Bolsonaro revê declaração sobre "perdoar o Holocausto"
15 de abril de 2019
Presidente envia carta ao governo de Israel para tentar encerrar polêmica em torno de declaração sua dada a evangélicos. "Qualquer outra interpretação só interessa a quem quer me afastar dos amigos judeus", afirma.
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O presidente Jair Bolsonaro enviou uma mensagem à embaixada de Israel no Brasil para esclarecer uma declaração sua de que seria possível perdoar o Holocausto. A declaração foi dada durante um encontro com evangélicos, na semana passada, e enfaticamente condenada pelo presidente de Israel, Reuven Rivlin, e pelo Museu do Holocausto, visitado por Bolsonaro no início do mês.
"Deixei escrito no livro de visitantes do Memorial do Holocausto em Jerusalém: 'Aquele que esquece seu passado está condenado a não ter futuro'. Portanto, qualquer outra interpretação só interessa a quem quer me afastar dos amigos judeus. Já o perdão é algo pessoal, nunca num contexto histórico como no caso do Holocausto, onde milhões de inocentes foram mortos num cruel genocídio", diz um trecho da carta de Bolsonaro, divulgada neste domingo (14/04).
Com a carta, Bolsonaro busca apaziguar as fortes reações causadas por uma declaração sua, dada durante um encontro com evangélicos no Rio de Janeiro, na quinta-feira, na qual disse que se pode "perdoar, mas não esquecer" o Holocausto.
"Fui, mais uma vez, ao Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer. E é minha essa frase: 'Quem esquece seu passado está condenado a não ter futuro'. Se não queremos repetir a história que não foi boa, vamos evitar com ações e atos para que ela não se repita daquela forma", afirmou Bolsonaro no encontro.
Em seguida, o próprio Museu do Holocausto divulgou um comunicado no qual diz que ninguém tem o direito de determinar se os crimes hediondos cometidos pelos nazistas na Segunda Guerra podem ser perdoados. O Yad Vashem é um centro de memória do Holocausto, que se dedica a homenagear as vítimas e os que combateram o genocídio de seis milhões de judeus pelo regime nazista.
"Desde a sua criação, o Yad Vashem tem trabalhado para manter a lembrança do Holocausto viva e relevante para o povo judeu e a toda humanidade", completa a nota. "Não concordamos com a fala do presidente brasileiro de que o Holocausto pode ser perdoado. Não é direito de nenhuma pessoa determinar se crimes hediondos do Holocausto podem ser perdoados."
O presidente de Israel, país do qual Bolsonaro tem buscado uma aproximação, também seguiu o tom do comunicado do Yad Vashem, mas não mencionou o líder brasileiro.
"Sempre vamos nos opor àqueles que negam a verdade ou aos que desejam expurgar nossa memória indivíduos ou grupos, líderes de partidos ou premiês. Nós nunca vamos perdoar nem esquecer", escreveu Rivlin no Twitter.
"O povo judeu sempre vai lutar contra o antissemitismo e a xenofobia. Líderes políticos são responsáveis por moldar o futuro. Historiadores descrevem o passado e investigam o que aconteceu. Nenhuma das partes deveria entrar em território da outra."
No início do mês, Bolsonaro fez uma visita de quatro dias a Israel, a convite do premiê Benjamin Netanyahu, um aliado político. Durante a viagem, ele visitou o museu Yad Vashem e causou indignação ao repetir a tese que o nazismo teria sido um movimento de esquerda. A própria instituição define o nazismo como um movimento de extrema direita.
PV/dw/ots
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Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.