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Bolsonaro pede que população vá às manifestações do dia 15

7 de março de 2020

Presidente diz que atos são a favor do Brasil, e não contra o Legislativo. Bolsonaro já havia gerado crise institucional quando compartilhou vídeo no Whatsapp chamando para os protestos, originalmente anti-Congresso.

O presidente Jair Bolsonaro fala ao microfone
"O político que tem medo de movimento de rua não serve para ser político", disse BolsonaroFoto: AFP/S. Lima

O presidente Jair Bolsonaro pediu neste sábado (07/03) que a população participe dos protestos marcados para 15 de março, convocados por grupos favoráveis a seu governo.

Em evento em Boa Vista, onde fez escala a caminho dos Estados Unidos, o mandatário afirmou que os atos são a favor do Brasil, e não contra o Congresso ou o Judiciário. A declaração foi publicada em vídeo pelo deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, no Twitter.

As manifestações de 15 de março geraram uma crise entre os Poderes em fevereiro, quando a imprensa brasileira revelou que Bolsonaro compartilhou no Whatsapp um vídeo que convocava a população a participar dos atos.

Como o movimento faz críticas ao Legislativo e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o caso gerou uma onda de condenações por parte de líderes políticos de várias correntes e partidos, bem como de ministros do Supremo.

Neste sábado, o presidente defendeu os protestos, os quais chamou de um "movimento de rua espontâneo". "E o político que tem medo de movimento de rua não serve para ser político. Então participem", afirmou.

"Não é um movimento contra o Congresso, contra o Judiciário. É um movimento pró-Brasil. É um movimento que quer mostrar para todos nós – presidente, Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário – que quem dá o norte para o Brasil é a população", acrescentou. "Participem e cobrem de todos nós o melhor para o Brasil."

O vídeo termina com Bolsonaro afirmando: "Quem diz que é um movimento impopular contra a democracia está mentindo e tem medo de encarar o povo brasileiro."

Os atos foram convocados por defensores do governo em apoio aos militares e contra o Congresso, após declarações do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que em fevereiro fez graves críticas aos parlamentares.

A fala em questão foi gravada durante uma transmissão ao vivo em rede social, em conversa com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, em meio a um embate entre o Congresso e o Planalto acerca da execução do Orçamento. "Não podemos aceitar esses caras [congressistas] chantageando a gente. Foda-se", disse o ministro.

Quando a imprensa revelou que Bolsonaro teria compartilhado mensagens chamando para as manifestações, o presidente tentou minimizar a polêmica, afirmando que, no Whatsapp, ele possui "algumas dezenas de amigos" com os quais troca "mensagens de cunho pessoal".

Não bastou para impedir a série de declarações de indignação que se sucedeu. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou à época que "criar tensão institucional não ajuda o país a evoluir". Celso de Mello, do STF, disse que Bolsonaro não estaria "à altura do altíssimo cargo".

Especialistas declararam que a atitude de convocar para um ato contrário ao Congresso poderia constituir crime de responsabilidade, passível de impeachment.

Segundo o jornal O Globo, a reação negativa também por parte da sociedade civil levou aliados do governo a trabalharem para mudar o mote dos protestos.

Também após as críticas, o presidente teria se reunido com parlamentares para explicar que a polêmica não passou de um mal-entendido e que ele apoia as instituições democráticas, segundo afirmou o jornal Folha de S. Paulo.

EK/ots

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