O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em rede nacional nesta terça-feira (23/03), no dia em que, em apenas 24 horas, o Brasil registrou mais de 3 mil mortes por covid-19. Na fala de pouco mais de três minutos, apesar de reconhecer que o coronavírus "infelizmente tem tirado a vida de muitos brasileiros", ele sequer mencionou o recorde de mortes. Ele afirmou que o governo tomou medidas para combater o coronavírus ao longo de toda a pandemia e que sempre foi a favor das vacinas.
Ao defender sua resposta à pandemia, ele mentiu e distorceu dados sobre a vacinação. "Em nenhum momento, o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia", afirmou o presidente. "Sempre afirmei que adotaríamos qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa. E assim foi feito.", disse em seu pronunciamento de pouco mais de três minutos.
Na realidade, ao longo de um ano de pandemia, apesar de lançar medidas econômicas, Bolsonaro minimizou frequentemente os riscos do coronavírus, combateu medidas de isolamento social, promoveu curas sem eficácia, criticou a vacina e tentou sabotar iniciativas paralelas de vacinação e combate à doença lançadas por governadores e prefeitos em resposta à inércia do seu governo na área.
O discurso foi visto como uma tentativa de melhorar a imagem do governo e mudar o tom em meio a pressões por uma coordenação nacional contra a covid-19, após a queda da popularidade do presidente e a fuga de apoio nas redes sociais. Durante o pronunciamento na televisão, Bolsonaro foi alvo de panelaços em várias cidades do país. Muitas pessoas gritavam de suas janelas e sacadas "fora Bolsonaro", "fascista" e "genocida" para expressar sua indignação com a forma como Bolsonaro lida com a pandemia,
que já matou quase 300 mil no país, um número considerado subnotificado por especialistas.