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Brasil aprova primeira injeção contra o HIV

12 de junho de 2023

Efeito mais prolongado é principal vantagem em relação aos atuais tratamentos, feitos com comprimidos que são ingeridos diariamente. Aplicações devem ser feitas a cada dois meses.

Uma seringa é injetada no braço de um paciente.
Medicamento ainda não tem previsão de ser comercializado no BrasilFoto: Roberto Escobar/dpa/picture alliance

O primeiro medicamento injetável que previne contra o HIV foi aprovado no Brasil. Chancelado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o cabotegravir é uma profilaxia pré-exposição (PrEP), isto é, atua diretamente na prevenção de possíveis infecções pelo vírus causador da aids.

O medicamento é considerado inovador porque, até o momento, ainda não há uma vacina contra o vírus, e o tratamento contra o HIV é feito por meio de uma combinação de dois comprimidos, ingeridos diariamente por via oral – tenofovir e entricitabina, que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente desde 2017.

A principal diferença entre o cabotegravir e o coquetel de remédios é justamente o fato de ele ser injetável e ter um tempo de ação prolongado.

As duas primeiras doses devem ser aplicadas em um intervalo de quatro semanas. Depois, os pacientes são instruídos a receber uma injeção a cada oito semanas, ou seja, a cada dois meses, o que reduz o índice do uso de medicação para seis vezes ao ano, em vez da utilização durante 365 dias.

O medicamento já havia sido aprovado em 2021 pela FDA (Food and Drug Administration, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos). No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também passou a recomendar o uso do cabotegravir.

Austrália, Estados Unidos e Zimbábue são outros países que também já aprovaram o uso da medicação injetável.

Avaliação antes do uso comercial

A injeção foi testada clinicamente em duas oportunidades, com mulheres, mulheres trans e homens que fazem sexo com homens. Os estudos foram realizados também no Brasil, em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e os pesquisadores concluíram que a eficácia do cabotegravir é 69% maior do que a dos comprimidos.

O novo medicamento, que comercialmente deve ser chamado de "Apretude", teve o registro publicado no Diário Oficial da União no último dia 5 de junho, e a autorização para o uso, no Brasil, será de responsabilidade da farmacêutica GSK, multinacional com sede em Londres, no Reino Unido.

O cabotegravir, no entanto, ainda não tem uma data para ser comercializado nem na rede pública nem na privada, já que o Ministério da Saúde ainda precisa estudar a incorporação dele ao SUS e, para isso, definir algumas regras.

Vírus no Brasil e no mundo

A aprovação do medicamento pela Anvisa chega em um momento em que o Brasil registra aumento no número de casos de HIV nos últimos anos.

Conforme informações do mais recente Boletim Epidemiológico de HIV/Aids, os diagnósticos tiveram um salto de 198% no país, com aumento de 13,7 mil para 40,9 mil por ano.

No mesmo período, porém, os casos de aids caíram de 43,2 mil notificações em 2011 para 35,2 mil em 2021, uma redução de 18,5%, algo que os especialistas atribuem aos tratamentos antirretrovirais.

O Ministério da Saúde aponta que pelo menos um milhão de brasileiros convivem com o vírus. Em todo o mundo, de acordo com o programa para a aids da Organização das Nações Unidas (ONU), são mais de 38 milhões de infectados.

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