OCDE afirma que PIB brasileiro pode ser sete vezes maior daqui a 80 anos se país assegurar que, em 2030, todos os jovens de 15 anos estejam na escola e com um nível básico de conhecimentos.
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O Brasil é o 60º colocado entre 76 países listados no mais recente ranking de educação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta quarta-feira (13/05) em Paris.
Nas cinco primeiras posições da lista estão países e territórios asiáticos: Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão e Taiwan. Em seguida vêm quatro países europeus: Finlândia, Estônia, Suíça e Holanda. O Canadá ocupa a décima posição.
No outro extremo estão países africanos, como Gana (na última colocação) e África do Sul (na penúltima). A Alemanha está em 13º lugar. Os Estados Unidos, em 28º, e o Reino Unido, em 20º. A França é a 23ª colocada no ranking.
O relatório foca nos benefícios econômicos da educação. Segundo a OCDE, o Produto Interno Bruto (PIB) dos países da organização seria, em média, 3,5% superior ao esperado, todos os anos e pelas próximas oito décadas, se até 2030 os países alcançarem uma situação em que todos os estudantes de 15 anos estejam escolarizados e com um nível básico de conhecimentos.
No caso específico do Brasil, o PIB anual seria 16,1% superior, em média, pelos próximos 80 anos, se essa situação for alcançada até 2030. No último ano do período considerado, 2095, o PIB brasileiro seria 70% superior ao que será alcançado naquele ano se não houver a universalização do ensino, projeta a OCDE. O PIB de 2095 seria 751% (mais de sete vezes) superior ao atual.
Os autores utilizaram como referência os resultados de 2012 do estudo Pisa de matemática e ciências, que avalia os conhecimentos dos alunos nessas matérias, e consideraram que um resultado de 420 pontos é o mínimo que todos os adolescentes deveriam alcançar aos 15 anos. No Pisa de 2012, os estudantes brasileiros alcançaram, em média, 405 pontos em ciências e 391 pontos em matemática.
Na introdução do relatório, a OCDE e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) afirma que universalizar um nível de educação básico como o descrito é um objetivo "completamente realista" em 2030, como demonstram os resultados alcançados por alguns países.
A Polônia é mencionada como um exemplo. Em menos de uma década, o país conseguiu reduzir a proporção de alunos que não chegam aos 420 pontos de 22% para 14%. Outro caso citado é justamente o Brasil, que entre 2003 e 2012 conseguiu aumentar de 65% para 78% a proporção de alunos escolarizados aos 15 anos, enquanto a qualificação dos examinados subia de forma notável. Em matemática, por exemplo, passou de 356 para 391 pontos.
AS/dpa/efe/ots
Salas de aula ao redor do mundo
A diversidade pode ser refletida nas escolas do planeta. A galeria a seguir confirma, de fato, que as divergências são mesmo imensas.
Foto: picture-alliance/dpa
Noções sobre escolas
Como os estudantes de todo o mundo aprendem? Em quase todos os lugares, professores escrevem com giz em quadros negros. Mas as salas de aula divergem, e muito. Alguns alunos sentam-se em bancos improvisados, ao ar livre, enquanto outros, no chão, de pernas cruzadas. Já os mais abastados manuseiam computadores portáteis.
Foto: AP
Livros didáticos digitais
A Coreia do Sul confia na inserção das mídias digitais na educação. Computadores e internet estão disponíveis em todas as salas, e o governo busca substituir todos os livros impressos por eletrônicos. Com a intenção de disponibilizar a educação digital também para famílias de baixa renda, as crianças mais pobres podem receber tablets gratuitamente.
Foto: AP
Na zona rural, alunos em desvantagem
O aprendizado não precisa ser digital, como prova essa sala com um quadro escorado e bancos de madeira. Comparada aos vizinhos, Gana tem uma relativa alta taxa de alfabetização – desde que os seis primeiros anos tornaram-se gratuitos. Na teoria, os estudantes devem ir à escola por nove anos. Mas no interior muitas crianças não falam a língua oficial de ensino, o inglês.
Foto: Fotolia/Living Legend
Aprendendo a escrever em um touchpad
Alunos desta escola alemã nunca usam lápis e cadernos, mas "smart boards" – quadros interativos – e netbooks. O objetivo é promover a interação digital e fortalecer as competências midiáticas entre os estudantes.
Foto: AP
Educação precoce
Em países industrializados, ir à escola significa bem mais do que a educação básica. Nações com alta renda reforçam a educação precoce, e cerca de 70% das crianças recebem educação formal já antes do ensino fundamental. Em países de baixa renda, apenas três em cada 20 crianças vão à pré-escola. Na foto, alunos de quatro anos ouvem atentamente à professora no estado de Iowa, Estados Unidos.
Foto: AP
Quando faltam investimentos
No Quênia, as crianças podem ir à escola gratuitamente por oito anos. Mas muitas abandonam antes disso. Os pais não têm condições de manter os uniformes, sapatos, livros e material escolar exigidos. Salas de aula de escolas públicas são mal equipadas e superlotadas, o que resulta em um ambiente nada ideal para o aprendizado. Quem pode, matricula os filhos em escolas particulares.
Foto: DW/J.Bruck
Aprendizado uniforme
Na Inglaterra, a maioria dos alunos vai à escola de uniforme. Acredita-se que isso ajuda os estudantes a se identificarem com a escola e a se concentrarem melhor no aprendizado. Ao contrário de países em desenvolvimento, as famílias que não ter condições de pagar pelo uniforme ainda podem mandar os filhos para a escola, pois existe financiamento público para isso.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb
Salas ao ar livre
Quando não há escolas disponíveis, é preciso improvisar, como no Paquistão, onde os alunos têm aulas em um parque público. O país reduziu o orçamento para educação e investe mais no exército do que em escolas. Estudantes são, de longe, os que mais têm consciência disso.
Foto: AP
Esforço pela educação básica
No Afeganistão, uma boa parcela da população cresce sem acesso à educação. Resultado da guerra civil e do regime Talibã. Apenas uma em cada quatro mulheres consegue ler e escrever, e somente 52% dos homens são alfabetizados. Ainda não há escolas suficientes no país, e faltam professores e material.
Foto: picture-alliance/dpa
Meninas excluídas
Situação similar à do Afeganistão vive o Sudão do Sul, onde apenas 16% das mulheres sabem ler e escrever. A educação de meninas se tornou um grande objetivo para organizações de ajuda internacional. Anos de guerra civil deixaram um sistema escolar falho. Faltam cadeiras e mesas nas poucas escolas existentes, e os livros estão presentes em apenas metade delas.
Foto: dapd
Uma enorme desigualdade
Alunos nas áreas rurais brasileiras frequentemente precisam estudar em escolas inadequadas, como em Monte Alegre, no Maranhão. Embora o Brasil seja considerado um robusto país industrial, a diferença entre ricos e pobres é imensa. E algumas das pessoas menos favorecidas estão nas comunidades rurais da região Nordeste.