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Brasil confirma primeiro caso de coronavírus em indígena

2 de abril de 2020

Jovem de 20 anos da etnia kokama recebe teste positivo para covid-19 no Amazonas. Ela e outros indígenas estavam sendo monitorados após contato com médico infectado. Duas aldeias inteiras no estado entram em isolamento.

Rio e árvores no Amazonas
O Amazonas soma 200 infecções, sendo 179 em Manaus e 21 no interior do estado, e três mortesFoto: DW/N. Pontes

O Brasil confirmou nesta quarta-feira (01/04) o primeiro caso de coronavírus entre indígenas. A paciente é uma jovem de 20 anos da etnia kokama, que trabalha como agente de saúde indígena e é moradora da aldeia São José, no município de Santo Antônio do Içá, no oeste do Amazonas.

Ela é uma das 27 pessoas que vinham sendo monitoradas após entrarem em contato com um médico que trabalha no município, que recebeu diagnóstico positivo depois de retornar de férias.

Ao todo, 12 indígenas e 15 auxiliares do médico foram submetidos a exames; até o momento, apenas o contágio da jovem de 20 anos foi confirmado. Eles estão em isolamento desde 25 de março.

A infecção foi confirmada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Em comunicado, o órgão vinculado ao Ministério da Saúde informou que a paciente não apresenta sintomas, e seus familiares já estão isolados e sendo atendidos por profissionais de saúde.

Da mesma forma, as pessoas que entraram em contato com a indígena também estão sendo monitoradas e testadas para detectar se estão infectadas.

A Sesai também afirmou que o Ministério da Saúde intensificou as ações de vigilância contra doenças gripais e respiratórias nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei), que atendem a mais de 800 mil indígenas em território brasileiro.

Após a confirmação do primeiro caso, duas aldeias inteiras foram colocadas em isolamento, a fim de prevenir a disseminação do vírus entre indígenas. A primeira aldeia a entrar em quarentena foi a Lago Grande. A segunda foi a de São José, onde moram a jovem de 20 anos e mais de outros mil indígenas.

Os povos indígenas da Amazônia são grupos especialmente vulneráveis ​​ao surgimento de novas doenças e, por esse motivo, organizações da sociedade civil têm solicitado ao governo brasileiro medidas especiais para proteger esse grupo da doença covid-19.

No passado, milhares deles morreram após a chegada dos colonizadores europeus, que, além de reduzirem a população indígena por meio de conflitos e trabalho forçado, também trouxeram novas doenças, como gripe, sarampo e tuberculose, para as quais os indígenas não tinham anticorpos.

Até o momento, o Brasil contabiliza 6.836 casos confirmados e 240 mortes por coronavírus em todo o território, segundo dados do Ministério da Saúde. O estado mais afetado é São Paulo, com 2.981 casos e 164 mortes, seguido do Rio de Janeiro, com 832 infecções e 28 mortes.

A região Norte é a que registra o menor número de pacientes infectados, concentrando 5% dos casos brasileiros. O Amazonas, até esta quarta-feira, soma 200 infecções, sendo 179 em Manaus e 21 no interior do estado, e três mortes, segundo dados das autoridades estaduais.

Na terça-feira, a Colômbia também confirmou seus dois primeiros casos de coronavírus entre povos indígenas, aumentando temores no país de que a doença dizime comunidades vulneráveis.

Os casos foram identificados em duas pessoas do grupo yukpa, que vive em condições de pobreza em um aglomerado de abrigos e barracas em Cúcuta, cidade fronteiriça do norte, de acordo com a Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic), a principal autoridade indígena do país.

EK/abr/afp/efe/lusa/ots

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