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Bolsonaro volta a passear pelo comércio em meio à pandemia

10 de abril de 2020

Crítico do isolamento social, presidente tirou fotos com funcionários de uma padaria de Brasília e provocou aglomeração no local. Visita ocorre no mesmo dia em que número de mortes por covid-19 no país chegou a 941.

Brasilien Brasilia - Jair Bolsonaro
Foto: Reuters/U. Marcelino

Jair Bolsonaro voltou a passear pelo comércio do Distrito Federal nesta quinta-feira (09/04). Sem usar máscara, o presidente visitou uma padaria de Brasília e tirou fotos com apoiadores. A presença de Bolsonaro provocou aglomerações no local.

Um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo, publicou no Twitter um vídeo da visita. Nele, o presidente aparece tocando em funcionários da padaria enquanto posa para fotos. Ele também abraçou apoiadores. Quase nenhuma das pessoas que apareceu no vídeo, incluindo membros da comitiva de Bolsonaro, seguiu a recomendação do Ministério da Saúde de manter distância de pelo menos um metro uma da outra. 

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, também aparece nas imagens.

O passeio ocorre no mesmo dia em que o Brasil voltou a registrar pela terceira vez consecutiva mais de cem mortos por coronavírus num mesmo dia. O total de vítimas da doença no país já chega 941.

Ao voltar para o Palácio da Alvorada, Bolsonaro falou com apoiadores sobre o passeio, segundo o jornal O Globo. 

"Parei em uma padaria agora para tomar uma coca-cola. Você sabe o que é para mim atividade essencial? Toda aquela que é necessária para você levar um pão para a tua filha”, disse. 

Padarias de Brasília estão autorizadas a abrir as portas durante a pandemia, segundo decreto do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Mas o funcionamento está autorizado apenas para a venda de produtos, não para o consumo no local. O governo local também recomenda que as pessoas nesses estabelecimentos mantenham distância de dois metros de outros indivíduos.

Apesar do vídeo de Eduardo indicar uma recepção calorosa na padaria, em outras imagens da visita, gravadas por moradores de prédios próximos e publicadas em redes sociais, é possível ouvir pessoas vaiando e xingando o presidente. No vídeo de Eduardo, que contém uma trilha sonora genérica em boa parte da duração, não é possível ouvir as vaias.

Essa não é a primeira vez que o presidente escancara com um passeio sua oposição a medidas de distanciamento social que vêm sendo adotadas pelo mundo e que são recomendadas pelo seu próprio Ministério da Saúde.

No dia de 29 de março, Bolsonaro já havia feito um giro parecido pelo comércio do Distrito Federal, um dia após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, recomendar que a população ficasse em casa. Nesta ocasião, Bolsonaro publicou vídeos do passeio no Twitter, mas eles acabaram sendo excluídos pela rede social por violarem as regras da rede sobre a divulgação de informações que possam colocar as pessoas em risco durante a pandemia.

Duas semanas antes desse passeio, ele também foi pessoalmente cumprimentar em Brasília centenas de pessoas que tomaram parte em uma manifestação de caráter anticonstitucional para pedir o fechamento do Congresso

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem aumentado o volume de críticas a medidas que possam restringir a circulação de pessoas ou a abertura do comércio, afirmando que o país precisa "voltar à normalidade” para não prejudicar a economia. Ele também já minimizou a pandemia como "uma gripezinha” e "resfriadinho”. O presidente chegou a afirmar friamente que "alguns vão morrer", mas que não se pode "parar uma fábrica de automóveis porque tem mortes no trânsito". 

Bolsonaro defende apenas a adoção de uma quarentena parcial, com isolamento de grupos de risco, como idosos. 

A ideia, no entanto, vai na contramão da maioria dos países que vem sendo severamente atingidos pela pandemia, que aplicaram mecanismos rígidos para desestimular a circulação de pessoas e aglomerações. No caso da Alemanha, o passeio que Bolsonaro realizou, por exemplo, seria punido com multa. O país europeu proibiu aglomerações de mais de duas pessoas. No comércio alemão, a ordem é manter distância de pelo um metro e meio de outras pessoas. Quem não cumprir a determinação pode ser multado em 200 euros (1.100 reais).

JPS/ots

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