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Brasil busca diálogo, mas não descarta retaliar EUA

9 de março de 2018

Governo vai insistir na tese de que indústrias brasileiras e americana são complementares para convencer Trump a rever taxação ao aço. Ao mesmo tempo, estuda aplicação de medidas retaliativas ou recorrer à OMC.

Foto: picture alliance/dpa/P.Steffen

O governo brasileiro afirmou nesta quinta-feira (08/03), após a confirmação das sobretaxas de importação do aço (25%) e do alumínio (10%) pelos Estados Unidos, que manterá a preferência pelo diálogo, mas não descartou ações para preservar os direitos e interesses nacionais.

Essas ações podem ser tanto em âmbito bilateral – por exemplo, a retaliação por meio da imposição de tarifas a produtos americanos – como multilateral, o que incluiria levar a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC).

"As medidas restritivas às importações de aço e alumínio são incompatíveis com as obrigações dos EUA ao amparo da Organização Mundial do Comércio e não se justificam, tampouco, pelas exceções de segurança do GATT 1994", afirmaram os ministros das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e da Indústria e Comércio, Marcos Jorge.

Cadeias produtivas complementares

Segundo os ministros, o governo brasileiro "buscou, em sucessivas gestões, evitar a aplicação das medidas às exportações brasileiras, esclarecendo ao governo americano que os produtos do Brasil não causam ameaça aos interesses comerciais ou de segurança dos EUA".

O Instituto Aço Brasil , que representa a indústrias siderúrgicas que atuam no país, afirmou que avalia, em conjunto com o governo, a entrada imediata de recurso contra o governo dos EUA para tentar reverter a medida.

O principal argumento brasileiro é que 80% da exportação de aço do Brasil para os EUA é do produto semiacabado, que é reprocessado pelas indústrias americanas para se tornar matéria-prima para os setores automobilístico, militar e de petróleo.

"O aço brasileiro não destrói emprego nos EUA e ainda complementa a cadeia produtiva deles", afirmou o presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Alexandre Lyra.

Segundo ele, a decisão é "um tiro no pé" para os americanos, pois prejudica a própria indústria, incluindo também a de carvão mineral. Uma redução das exportações brasileiras de aço causaria um efeito colateral para a indústria de carvão mineral dos EUA, pois o Brasil importa mais de 1 bilhão de dólaes por ano de carvão americano, que serve de base justamente para a fabricação do aço.

Queda de 30% nas exportações

Com a decisão dos Estados Unidos de sobretaxar as exportações de aço e alumínio em 25% e 10%, respectivamente, a indústria brasileira teme perder espaço não só no país norte-americano, mas também no próprio mercado interno.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, declarou à DW que o país deverá ter uma queda de 30% nas exportações do produto para os EUA e, ao mesmo tempo, terá que concorrer com China e Rússia na busca por novos mercados.

Ao todo, 32% do aço exportado pela indústria brasileira têm como destino os Estados Unidos. Com isso, o país figura como o segundo maior exportador para o mercado americano, com 4,7 milhões de toneladas embarcadas em 2017. Só perde para o Canadá, que exportou 5,8 milhões de toneladas ano passado.

Entre as principais empresas brasileiras do setor do aço estão a mineradora Vale, maior produtora e exportadora mundial de ferro, o grupo Gerdau, maior produtor de aço da América Latina, que tem fábricas em 14 países, a Usiminas e a Companhia Siderúrgica Nacional.

AS/abr/lusa/dw

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