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Co-produções em cinema

Felipe Tadeu16 de novembro de 2007

Conspiração Filmes, uma das mais prestigiadas companhias cinematográficas brasileiras, abre em 2008 filial em Hamburgo.

'Podercrer!', de Arthur Fontes, uma das mais recentes produções da Conspiração FilmesFoto: Conspiração Filmes

Brasileiros e alemães nunca estiveram tão perto de embarcarem juntos numa duradoura fase de co-produções cinematográficas que tem tudo para conquistar grandes sucessos de bilheteria pelo mundo afora. Um passo importante neste sentido é a decisão da produtora carioca Conspiração Filmes de se instalar na Alemanha, com a abertura de um escritório próprio em janeiro de 2008.

A parceria entre os dois países no cinema já existe desde a década de 70, época em que o governo brasileiro geria a polêmica Embrafilme. Em 2006, o acordo de co-produção cinematográfica assinado entre Brasil e Alemanha foi revisto e ampliado em alguns de seus conceitos. Com as mudanças na lei, a produção não ficou mais restrita ao mercado de cinema, sendo estendida também para televisão, vídeo e mídias digitais.

Pólo audiovisual

A música brasileira também é prioridade nas produções da Conspiração FilmesFoto: Conspiração Filmes

A Alemanha foi escolhida como base da Conspiração Filmes na Europa por várias razões. Segundo Leonardo Monteiro de Barros, responsável pelo escritório em Hamburgo, "a Alemanha é, junto com a Espanha, o país de produção mais dinâmica em termos de cinema e televisão. Brasil e Alemanha acabaram de assinar um novo acordo, moderno, que cria uma série de oportunidades de negócios para produtores dos dois países", afirmou ele, que é um dos sócios da companhia que já levou às telas filmes como Eu, Tu, Eles, de Andrucha Waddington, Surf Adventures, de Arthur Fontes, e Dois Filhos de Francisco, dirigido por Breno Silveira, que arrebanhou a maior audiência do cinema brasileiro dos últimos 25 anos, superando a marca de 5 milhões de espectadores.

A expansão da produtora independente fundada há 16 anos por Cláudio Torres, Arthur Fontes, Andrucha Waddington, José Henrique Fonseca e Lula Buarque é ousada e parece bem definida: "Vamos procurar projetos em que a gente possa mandar recursos do Brasil para produções em português, alemão ou inglês, sendo que em alguns casos a idéia é fazer acordos tríplices também com a Espanha, onde temos duas produtoras muito próximas da Conspiração", adiantou ele. As possibilidades de co-produção seriam as mais diversas. "Poderemos, por exemplo, filmar na Alemanha e fazer a pós-produção no Brasil", exemplifica Barros.

Encontro em Munique

Leonardo Monteiro de Barros dirigirá a filial em HamburgoFoto: Conspiração Filmes

Em janeiro deste ano a entidade Brasil Plural organizou no Goethe Forum, em Munique, um importante encontro de co-produção entre brasileiros e alemães. Nele estiveram presentes Ralf Tambke, organizador do encontro, Mário Diamante, da Ancine, como representante do governo brasileiro, além de Ana Luisa Azevedo , da Casa de Cinema de Porto Alegre, João Vieira Jr., da REC Produções de Pernambuco, Sara Silveira, da Dezenove Som e Imagens de São Paulo, dentre outros brasileiros, que se reuniram com Klaus Schäfer, do FilmFernsehfonds da Baviera, Hans-Georg Knopp, secretário-geral do Instituto Goethe, Christoph Friedel, da Pandora Filmproduktion, Frank Scharf, da Magnatel TV, e outros representantes da indústria cinematográfica alemã. Na ocasião, Leonardo Monteiro de Barros proferiu palestra sobre "Financiamento e Crédito do Cinema – Desafios Brasileiros".

Desafio é o que não falta para quem produz cinema no Brasil. Ainda que o país tenha realizado ótimos filmes nos últimos anos, ainda há muito o que fazer. "O cinema brasileiro está muito sólido artisticamente. Temos uma variedade que nunca houve na história, isso em nível de temas e de talentos. Dezenas de novos diretores estrearam, mas o Brasil ainda tem uma etapa a cumprir, que é ter uma parcela maior de seu próprio mercado", disse Barros.

Enquanto os filmes franceses detêm 50% do mercado na França e os alemães têm 18% na Alemanha, a bilheteria de filmes nacionais no Brasil só atinge os 11%. "Nossa meta é chegar aos 20%, para começarmos a dar passos maiores." Para o representante da Conspiração, não faltam bons dotes para este crescimento: "Todo ano temos filmes brasileiros em diversos festivais internacionais e são títulos de alta qualidade".

Fernanda Montenegro foi destaque em 'Casa de Areia', exibido no Festival de BerlimFoto: Conspiração Filmes

A Conspiração Filmes vem obtendo ótimos resultados na Alemanha, conseguindo emplacar nos últimos anos três filmes na seleção oficial do Festival de Berlim: O Homem do Ano, de José Henrique Fonseca, Redentor, dirigido por Cláudio Torres (irmão da atriz Fernanda Torres, que foi a roteirista do filme) e Casa de Areia, de Andrucha Waddington.

Para Barros, que foi diretor mundial de marketing da gravadora Deutsche Grammophon, a língua portuguesa ainda é um entrave para que o cinema brasileiro deslanche de vez no mercado internacional. "Fernando Meirelles está filmando em inglês o Ensaio sobre a Cegueira, que é baseado em livro português [de José Saramago]".

A abertura do escritório em Hamburgo desperta esperanças para o cinema brasileiro. "Vamos encontrar espaço noutras línguas para os talentos brasileiros e também levantar recursos para os talentos alemães que tenham projetos viáveis internacionalmente", concluiu Leonardo Monteiro de Barros, em depoimento exclusivo à DW-WORLD.

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