Bombardeios atingem dois maiores hospitais de Aleppo
28 de setembro de 2016
Clínicas com unidades de terapia intensiva no leste da cidade, controlado por rebeldes, saem de operação. ONG classifica ataques como "deliberados" e alerta sobre escalada de violência.
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Ataques aéreos atingiram os dois maiores hospitais da área controlada por rebeldes na cidade síria de Aleppo, afirmou nesta quarta-feira (28/09) a ONG Sociedade Médica Sírio-Americana (Sams).
Ambos os hospitais, que estão agora fora de serviço, já haviam sido alvo de ataques anteriores, de acordo com Adham Sahloul, porta-voz da ONG, que dá apoio às clinicas. Ele descreveu os recentes bombardeios como "deliberados".
Não se sabe se os ataques foram executados por forças síria ou russas, aliadas do regime. Ambas vêm bombardeando intensamente o leste de Aleppo nos últimos dias, controlado pela oposição. No último fim de semana, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, falou no "mais contínuo e intenso bombardeio desde o início do conflito na Síria [em 2011]".
Imagens de drones mostram Aleppo em ruínas
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O hospital M10, o maior dos dois atingidos, teve seu gerador completamente destruído, além do sistema de ventilação. Três funcionários ficaram feridos no outro hospital, o M2.
"Dois pacientes morreram. Estamos tentando descobrir se foi diretamente por causa do ataque ou porque o tratamento foi interrompido", acrescentou Sahloul à agência de notícias AFP. O porta-voz alertou sobre graves consequências se a violência continuar na cidade.
"Com esses dois hospitais fora de operação, se houver outra ofensiva hoje como as de sábado e domingo, será o mesmo que uma garantia de morte para centenas de pessoas", disse.
Tática de guerra
Segundo a agência de notícias DPA, os dois hospitais atingidos fazem parte de um total de cinco que possuem unidades de terapia intensiva no leste de Aleppo e ainda estavam em funcionamento.
Dezenas de sírios foram mortos em bombardeios em Aleppo desde que as forças do presidente Bashar al-Assad lançaram uma ofensiva para recapturar as áreas controladas pelos rebeldes, na última quinta-feira. Acredita-se que mais de 250 mil civis estejam sitiados no leste da cidade.
Quase dois milhões de pessoas ficaram sem água em Aleppo no último fim de semana, após bombardeios por parte de aviões do regime de Damasco danificarem uma das estações de bombeamento de água e outra ser fechada pelos rebeldes em retaliação.
Nos últimos meses, uma série de hospitais foi destruída ou danificada por bombardeios no país. Segundo organizações de ajuda humanitária, os ataques se tornaram uma tática de guerra.
LPF/afp/dpa/rtr
Síria: patrimônio histórico destruído na guerra civil
Cerca de 300 locais de interesse histórico já foram danificados, saqueados ou totalmente destruídos na guerra civil da Síria. Uma excursão aos patrimônios culturais ameaçados do país.
Foto: Fotolia/Facundo
Destruição
Em quase quatro anos, a guerra civil síria contabilizou centenas de milhares de mortos e o deslocamento de cerca de dez milhões de pessoas. Análises do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Pesquisa (Unitar, em inglês) feitas por satélites mostram a destruição de patrimônios culturais no país. Nesta foto, o centro histórico de Damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Tödt
Mesquita dos Omíadas
A análise revelou que 290 sítios culturais foram fortemente atingidos. Do ano 708, a Mesquita dos Omíadas, em Damasco, teve o mosaico de sua fachada destruído por tiros.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/Neukirchen
Imagem de destruição
Especialmente atingida foi a metrópole de Aleppo, que, com 7 mil anos de história de assentamentos, faz parte das cidades mais antigas do mundo. A imagem de satélite à direita mostra a destruição na região próxima à cidadela.
Foto: US Department of State, Humanitarian Information Unit, NextView License (DigitalGlobe)
Antes dos tiros
A Mesquita dos Omíadas, em Aleppo, também foi fortemente danificada. A mesquita, do ano 715, foi reconstruída diversas vezes nos séculos seguintes à sua construção. Especialmente o minarete, do ano de 1092, é considerado uma obra-prima arquitetônica. Aqui, uma foto da mesquita antes de ser destruída.
Foto: picture alliance/Bibliographisches Institut/Prof. Dr. H. Wilhelmy
Troca de acusações
O minarete da Mesquita dos Omíadas foi destruído durante uma batalha, em 2013. Hoje sobrou somente o escombro, já que grande parte da edificação foi gravemente danificada. O governo e os rebeldes acusam-se mutuamente.
Foto: J. Al-Halabi/AFP/Getty Images
Luta implacável
A batalha entre o governo e rebeldes por Aleppo ocorre desde 2012 e faz com que os danos sejam proporcionais ao tempo do confronto. O hotel Carlton, de 150 anos, em frente à cidadela de Aleppo, era famoso, entre outros motivos, por seu interior histórico e bem conservado.
Foto: CC-SA-BY-Preacher lad
Totalmente destruído
Hoje não sobrou nada do hotel. Em maio de 2014 foram acionados explosivos em um túnel localizado embaixo da construção. De 210 prédios históricos analisados pela Unitar em Aleppo, a metade foi danificada e um quinto foi totalmente destruído.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Mercado de "conto de fadas"
Visitantes do mercado de Aleppo se sentiam num conto de fadas das mil e uma noites. O bazar, que permaneceu inalterado desde o século 16, consistia de uma longa rede de vielas totalizando sete quilômetros.
Foto: AP
Perdido para sempre
Em 2012, um incêndio causou danos irreversíveis ao mercado. De acordo com números oficiais, 1.500 das 1.600 lojas no bazar foram danificadas ou destruídas.
Foto: AP
Inconquistável, mas…
Numa fortaleza curda, foi construído durante os séculos 12 e 13 o chamado Forte dos Cavaleiros, um castelo para cavaleiros das Cruzadas. A edificação era conhecida por nunca ter sido conquistada por meio de guerra ou de cerco.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
… não indestrutível
O castelo, que se localiza ao leste de Homs e próximo à fronteira com o Líbano, foi submetido novamente à artilharia de fogo e ataques aéreos. A luta deixou o teto e muros destruídos, como também partes da edificação desmoronadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
Impossível de se reconhecer
Dura Europos foi fundada no ano 300 a.C. como uma colônia militar. Aqui não somente as batalhas, mas também os constantes saques foram responsáveis para que muitas edificações da chamada "Pompeia síria" não sejam mais reconhecíveis.
Foto: picture-alliance/akg-images/Leo G. Linder
Templo destruído
A cidade de Palmira é considerada um dos centros culturais da antiguidade. Lutas, saques e o roubo de pedras afetaram consideravelmente as atrações históricas. De 2 mil anos, o templo de Baal – na foto, antes da guerra civil – perdeu uma de suas colunas.