também não fez nenhum comentário sobre a derrota do republicano. Em 2017, Araújo escreveu um artigo intitulado Trump e o Ocidente, no qual teceu loas ao mandatário americano, apontando que o via como uma espécie de cruzado que poderia resgatar o Ocidente.

"Os Estados Unidos iam entrando no barco da decadência ocidental, entregando-se ao niilismo, pela desidentificação de si mesmo, pela desaculturação, pela substituição da história viva pelos valores abstratos, absolutos, inquestionáveis. Iam entrando, até Trump", escreveu Araújo

Segundo a rede CNN Brasil e o jornal O Globo, o Planalto já vinha desenhando ao longo da semana cenários para uma eventual judicialização do resultado nos EUA, com o republicano contestando uma derrota nos tribunais.

De acordo com a CNN, o governo brasileiro deve esperar a conclusão de uma provável judicialização da eleição americana para reconhecer o vitorioso. Trump já disse que não reconhece a derrota e que vai contestar o resultado nos tribunais. O republicano elega, sem apresentar provas, que está sendo vítima de fraude.

Isso significa que o Planalto não deve por enquanto reconhecer Joe Biden como presidente, mesmo após ele atingor a marca de 270 delegados no Colégio Eleitoral.

Um dos filhos do presidente brasileiro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), também vem se manifestando a favor de Trump, chegando a compartilhar publicações que tentam minar a confiança no processo eleitoral americano. Eduardo ainda declarou que a "esquerda é bem organizada em nível mundial. Por isso é importante acompanhar as eleições dos EUA. O que acontece por lá pode se repetir aqui". Em 2018, Eduardo chegou a aparecer publicamente com um boné "Trump 2020" durante uma visita a Washington, depois que seu pai já havia sido eleito.

Durante a campanha, o governo Bolsonaro chegou a dar ajuda indireta para a campanha de Trump, como na visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ao estado de Roraima, próximo da fronteira da Venezuela, em setembro. A viagem foi encarada como um gesto para a comunidade latina antichavista do estado da Flórida. A visita de Pompeo a Roraima foi alvo de críticas de Rodrigo Maia, que apontou que a vinda do americano não era apropriada a menos de 46 dias da eleição nos EUA.

 

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