1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Brasil e China assinam 37 acordos, sem adesão à Rota da Seda

20 de novembro de 2024

Lula e Xi Jinping celebraram novas parcerias em áreas como infraestrutura, energia e comunicações. Promessa é de "sinergia" com Cinturão e Rota, mas sem adesão formal.

O presidente chinês, Xi Jinping, e o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se cumprimentam
Xi Jinping e Lula em assinatura de acordos: países celebraram pactos em áreas como infraestrutura, energia e agriculturaFoto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente chinês, Xi Jinping, assinaram nesta quarta-feira (20/11), 37 acordos bilaterais entre os países, que promovem o que o texto chama de "sinergia" entre programas brasileiros e a chamada Nova Rota da Seda, mas sem aderir formalmente à iniciativa.

O presidente chinês foi recebido no Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência, onde se reuniu com Lula e outras autoridades para definir os termos dos acordos. Ele chegou ao Brasil no domingo, para participar da reunião do G20.

Considerada a peça central da política externa de Xi Jinping, a Cinturão e Rota, ou Nova Roda da Seda, apoia e constrói cerca de 21 mil projetos de infraestrutura em todo o mundo, em um investimento que já ultrapassa 1,3 trilhão de dólares (cerca de R$ 7,5 trilhões).

A China pressionava o Brasil a aderir a sua iniciativa global de investimento em infraestrutura, mas o Itamaraty acabou não chancelando plenamente o projeto.

Segundo especialistas ouvidos pela DW, a diplomacia brasileira considera que a relação com o país asiático já é bastante vantajosa e que a adesão traria ganhos mais simbólicos do que práticos. Isso porque um alinhamento ao modelo de investimento chinês poderia trazer um desgaste político com os Estados Unidos, já que China e EUA são, respectivamente, os dois maiores parceiros comerciais do Brasil.

Comitivas reunidas em Brasília: Itamaraty não aderiu plenamente à Nova Rota da Seda, mas abriu espaço para "sinergia de projetos"Foto: Ricardo Stuckert/PR

Documento promete "sinergia"

Entre os acordos, porém, Lula abriu caminho para parcerias que se conectam ao objetivo chinês de ampliar sua influência econômica por meio da infraestrutura. O texto assinado prevê a criação de um plano de cooperação para que políticas brasileiras como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Plano Nova Indústria Brasil estejam integradas em "sinergia" à Iniciativa Cinturão e Rota.

"O país [China] figura como uma das principais origens de investimentos no Brasil. Empresas chinesas vêm participando de licitações de projetos de infraestrutura e têm sido parceiras em empreendimentos como a construção de usinas hidrelétricas e ferrovias. Isso representa emprego, renda e sustentabilidade para o Brasil", disse Lula em coletiva de imprensa após a assinatura do acordo.

O texto também prevê a inserção de indústrias brasileiras na China, como a WEG, a Suzano e a Randon, e cria parcerias em áreas como comércio, investimentos, indústria, energia, mineração e agricultura, com a criação de protocolos para importação e exportação de mercadorias.

"O agronegócio continua a garantir a segurança alimentar chinesa. O Brasil é, desde 2017, o maior fornecedor de alimentos para a China", afirmou Lula. "Em 2023, o comércio bilateral atingiu recorde histórico de 157 bilhões de dólares. O superávit com a China é responsável por mais da metade do saldo comercial global brasileiro", completou.

Nova Rota da Seda investe em 21 mil projetos de infraestrutura em todo o mundo, como neste porto no Sri LankaFoto: Liu Hongru/Photoshot/picture alliance

Telebras celebra acordo com rival de Space X

O acordo ainda estipulou um "memorando de entendimento" entre a Telebras, empresa vinculada ao Ministério das Comunicações, e a gigante de tecnologia chinesa Shanghai SpaceSail Technologies para o provimento de serviços e soluções de telecomunicações no Brasil.

O acordo abre espaço para a SpaceSail estudar a demanda e entrar no mercado brasileiro de internet por satélite, hoje dominado por sua concorrente direta, a Starlink, do bilionário Elon Musk.  Em entrevista à rede de TV Bloomberg na terça-feira, o CEO da SpaceSail disse que pretende disponibilizar o serviço no Brasil até 2026.

O acordo pode frustrar o avanço da empresa de Musk no Brasil. O bilionário acumula embates com autoridades brasileiras, mas ganhou poder de pressão após ser nomeado chefe do Departamento de Eficiência Governamental de Donald Trump, cargo que assume a partir do ano que vem.

O acordo entre Brasil e China também avança em outros temas. Os dois governos assinaram, por exemplo, memorandos de entendimento para aplicação de tecnologia nuclear para geração de energia, desenvolvimento de inteligência artificial e cooperação nas áreas de turismo, esporte e cultura.

gq (dw, ots)

Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque