Boto da Amazônia entra na lista de espécies ameaçadas
10 de dezembro de 2020
Com adição do tucuxi à Lista Vermelha elaborada por organização internacional, todas as espécies de golfinhos de água doce agora correm perigo. Outros 31 animais foram extintos. Situação do bisão-europeu melhorou.
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O boto tucuxi, que vive na bacia do rio Amazonas, foi incluído na lista de espécies em perigo de extinção, segundo atualização divulgada nesta quinta-feira (10/12). Isso significa que todas as quatro espécies de golfinhos de água doce conhecidas no mundo estão agora ameaçadas.
A chamada Lista Vermelha é elaborada e atualizada periodicamente pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), sendo um guia amplamente utilizado na preservação do meio ambiente em todo o mundo.
A organização alerta que o tucuxi tem sido muito afetado pela mortalidade acidental provocada por equipamentos de pesca, por barragens construídas em rios e também pela poluição.
Diante da situação de perigo que agora enfrentam todos os botos de água doce, a IUCN pede que se eliminem as chamadas redes de emalhar utilizadas na pesca, que se reduza o número de presas no habitat desses animais e que se cumpra a proibição de matá-los intencionalmente.
Ao todo, mais de um quarto das 128.918 espécies de animais, plantas e fungos avaliadas pela organização estão agora ameaçadas de extinção. Isso representa um total de 35.765 espécies em perigo.
Além disso, 31 espécies entraram na categoria de extintas. Elas incluem o chamado "tubarão perdido", do mar da China Meridional, 17 espécies de peixes de água doce do lago Lanao, nas Filipinas, e rãs da América Central e da América do Sul.
"Isso realmente mostra que o mundo está sob enorme pressão", disse Craig Hilton-Taylor, chefe da Unidade da Lista Vermelha, à agência de notícias Reuters. "A ideia da Lista Vermelha é tentar chamar atenção para espécies e tentar impedi-las de serem extintas, mas às vezes o processo ocorre muito rapidamente."
O "tubarão perdido" só foi formalmente identificado no ano passado, com base em espécimes de décadas de idade. Mas nenhum animal da espécie foi visto recentemente, e ele também não apareceu em nenhum dos cinco estudos direcionados, levando a IUCN a listá-lo como "em perigo crítico (possivelmente extinto)".
Os tubarões têm se mostrado historicamente robustos, tendo sobrevivido no planeta por centenas de milhões de anos, mesmo após eventos de extinção em massa, como a queda de um asteroide que se acredita ter exterminado a maioria dos dinossauros.
Especialistas acreditam que esta pode ser a primeira extinção de um tubarão na era humana. "Infelizmente o que torna uma espécie uma grande sobrevivente no mundo natural não significa torná-la grande sobrevivente ao homem", afirmou o ictiólogo Will White, que nomeou o animal de "tubarão perdido" em 2019.
Já o declínio das populações de rãs na América Central e do Sul foi descrito como "drástico" pela IUCN. O grupo aponta como causa uma doença provocada por um fungo que atinge os anfíbios, que os cientistas associam às mudanças climáticas.
Notícia boa
Por outro lado, a IUCN celebra alguns desenvolvimentos positivos, como a situação do bisão-europeu, que melhorou graças aos esforços de conservação voltados à espécie, sendo agora alçada à categoria de "vulnerável". A população selvagem desses animais aumentou de 1.800 espécimes em 2003 para mais de 6.200 em 2019.
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Os bisões foram dizimados por exércitos famintos durante a Primeira Guerra Mundial no território onde fica hoje a Polônia e Belarus, que contêm grande parte das populações da espécie. O animal acabou desaparecendo da natureza logo em seguida, antes de ser reintroduzido.
Outra história positiva é a do peixe conhecido como barndoor skate, semelhante a uma arraia, que saltou três categorias, de "em perigo de extinção" para "pouca preocupação".
"O fato de o bisão-europeu e 25 outras espécies terem registrado uma recuperação mostra o poder que tem a conservação", disse o diretor-geral da IUCN, Bruno Oberle.
"Contudo, a lista de espécies extintas está crescendo, e isso é um claro lembrete de que os esforços de conservação precisam ser expandidos com urgência", alertou.
EK/afp/ap/efe/rtr
Ameaçados de extinção
O número de animais ameaçados de extinção aumenta a cada ano. Tatu-bola e panda fazem parte da lista vermelha atualizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.
Foto: Joares Adenilson May Júnior
Desaparecimento rápido
O tatu-bola é encontrado, principalmente, no Brasil. Ao longo da última década, sua população diminuiu mais de 33%, afirma a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, do inglês), que há mais de 50 anos divulga a lista de espécies ameaçadas de extinção. O tatu-bola foi escolhido para ser mascote da Copa do Mundo de 2014.
Foto: Joares Adenilson May Júnior
À beira da extinção
A IUCN classificou o tatu-bola como vulnerável. Outras classificações para avaliar o risco das espécies são: em perigo, em perigo crítico, extinto na natureza e extinto. O lobo da Tasmânia e o tigre de Bali são duas espécies extintas. Todas as espécies de tigre, como o tigre siberiano da foto, foram avaliadas como "em perigo".
Foto: picture-alliance/dpa
Lêmures sem teto
O indri pertence ao grupo dos lêmures. Eles vivem no Madagascar e são os animais mais ameaçados do mundo. Desmatamento e incêndios estão acabando com seu habitat, as florestas tropicais: 94% das espécies de lêmures estão ameaçados de extinção e 22 espécies estão quase sumindo do planeta.
Foto: Nick Garbutt
Comida rara
Neste ano, pela primeira vez, a população das enguias japonesas foi analisada. No Japão, esse peixe é o mais caro usado na alimentação e agora entrou para a lista vermelha de espécies ameaçadas. A poluição do seu habitat e a pesca predatória são as responsáveis por essa situação.
Foto: OpenCage.info
Melhores condições
A espécie de carpa Acanthobrama telavivensis, que vive somente em Israel, está na lista vermelha. Mas pesquisadores anunciaram recentemente uma boa notícia. Um programa de criação que começou com 120 animais está dando resultado. Em 2006, milhares de peixes nascidos no criadouro foram reintroduzidos na natureza e a população está aumentando.
Foto: Menachem Goren
Boas notícias
A situação da tartaruga-de-couro está melhorando. Há 10 anos, ela estava classificada como em perigo de extinção. Em 2013, ela foi classificada como vulnerável. Ela é a maior tartaruga do mundo, pode medir mais de dois metros e pesar quase meia tonelada. A poluição do mar, a caça e pesca são seus principais problemas.
Foto: gemeinfrei
Concha é joia
A espécie de caracol Bertia cambojiensis foi classificada neste ano como em perigo crítico e o homem é um dos seus maiores predadores. Em um site para colecionadores, uma concha desse caracol, encontrada em uma praia no Vietnã, foi vendida por 300 euros.
Foto: Paul Pearce-Kelly
Metade já sumiu
A IUCN não sabe exatamente quantas espécies de ocapi ainda existem no mundo. Na década de 1990, mais de 4.400 girafas da floresta viviam na reserva que fica no nordeste da República Democrática do Congo, dez anos depois eram apenas 2.500. O conflito no país e a mineração reduzem cada vez mais seu habitat.
Foto: cc-by-sa-3.0/Raul654
Aves ameaçadas
Mais de 200 espécies de aves foram quase extintas, entre elas o abutre-indiano-de-dorso-branco que vive na Índia e sudeste da Ásia. Na China e na Malásia, a espécie não existe mais, segundo a IUCN. O frango-d'água-d'asa-branca, encontrada na Etiópia, África do Sul e Zimbábue, foi classificada, pela primeira vez, como em perigo crítico.
Foto: picture-alliance/dpa
Ameaça constante
A população dos elefantes asiáticos foi calculada entre 40 mil e 50 mil animais. Ele continua sendo classificado como ameaçado. Nas últimas três gerações, sua população foi reduzida pela metade, segundo a IUCN, e continua diminuindo. O elefante asiático é encontrado em Bangladesh, Butão, Índia, China e Indonésia.
Foto: picture-alliance/Horst Galuschka
Caça e comércio de marfim
A destruição do habitat e a caça predatória em busca do marfim são as principais ameaças ao elefante africano. Se por um lado a população desse animal está aumentando, a caça ilegal também cresceu.
Foto: picture-alliance/dpa
Preso na rede
A principal ameaça para os botos são as redes de pesca. Eles acabam se prendendo nelas e morrem. A toninha-comum (foto) não entrou na lista vermelha, mas a vaquita, também conhecida como boto-do-pacífico, entrou. Estimativas apontam que, em 2013, restavam apenas 500 ou 600 animais dessa espécie.
Foto: WDC
Últimos do mundo
Outros animais em perigo são o panda – estima-se que em 2013 havia no mundo entre mil e 2 mil exemplares de panda-gigante – e o rinoceronte de Sumatra, cuja população é calculada em 220 animais. A IUCN e seus parceiros analisaram 73.686 espécies e 30% delas entraram na lista, que é publicada desde 1963 e reúne registros de vários países.