Brasil é o 4° país com mais assassinatos de ambientalistas
17 de setembro de 2025
País registrou 12 mortes de defensores do meio ambiente em 2024, ficando atrás apenas da Colômbia, Guatemala e México. Fenômeno é mais acentuado na América Latina, palco de mais de 80% dos casos documentados.
Divisa entre reserva indígena e terra agrícola. No Brasil, quatro ativistas ambientais indígenas foram assassinados em 2024, afirma ONGFoto: Gustavo Basso/DW
Com 12 mortes registradas somente no ano passado, o país fica atrás apenas da Colômbia (48), Guatemala (20) e México (18).
"Metade dos mortos [no Brasil] no ano passado eram pequenos agricultores. Quatro indígenas foram assassinados, assim como um ativista negro", aponta o documento.
Citando dados da organização brasileira Comissão Pastoral da Terra, o relatório cita 481 tentativas de assassinato – 44% contra indígenas e mais de 27% contra comunidades quilombolas.
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Fenômeno acentuado na América Latina
No mundo, pelo menos 142 ativistas ambientais foram assassinados em 2024, com outros quatro ainda desaparecidos, afirma a Global Witness. O fenômeno se mostra particularmente acentuado na América Latina, onde foram registrados 82% dos casos.
"Em média, cerca de três pessoas foram mortas ou desapareceram por semana ao longo de 2024", aponta o relatório.
"Isso eleva o número total para 2.253 desde que começamos a reportar os ataques em 2012. Essa estatística alarmante ilustra a natureza persistente da violência contra ativistas". No Brasil, pelo menos 413 defensores da terra e do ambiente foram assassinados ou desapareceram desde o início dos registros.
A maioria das vítimas eram indígenas ou agricultores, bem como ativistas contra mineração, exploração madeireira, agricultura, caça ilegal e projetos de energia. Os autores dos ataques eram, em sua maioria, grupos criminosos, embora incidentes envolvendo forças de segurança estatais também tenham sido registrados.
A maioria dos assassinatos permanece sem solução.
"Números provavelmente subestimados"
Embora o número de ativistas ambientais mortos ou desaparecidos tenha diminuído 28% em comparação com 2023(196 casos), isso não significa que a situação tenha melhorado, destaca a ONG.
"Sabemos que muitos ataques não são denunciados, portanto, é provável que esse número esteja subestimado".
A organização também chama a atenção para o papel vital que os defensores do meio ambiente representam na proteção dos ecossistemas. "Deixar de protegê-los não só coloca vidas em risco, como também prejudica as ambições globais de enfrentar a crise climática."
ip (afp, dpa, Lusa, ots)
Vida e preservação da Amazônia às margens do Tapajós
A Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, é a primeira no Brasil a ser explorada de forma sustentável por comunidades tradicionais. É dali que sai o sustento de indígenas, quilombolas e ribeirinhos.
Foto: Nádia Pontes/DW
Moradores da Floresta Nacional do Tapajós
A unidade de conservação Floresta Nacional (Flona) do Tapajós, no Pará, foi criada em 1974 e abrange uma área de 5.270 quilômetros quadrados. Cerca de mil famílias de comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas convivem com a floresta, coletam sementes, pescam e recebem visitantes do mundo inteiro que buscam estar próximos da natureza.
Foto: Nádia Pontes/DW
A floresta é da comunidade
A Flona Tapajós foi a primeira no país a ser explorada de forma sustentável por comunidades tradicionais. O manejo florestal é feito desde 2005 e permite a retirada de no máximo quatro árvores por hectare. Coleta de sementes e óleo, como o da copaíba, mostrada na foto, ajudam a compor a renda das famílias.
Foto: Nádia Pontes/DW
Madeira de origem certificada
A madeira retirada da Flona Tapajós é certificada pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC, na sigla em inglês). O trabalho é feito por 300 associados da Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (Coomflora). No galpão, construído com recursos do Fundo Amazônia e da cooperação alemã, são fabricados armários, bancos, portas, janelas e peças de design.
Foto: Nádia Pontes/DW
Novo biocentro
As sementes de andiroba armazenadas foram coletadas por extrativistas da Floresta Nacional do Tapajós, Pará. Elas serão processadas e se transformarão em óleo no recém-construído Ecocentro, uma central multiprocessadora de produtos retirados da floresta. A unidade foi construída com recursos do Fundo Amazônia.
Foto: Nádia Pontes/DW
Quintal amazônico
Na comunidade Jamaraquá, na Flona Tapajós, Donildo Lopes dos Santos extrai o látex da seringueira que cresceu perto de sua casa. Ele remove uma pequena parte da casca e cria as chamadas "estradas de seringa", por onde escorre a seiva. Na parte mais baixa do tronco, um pote plástico recolhe o líquido, que mais tarde é transformado em borracha.
Foto: Nádia Pontes/DW
Biojoias da Amazônia
O látex retirado do quintal e transformado em borracha vira arte nas mãos de Lurdes Melo dos Santos. A artesã faz parte de um grupo de mulheres da comunidade Jamaraquá que fabricam biojoias desde 2004. Sementes de diversas espécies de árvores, como morototó, compõem as peças expostas e vendidas na loja comunitária local. As mulheres testam alternativas para encontrar mais compradores.
Foto: Nádia Pontes/DW
Suraras, as guerreiras
A Associação Suraras do Tapajós foi fundada em 2016 para valorizar as mulheres indígenas e ribeirinhas dessa região da Amazônia. Elas produzem e comercializam artesanato, roupas com estampas etnográficas e comidas tradicionais. Também exibem seus saberes e cultura no carimbó, ritmo típico paraense, em letras escritas pelas suraras – termo que significa “guerreira” na língua dos indígenas borari.
Foto: Nádia Pontes/DW
Tempo de borboletas
As pequenas borboletas amarelas se exibem na beira do rio quando as águas começam a baixar, anunciando a chegada do verão amazônico. Elas estão à procura de minerais para a reprodução. O fenômeno sazonal acontece em quase toda a região. Quando as borboletas surgem em grande quantidade e mais cedo, significa que o verão será intenso, dizem os moradores às margens do Tapajós.