O ex-presidente Jair Bolsonaro passou por uma nova cirurgia em Brasília nesta quinta-feira (25/12). Segundo a equipe médica responsável, o procedimento de correção de hérnia inguinal demorou mais de três horas e transcorreu conforme o previsto.

“O procedimento ocorreu sem nenhuma intercorrência”, afirmou o cirurgião Cláudio Birolini a jornalistas, após o término da operação e a transferência de Bolsonaro para o quarto onde ele permanecerá em observação pelos próximos dias.

Segundo Birolini, a hérnia identificada do lado esquerdo do abdômen ainda estava em fase inicial, sendo menor que a existente do lado direito, mas a equipe médica concluiu que seria mais oportuno operá-la agora.

A previsão inicial da equipe médica é que Bolsonaro demore entre cinco e sete dias para se recuperar. Em observação, ele fará fisioterapia e outros procedimentos a fim de evitar, entre outras coisas, problemas vasculares, como um eventual tromboembolismo venoso, ou seja, a formação de cóagulos.

Além disso, os médicos vão reavaliar a necessidade de um procedimento para tentar sanar os soluços recorrentes que há meses acometem o ex-presidente.

Esta foi a oitava cirurgia de Bolsonaro desde que o político foi vítima de uma facada durante a campanha presidencial de 2018.

Flávio lê carta atribuída ao pai

Um pouco antes do horário marcado para a operação, o senador Flávio Bolsonaro leu uma carta atribuída ao seu pai e que atestaria que Jair Bolsonaro apoia sua pré-candidatura ao Planalto.

"Diante desse cenário de injustiça e com o compromisso de não permitir que a vontade popular seja silenciada, tomo a decisão de indicar Flávio Bolsonaro como pré-candidato à presidência da República em 2026", diz a carta atribuída ao ex-presidente.

No início do mês, Flávio já havia anunciado a intenção de concorrer, afirmando ter sido designado pelo pai. Depois, entretanto, o senador sugeriu que a decisão era uma moeda de troca pela anistia de condenados pela trama golpista de 2022.

O anúncio da pré-candidatura não foi bem-recebido por todos os setores da direita, com alguns preferindo outros nomes, como o do governador Tarcísio de Freitas.

A carta lida por Flávio cita que Bolsonaro "paga um preço alto" com a "saúde e a família" para defender seus ideais, sendo a pré-candidatura do filho um " compromisso de não permitir que a vontade popular seja silenciada."

Concessões limitadas

Sob escolta policial, a saída para o hospital DF Star foi autorizada pelo juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do processo no qual Bolsonaro foi condenado a mais de 27 anos de prisão por ter atentado contra o Estado democrático de direito.

Na decisão, Moraes frisou que a Polícia Federal (PF) deveria oferecer vigilância e segurança a Bolsonaro durante a sua internação, bem como ao hospital, e manter equipes de plantão.

Está proibida a entrada de computadores, telefones, celulares ou qualquer equipamento eletrônico no quarto do ex-presidente, preso há 32 dias em Brasília. Apenas a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi autorizada a acompanhar o marido enquanto familiar no hospital.

Moraes negou, entretanto, um novo pedido de prisão domiciliar apresentado pela defesa. Ele argumentou que não havia correspondência aos requisitos legais para o benefício e que Bolsonaro reiteradamente descumpriu medidas cautelares antes de ser levado à sede da PF.

jps/ht (Lusa, ots)