Boris Johnson responde na Justiça por "mentir" sobre Brexit
29 de maio de 2019O conservador britânico Boris Johnson, favorito à sucessão da primeira-ministra Theresa May e um dos mais ferrenhos defensores do Brexit, foi intimado nesta quarta-feira (29/05) a comparecer perante um tribunal sob a acusação de mentir durante a campanha para o referendo que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
O ex-ministro britânico do Exterior e ex-prefeito de Londres é acusado de mentir ao afirmar que o Reino Unido lucraria semanalmente 350 milhões de libras (397 milhões de euros) com a saída do país da UE. O valor foi estampado na lateral de um ônibus bastante utilizado durante a campanha, e se tornou um ponto central e controverso do debate em torno do Brexit.
Os críticos afirma que a extensa divulgação desse valor durante a campanha tinha o objetivo de ludibriar deliberadamente os eleitores. O "não" à UE venceu a consulta popular, em junho de 2016, por 52% a 48% dos votos.
A juíza Margot Coleman concluiu nesta quarta-feira que Johnson deve responder em audiência preliminar por três acusações de má conduta no exercício de um cargo público. Ela diz que as acusações contra o ex-ministro não foram provadas, mas que "levados em conta todos os fatores relevantes, este é um caso apropriado para uma intimação".
O julgamento de Johnson resulta de uma ação impetrada pelo empresário Marcus Ball, que conseguiu arrecadar em torno de 200 mil libras (227 mil euros) através de uma plataforma de vaquinha online para financiar o processo contra o ex-ministro.
Os advogados de Johnson afirmam se tratar de uma jogada política dos opositores do Brexit e uma tentativa de usar a lei criminal para regular o conteúdo do debate político, algo que ,segundo afirmam, seria inédito na história jurídica do Reino Unido.
Boris Johnson é o favorito entre os 11 candidatos à sucessão de May. Na semana passada, ela anunciou que deixará a liderança do Partido Conservador e, consequentemente, o cargo de primeira-ministra. O processo para a escolha de um novo chefe de governo deve durar até o final de julho, sem a necessidade de novas eleições legislativas.
Após o referendo de 2016, a falta de consenso no Parlamento britânico sobre os termos da saída do país da UE e a rejeição ao acordo negociado por May com Bruxelas gerou um impasse que resultou no adiamento do Brexit para além da data prevista de 29 de março e na extensão do prazo para o dia 31 de outubro.
RC/rtr/lusa/afp
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