Brasil apoia resolução da ONU contra invasão da Ucrânia
26 de fevereiro de 2022
Bolsonaro vinha sendo pressionado por não se posicionar sobre o conflito, após ter declarado solidariedade à Rússia em visita à Putin. Rússia, porém, veta texto que condenava intervenção militar em solo ucraniano.
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A missão brasileira no Conselho de Segurança da ONU votou nesta sexta-feira (25/02) a favor de uma resolução da entidade condenando a invasão da Ucrânia pela Rússia, apesar de o governo brasileiro ter hesitado em tomar uma posição desde o início do conflito.
O Brasil, que ocupa um dos assentos temporários no Conselho, das foi uma das 11 nações a apoiar a resolução, que acabou sendo vetada pela Rússia. O resultado, porém, foi considerado uma vitória das nações que se opõem à guerra na Ucrânia, por revelar o isolamento russo no cenário internacional.
O presidente Jair Bolsonaro, que há poucos dias visitou o líder russo Vladimir Putin em Moscou e declarou solidariedade à Rússia, vinha sendo pressionado para tomar uma posição. O Departamento de Estado americano fez severas críticas a Bolsonaro, e disse que sua postura minava os esforços diplomáticos pela paz na Ucrânia.
Nesta quinta-feira, Bolsonaro desautorizou o vice-presidente, Hamilton Mourão, que condenou publicamente a intervenção militar de Moscou. Em entrevista a jornalistas, Mourão disse que o Brasil não estava neutro sobre o tema e se opunha à invasão da Ucrânia pela Rússia. "O Brasil não concorda com a invasão do território ucraniano", afirmou.
No mesmo dia, em uma transmissão ao vivo em redes sociais, Bolsonaro declarou que ele é a única autoridade indicada para se manifestar sobre o tema, e que faria uma reunião para analisar a situação.
"Quem fala dessa questão chama-se Jair Messias Bolsonaro. Mais ninguém fala. Quem está falando, está dando peruada naquilo que não lhe compete", afirmou o presidente. "O artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso, e eu vi a imagem, falou mesmo, está falando algo que não deve. Não é de competência dela, é de competência nossa."
Na votação desta sexta-feira, o embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Costa Filho, afirmou que o Conselho de Segurança "deve reagir de forma rápida ao uso da força contra a integridade territorial de um Estado-membro. Uma linha foi cruzada e esse Conselho não pode ficar em silêncio".
"O uso da força contra a integridade territorial de um Estado-membro não é aceitável no mundo hoje", ressaltou o embaixador. Suas declarações sinalizam uma mudança de postura em relação a sua intervenção na reunião anterior do Conselho, na última quarta-feira, quando ele evitou mencionar diretamente a Rússia, sem responsabilizar de forma alguma o governo Putin.
Por ser um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, a Rússia tinha o poder de vetar resolução proposta pelos EUA e Albânia, que deplorava nos termos mais fortes a agressão contra a Ucrânia. O documento exigia a retirada imediata das tropas russas do território ucraniano e condenava o reconhecimento por parte de Putin das "repúblicas" separatistas no leste ucraniano.
Além do Brasil, EUA e Albânia, os demais países que apoiaram a resolução foram França, Gabão, Gana, Irlanda, México, Noruega, Reino Unido e Quênia. A China, os Emirados Árabes Unidos e a Índia se abstiveram na votação. O documento segue para apreciação na Assembleia-Geral da ONU, composta por 193 países.
rc (Reuters, ots)
A invasão russa da Ucrânia em imagens
Em 24 de fevereiro de 2022, Moscou invadiu o território ucraniano por terra, ar e mar, lançou foguetes e destruiu instalações militares em diferentes partes do país vizinho. Em pânico, cidadãos tentaram fugir.
Foto: Kunihiko Miura/AP/picture alliance
Ucranianos em pânico
Uma manhã dramática na Ucrânia. Depois que a Rússia iniciou um ataque ao país vizinho. e se ouviram as primeiras explosões – inclusive na capital, Kiev –, muitos fugiram. Veículos militares circulavam pelas ruas da cidade, enquanto residentes faziam as malas e tentavam deixar o local.
Foto: Sputnik/dpa/picture alliance
Filas de carros em Kiev
O desespero dos civis ucranianos gerou um enorme congestionamento na principal avenida em direção ao oeste de Kiev. O ataque foi anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, num pronunciamento, alegando ter iniciado uma operação militar contra a Ucrânia para de "desmilitarizar" o país e eliminar supostas "ameaças" contra Moscou.
Foto: Chris McGrath/Getty Images
Ataques aéreos
Explosões foram ouvidas alguns minutos depois do fim do pronunciamento de Putin. Nesta foto, vê-se um outdoor aparentemente destruído por um míssel, em Kiev. O governo ucraniano falou de uma "invasão em grande escala" de seu território, assegurando que o país "se defenderá e vencerá".
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Tropas ucranianas se mobilizam
Tanques ucranianos se deslocam para a cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país. As Forças Armadas ucranianas são as segundas maiores da região, porém a Rússia as supera em todas as áreas, exceto no número de soldados na ativa.
Foto: Carlos Barria/REUTERS
Explosões em várias partes do país
Soldados examinam os restos de um foguete numa praça da capital ucraniana. Além de Kiev, explosões atingiram várias cidades próximas à fronteira com a Rússia. O mesmo ocorreu nas regiões costeiras, bem como na cidade portuária de Odessa, próxima à Península da Crimeia, ocupada por Moscou.
Foto: Valentyn Ogirenko/REUTERS
Rússia destrói instalações militares
Algumas partes da Ucrânia ficaram cobertas por fumaça preta após as explosões. A coluna de fumaça nesta foto parte de um aeroporto militar que teria sido atingido por bombardeios, perto da cidade de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Ameaça à população
O Ministério da Defesa russo afirma que não visa cidades e "não há ameaça à população civil". A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia descreveu o espaço aéreo ucraniano como "zona de conflito ativo". Os metrôs de Kiev foram liberados ao público e muitos civis se abrigaram nas estações, como mostra esta foto.
Foto: AFP via Getty Images
Explosões em áreas residenciais
Apesar do que diz o governo russo, há relatos de explosões em áreas residenciais. Bombeiros tentam conter um incêndio num bloco de apartamentos após um suposto ataque aéreo na localidade de Chuhuiv, perto de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Wolfgang Schwan/AA/picture alliance
Invasão por terra
A invasão russa à Ucrânia ocorre também por mar e terra. Esta foto capturada por uma câmera de vigilância e publicada pelas autoridades fronteiriças da Ucrânia mostraria veículos militares russos cruzando a fronteira na Crimeia, em direção à Ucrânia. Essa península foi anexada pela Rússia em março de 2014.
Foto: State Border Guard Service Of Uk/picture alliance/dpa/PA Media
Alguns fogem, outros se preparam
Os efeitos dos ataques podem ser observados em todo o país. Na cidade de Lviv, de 700 mil habitantes, no extremo oeste da Ucrânia, longas filas se formaram em caixas eletrônicos O mesmo ocorreu em supermercados e lojas, na esperança de estocar alimentos e água. Enquanto alguns tentavam fugir, outros pareciam se preparar para se isolar.