Tentativa de desarmamento de artefato de 250 quilos causa detonação parcial e incêndio de quase 12 horas. Após três dias de impasse e com raio de quase um quilômetro isolado, moradores começam a dar sinais de irritação.
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Em Dresden, seguem nesta quinta-feira (24/05) pelo terceiro dia consecutivo os trabalhos de desativação de uma bomba de 250 quilogramas da Segunda Guerra Mundial.
Embora não seja anormal a descoberta de bombas antigas em cidades alemãs, os procedimentos geralmente são precisos e duram menos tempo. Uma explosão parcial na madrugada, seguida de um incêndio que durou quase 12 horas, dificultaram o andamento da operação em Dresden.
Conforme explicou o porta-voz da polícia de Dresden, Thomas Geithner, a tentativa de desarmar remotamente a bomba resultou em faíscas e incendiou o material de isolamento. Por volta das 23h25 (horário local) houve uma detonação parcial.
O fogo perdurou por toda a noite. Por volta das 11h30 (horário local), após análise aérea feita de um helicóptero, um robô-bombeiro foi enviado a até 300 metros do local para iniciar a extinção do fogo no material de isolamento e acelerar o arrefecimento da bomba.
"Se esperarmos que a bomba se esfrie sozinha, a desativação duraria dias", afirmou Geithner. "Toda a operação está sendo feita via transmissão de imagens. Depois que o incêndio tiver apagado, uma escavadeira blindada será usada para a remoção do material de isolamento que caiu em cima da bomba. Só então, um especialista em detonação se aproximará do local para avaliar a situação."
O porta-voz da polícia de Dresden confirmou que apenas uma parte da bomba explodiu, mas não soube especificar se havia risco de o restante da bomba explodir. A bomba de 250 quilogramas de fabricação britânica está equipada com um detonador e, portanto, precisa ser desativada localmente.
"Obviamente não podemos determinar quanto tempo levará até a desativação da bomba. A meta é terminar a operação nesta quinta-feira", disse Geithner. "A paciência da população está próxima de se esgotar." Muitos moradores estão com medo de furtos e invasão de domicílios, além do bem-estar de seus animais de estimação.
A polícia estabeleceu um raio de 800 metros em torno da bomba. Na noite de terça para quarta-feira, aproximadamente 8.700 pessoas tiveram de deixar suas casas. Meios de transporte públicos tiveram suas rotas desviadas, e alguns trens foram cancelados. Até o espaço aéreo sobre Dresden foi fechado após a detonação parcial.
A descoberta de bombas remanescentes da Segunda Guerra não é algo raro em cidades alemãs. Somente em 2018, já houve duas operações sensíveis em Berlim, Paderborn, Minden e Frankfurt.
E, segundo o diário local Westfallen Blatt, somente no estado da Renânia do Norte-Vestfália são encontradas anualmente quase 1.400 bombas da Segunda Guerra. Especialistas afirmam que 10% das milhões de bombas lançadas por americanos e britânicos sobre cidades alemãs não detonaram.
PV/dpa/mdr
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Bombas da 2ª Guerra descobertas na Alemanha
Mais de 70 anos após o conflito mundial, estima-se que milhares de explosivos continuem escondidos em solo alemão. Todos os anos, peritos desarmam cerca de 5 mil bombas, além de toneladas de outras munições.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Bockwoldt
Caos no coração de Berlim
Uma bomba da Segunda Guerra Mundial provocou caos na movimentada região em torno da estação central de Berlim em 20 de abril de 2018. O artefato de 500 quilos foi encontrado por trabalhadores de uma construção na área. Cerca de dez mil pessoas tiveram que deixar suas casas. A estação ferroviária e partes do centro da cidade foram bloqueadas e evacuadas.
Foto: picture-alliance/dpa/Polizei Berlin
Megaoperação em Frankfurt
A maior operação para o desarmamento de uma bomba da Segunda Guerra Mundial na Alemanha ocorreu em Frankfurt. Mais de 60 mil pessoas – cerca de 8% da população da cidade – foram obrigadas a deixar suas casas em 3 de setembro de 2017. Muitos aproveitaram o tempo em museus ou foram ao centro de exposições da cidade, onde comida e sofás foram disponibilizados.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Arnold
Outras grandes cidades
Em maio de 2017, cerca de 50 mil pessoas tiveram que deixar suas casas em Hannover para que especialistas desativassem ao menos cinco bombas encontradas numa obra. Dois meses antes, em Düsseldorf (foto), a descoberta de um artefato de 500 quilos levou à retirada de 8 mil moradores.
Foto: picture alliance/dpa/R.Weihrauch
Uma bomba no Natal
Em 2016, especialistas em Augsburg, no sul da Alemanha, precisaram agir em pleno Natal para desarmar uma bomba de quase duas toneladas. Após 12 horas de muito trabalho, o artefato foi neutralizado, e as cerca de 54 mil pessoas retiradas de suas residências puderam retornar.
Foto: picture alliance/dpa/S. Puchner
Em último caso, explodir
Em agosto de 2012, uma bomba aérea americana da Segunda Guerra precisou ser detonada em Munique, após falharem as tentativas de desativar o artefato de 250 quilos. As ondas de choque causadas pela explosão assistida destruíram fachadas e quebraram janelas. O mesmo ocorreu em 2017 em Oranienburg, no estado de Brandemburgo, que possui a maior concentração de bombas enterradas em solo alemão.
Foto: picture-alliance/dpa
Trabalho arriscado
Em meados de 2010, no meio do processo de desarmar uma bomba em Göttingen, na Baixa Saxônia, o artefato acabou explodindo acidentalmente. Três especialistas morreram, e várias pessoas ficaram feridas. Anos antes, a detonação acidental de uma bomba aérea também deixou mortos na pequena cidade de Wetzlar. Apesar de raros, incidentes desse tipo já mataram 11 peritos desde 2000.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Decker
Munição no fundo do mar
Artefatos explosivos da Segunda Guerra, como bombas e granadas, estão também no Mar Báltico, no Mar do Norte e em águas continentais da Alemanha. Estima-se que 1,5 milhão de toneladas dessas munições sigam debaixo d'água. Muitas foram despejadas pelos próprios alemães durante a guerra para que não caíssem nas mãos dos Aliados; outras foram jogadas no mar a mando das forças vitoriosas.
Alvo de muitos ataques aéreos durante a Segunda Guerra Mundial, Koblenz viu várias bombas serem desarmadas ao longo dos últimos anos. Os residentes da cidade precisaram deixar suas casas em 1999, 2011 e 2015 para que peritos pudessem fazer seu trabalho. Em dezembro de 2011, a desativação e detonação de uma série de artefatos no rio Reno levou à retirada de 45 mil pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/F. von Erichsen
Grande evacuação em Ludwigshafen
Em 1997, uma mina aérea britânica de quatro toneladas foi encontrada na cidade de Ludwigshafen, ao sul de Frankfurt. A desativação do explosivo levou à maior evacuação da história pós-guerra até aquela época: 26 mil pessoas tiveram que deixar suas casas.