Efeito mais prolongado é principal vantagem em relação aos atuais tratamentos, feitos com comprimidos que são ingeridos diariamente. Aplicações devem ser feitas a cada dois meses.
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O primeiro medicamento injetável que previne contra o HIV foi aprovado no Brasil. Chancelado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o cabotegravir é uma profilaxia pré-exposição (PrEP), isto é, atua diretamente na prevenção de possíveis infecções pelo vírus causador da aids.
O medicamento é considerado inovador porque, até o momento, ainda não há uma vacina contra o vírus, e o tratamento contra o HIV é feito por meio de uma combinação de dois comprimidos, ingeridos diariamente por via oral – tenofovir e entricitabina, que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente desde 2017.
A principal diferença entre o cabotegravir e o coquetel de remédios é justamente o fato de ele ser injetável e ter um tempo de ação prolongado.
As duas primeiras doses devem ser aplicadas em um intervalo de quatro semanas. Depois, os pacientes são instruídos a receber uma injeção a cada oito semanas, ou seja, a cada dois meses, o que reduz o índice do uso de medicação para seis vezes ao ano, em vez da utilização durante 365 dias.
O medicamento já havia sido aprovado em 2021 pela FDA (Food and Drug Administration, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos). No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também passou a recomendar o uso do cabotegravir.
Austrália, Estados Unidos e Zimbábue são outros países que também já aprovaram o uso da medicação injetável.
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Avaliação antes do uso comercial
A injeção foi testada clinicamente em duas oportunidades, com mulheres, mulheres trans e homens que fazem sexo com homens. Os estudos foram realizados também no Brasil, em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e os pesquisadores concluíram que a eficácia do cabotegravir é 69% maior do que a dos comprimidos.
O novo medicamento, que comercialmente deve ser chamado de "Apretude", teve o registro publicado no Diário Oficial da União no último dia 5 de junho, e a autorização para o uso, no Brasil, será de responsabilidade da farmacêutica GSK, multinacional com sede em Londres, no Reino Unido.
O cabotegravir, no entanto, ainda não tem uma data para ser comercializado nem na rede pública nem na privada, já que o Ministério da Saúde ainda precisa estudar a incorporação dele ao SUS e, para isso, definir algumas regras.
Vírus no Brasil e no mundo
A aprovação do medicamento pela Anvisa chega em um momento em que o Brasil registra aumento no número de casos de HIV nos últimos anos.
Conforme informações do mais recente Boletim Epidemiológico de HIV/Aids, os diagnósticos tiveram um salto de 198% no país, com aumento de 13,7 mil para 40,9 mil por ano.
No mesmo período, porém, os casos de aids caíram de 43,2 mil notificações em 2011 para 35,2 mil em 2021, uma redução de 18,5%, algo que os especialistas atribuem aos tratamentos antirretrovirais.
O Ministério da Saúde aponta que pelo menos um milhão de brasileiros convivem com o vírus. Em todo o mundo, de acordo com o programa para a aids da Organização das Nações Unidas (ONU), são mais de 38 milhões de infectados.
Os 10 vírus mais perigosos do mundo
Embora a covid-19 seja muito contagiosa, sua taxa de mortalidade é relativamente baixa em comparação com esses dez vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Vírus de Marburg
O vírus mais perigoso do mundo é o Marburg. Ele leva o nome de uma pequena cidade alemã às margens do rio Lahn, onde o vírus foi documentado pela primeira vez. O Marburg provoca febre hemorrágica e, assim como o ebola, causa convulsões e sangramentos das mucosas, da pele e dos órgãos. A taxa de mortalidade do vírus chega a 88%.
Foto: Bernhard-Nocht-Institut
Ebola
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores belgas. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Ele pode ocorrer em cinco cepas distintas, denominadas de acordo com países e regiões na África: Zaire, Sudão, Bundibugyo, Reston, Floresta de Tai. A cepa Zaire é a mais fatal.
Foto: Reuters
Hantavírus
O hantavírus descreve uma ampla variedade de vírus. Assim como o ebola, ele também leva o nome de um rio – neste caso, onde soldados americanos foram os primeiros a se infectarem com a doença durante a Guerra da Coreia, em 1950. Os sinais são doenças pulmonares, febre e insuficiência renal.
Foto: REUTERS
Gripe aviária
Com uma taxa de mortalidade de 70%, o agente causador da gripe aviária espalhou medo durante meses. Mas o risco real de alguém se infectar com o vírus H5NI é muito baixo. Os seres humanos podem ser contaminados somente através do contato muito próximo com as aves. Por esse motivo, a maioria dos casos ocorre na Ásia, onde pessoas e galinhas às vezes vivem juntas em espaço pequeno.
Foto: AP
Febre de Lassa
Uma enfermeira na Nigéria foi a primeira pessoa a se infectar com o vírus Lassa. A doença é transmitida aos humanos através do contato com excrementos de roedores. A febre de Lassa ocorre de forma endêmica na África Ocidental, como é o caso, atualmente, mais uma vez na Nigéria. Pesquisadores acreditam que 15% dos roedores dali sejam portadores do vírus.
Foto: picture-alliance/dpa
Junin
O vírus Junin é associado à febre hemorrágica argentina. As pessoas infectadas apresentam inflamações nos tecidos, hemorragia e sépsis, uma inflamação geral do organismo. O problema é que os sintomas parecem ser tão comuns que a doença raramente é detectada ou identificada à primeira vista.
Crimeia-Congo
O vírus da febre hemorrágica Crimeia-Congo é transmitido por carrapatos. Ele é semelhante ao ebola e ao Marburg na forma como se desenvolve. Durante os primeiros dias de infecção, os doentes apresentam sangramentos na face, na boca e na faringe.
Foto: picture-alliance/dpa
Machupo
O vírus Machupo está associado à febre hemorrágica boliviana. A infecção causa febre alta, acompanhada de fortes sangramentos. Ele desenvolve-se de maneira semelhante ao vírus Junin. O Machupo pode ser transmitido de humano para humano, e é encontrado com frequência em roedores.
Foto: picture-alliance/dpa/Marks
Doença da floresta de Kyasanur
Cientistas descobriram o vírus da floresta de Kyasanur na costa sudoeste da Índia em 1955. Ele é transmitido por carrapatos, mas supõe-se que ratos, aves e suínos também possam ser hospedeiros. As pessoas infectadas apresentam febre alta, fortes dores de cabeça e musculares, que podem causar hemorragias.
Dengue
A dengue é uma ameaça constante. Transmitida pelo mosquito aedes aegypti, a doença afeta entre 50 e 100 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. O vírus representa um problema para os dois bilhões de habitantes que vivem nas áreas ameaçadas, como Tailândia, Índia e Brasil.