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Bonn recebe guerreiros de Xi'An

Marion Andrea Strüssmann27 de maio de 2003

A reprodução de figuras em terracota de um dos grandes tesouros arqueológicos da humanidade, os guerreiros chineses de Xi'An, é a atração de uma exposição que está sendo realizada no parque Reinhaue, em Bonn.

Figuras são consideradas oitava maravilha do mundoFoto: Terra Präsenta

Qin Shi Huangdi foi o primeiro imperador chinês, responsável pela unificação da China em 221 antes de Cristo. Grandes reformas sociais e econômicas foram realizadas durante sua dinastia. Foi neste período que aconteceu a padronização da escrita, da moeda, dos pesos, das medidas, da largura dos eixos dos veículos usados nos transportes. O imperador, inclusive, teria dado início à construção da primeira versão da Grande Muralha da China.

Já naquela época, há mais de 2 mil anos, os chineses acreditavam na continuação da vida após a morte e na existência de alguma erva que prolongasse indefinidamente a vida. Durante anos, Qin Shi Huangdi organizou expedições nas quais jovens percorriam longínquos caminhos à procura do elixir da eternidade. O imperador, entretanto, não depositava muita esperança no sucesso da empreitada e, por isso, decidiu montar um exército de guerreiros de terracota para zelar por ele no além.

Oitava maravilha

A construção do exército mobilizou cerca de 700 mil prisioneiros e trabalhadores de toda a China. Durante 36 anos, eles se ocuparam com a tarefa de fabricar os guerreiros e cavalos de terracota (argila modelada e cozida) em tamanho natural. Composto de cerca de sete mil homens e 200 cavalos, o exército foi disposto em formação militar em um imenso complexo onde, ao centro, estão os restos mortais de Qin Shi Huangdi.

Durante séculos, a suntuosa sepultura ficou encoberta até que um dia, em 1974, um camponês decidiu cavar um poço no local e acabou desenterrando uma das figuras. A descoberta atraiu arqueólogos de todo o mundo, curiosos por conhecer os guerreiros de Xi'An, assim chamados por estarem perto de Xi'An, capital da província de Shaanxi, China.

Não é à toa que o achado arqueológico é considerado a oitava maravilha do mundo. Uma das características mais marcantes dos guerreiros, além da extrema preocupação com os detalhes e vestimenta, é a sua individualidade. Das sete mil figuras, muitas ainda enterradas, até agora já foram identificados cerca de 1.500 rostos e expressões diferentes.

Reprodução fidedigna

Cento e vinte dois guerreiros e oito cavalos são a grande atração de uma mostra que está sendo realizada em Bonn e que conta a história do Império de Qin Shi Huangdi. Sob uma tenda montada no parque da cidade, o público pode ver de perto, por exemplo, algumas armas e acessórios encontrados no local, uma maquete do complexo funerário, construída em escala 1:10, uma réplica de um forno usado para a fabricação das figuras, além de uma estátua dourada do imperador. A mostra apresenta ainda a exibição de um documentário com imagens das escavações e restauração das figuras.

Guerreiros de Xi'AnFoto: Schima & Scott

O ponto alto são as figuras de terracota, dispostas em um cenário que lembra o sítio arqueológico, com paredes e chão na cor cinza. Logo na entrada da sala, os guerreiros estão em um nível um pouco mais baixo que a passarela de acesso, ou seja, são vistos de cima para baixo. A passarela vai declinando à medida que se contorna o espaço. Perto da saída do local, os guerreiros, vistos agora de costas, estão no mesmo nível do visitante.

Impressiona notar o cuidado com a reprodução fidedigna de um guerreiro humano. As expressões corporais revelam gestos de homens em posição de luta e vigília. A atmosfera conta ainda com o toque especial da sonoplastia, composta de músicas da época.

Uma mostra semelhante já esteve no Brasil. A diferença é que as 13 peças levadas a São Paulo eram originais, enquanto as 130 figuras exibidas em Bonn são cópias. Mesmo assim, isto não desmerece o valor da exposição nem o seu propósito, que é o de apresentar uma das mais sensacionais descobertas arqueológicas do último século.

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